quarta-feira, 5 de março de 2014

Arrogância, Húbris e a Maldade dos EUA criaram a base para a guerra

3/3/2014, [*] Paul Craig RobertsInstitute for Political Economy
Traduzido por João Aroldo

Políticos marionetes
Em algumas partes, a consciência pública está se informando com Stephen Lendman, Michel Chossudovsky, Rick Rozoff, eu e alguns outros para perceber o grave perigo da crise que Washington criou na Ucrânia.

Os políticos marionetes que os EUA pretendem colocar no comando da Ucrânia perderam o controle dos neonazistas organizados e armados, que estão atacando judeus, russos, e intimidando os políticos ucranianos.

O governo da Crimeia, uma província russa que Khrushchev transferiu para a República Soviética da Ucrânia na década de 1950, não reconhece o governo ilegítimo que se apoderou ilegalmente do poder em Kiev, e pediu proteção à Rússia.

As forças militares ucranianas na Crimeia passaram para a Rússia. O governo russo anunciou que também irá proteger as antigas províncias russas na Ucrânia oriental.

Alexander Solzhenitsyn
Como Aleksandr Solzhenitsyn apontou, foi loucura o Partido Comunista da União Soviética  transferir províncias históricas da Rússia para a Ucrânia. Na época, parecia, para a liderança soviética, uma coisa boa a se fazer. A Ucrânia fazia parte da União Soviética e tinha sido governada pela Rússia desde o século 18. Adicionar território russo à Ucrânia serviu para diluir os elementos nazistas na Ucrânia ocidental, que tinham lutado por Hitler durante a IIª Guerra Mundial. Talvez outro fator na ampliação da Ucrânia foi o fato da herança ucraniana de Khrushchev.

De qualquer maneira, isso não importou até que a União Soviética e, em seguida, o próprio império russo, se desfez. Sob pressão dos EUA, a Ucrânia tornou-se um país independente mantendo as províncias russas, mas a Rússia manteve a sua base naval do Mar Negro na Crimeia.

Os EUA tentaram, mas não conseguiram, tomar Ucrânia, em 2004, com a “Revolução Laranja” financiada por Washington. Segundo a Secretária-Adjunta de Estado, Victoria Nuland, após esta falha, os EUA “investiram” 5 bilhões de dólares na Ucrânia, a fim de fomentar a agitação para a adesão da Ucrânia à UE. A adesão à UE abriria a Ucrânia para saques por banqueiros ocidentais e corporações, mas o objetivo principal de Washington é estabelecer bases de mísseis dos EUA na fronteira da Ucrânia com a Rússia e privar a Rússia de sua base naval do Mar Negro e das indústrias militares no leste da Ucrânia. A adesão da Ucrânia à UE significa adesão à OTAN.

Os EUA querem bases de mísseis na Ucrânia, a fim de degradar a dissuasão nuclear da Rússia, reduzindo assim a capacidade da Rússia de resistir à hegemonia dos EUA. Apenas três países estão no caminho da hegemonia de Washington sobre o mundo, a Rússia, a China e o Irã.

O Irã está totalmente cercado por bases militares dos EUA-OTAN (vide estrelas no mapa)
O Irã está cercado por bases militares dos Estados Unidos e há frotas dos EUA em sua costa. O “Pivot para a Ásia” anunciado pelo regime belicista Obama, está cercando a China com bases aéreas e navais. Washington está cercando a Rússia com mísseis dos EUA e bases da OTAN.

Os corruptos governos poloneses e tchecos foram pagos para aceitar bases de mísseis e radares norte-americanos, o que torna os estados fantoches poloneses e tchecos alvos principais para aniquilação nuclear.

Os EUA compraram a antiga província russa e soviética da Geórgia, terra natal de Joseph Stálin, e está em processo de colocar este fantoche na OTAN.

Fantoches de Washington da Europa Ocidental são demasiado gananciosos pelo dinheiro de Washington para tomar conhecimento do fato de que esses movimentos altamente provocativos são uma ameaça estratégica direta à Rússia. A atitude dos governos europeus parece ser, “depois de mim, o dilúvio” (Après moi, le déluge – fala de Luis XV).

A Rússia tem sido lenta a reagir aos muitos anos de provocações de Washington, esperando por algum sinal de bom senso e boa vontade surgir no Ocidente. Em vez disso, a Rússia tem experimentado crescente demonização dos EUA e países europeus com denúncias viciosas por presstitutes do Ocidente espumando pela boca.


A maior parte das populações americanas e europeias estão sofrendo lavagem cerebral para ver o problema que a intromissão de Washington tem causado na Ucrânia como se fosse culpa da Rússia. Ontem, ouvi na National Public Radio um presstitute da New Republic descrevendo Putin como o problema.

A ignorância, a falta de integridade e a falta de independência da mídia dos EUA aumentam muito as chances de guerra. A imagem sendo desenhada para americanos despreocupados é totalmente falsa. Um povo informado teria desatado a rir quando o Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, denunciou a Rússia por “invadir a Ucrânia” em “violação do direito internacional”.

Kerry é o ministro das Relações Exteriores de um país que invadiu ilegalmente o Iraque, o Afeganistão, a Somália, organizou a queda do governo na Líbia, tentou derrubar o governo na Síria, ataca as populações civis do Paquistão e Iêmen com drones e mísseis, constantemente ameaça o Irã com ataque, desencadeou o exército georgiano treinado pelos EUA e Israel sobre a população russa da Ossétia do Sul, e agora ameaça a Rússia com sanções por defenderem os russos e os interesses estratégicos da Rússia. O governo russo observou que Kerry levou a hipocrisia para um novo nível.

Kerry não tem resposta para a pergunta:

Desde quando o governo dos Estados Unidos realmente apoia e defende o conceito de soberania e integridade territorial?

Kerry, como é sempre o caso, está a mentir descaradamente. A Rússia não invadiu a Ucrânia. A Rússia enviou mais algumas tropas para se juntar àquelas em sua base do Mar Negro tendo em vista as declarações e ações anti-russas violentas que emanam de Kiev. Enquanto os militares ucranianos na Crimeia desertam para a Rússia, as tropas russas adicionais mal foram necessárias.

O estúpido Kerry, chafurdando na sua arrogância, húbris e maldade, fez ameaças diretas à Rússia. O ministro das Relações Exteriores russo rejeitou as ameaças de Kerry como “inaceitáveis”. O palco está montado para a guerra.

John Kerry
Observe o absurdo da situação. Kiev foi tomado por ultranacionalistas neonazis. Um bando de bandidos ultranacionalistas é a última coisa que a União Europeia quer ou precisa de um Estado-membro. A UE está centralizando o poder e quer suprimir a soberania dos Estados-membros. Observe o alinhamento do regime neoconservador Obama com antissemitas neonazis.

A gangue neoconservadora que dominou o governo dos EUA desde o regime Clinton é fortemente judaica, muitos dos quais são cidadãos de dupla nacionalidade israelense/estadunidense.

Os neoconservadores judeus, a secretária-assistente de Estado, Victoria Nuland e a Conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice, perderam o controle de seu golpe para os neonazistas que pregam “morte aos judeus”.

Moshe Reuven Azman
O jornal israelense Haaretz informou em 24 de fevereiro que o rabi ucraniano, Moshe Reuven Azman aconselhou “os judeus de Kiev a deixar a cidade e até mesmo o país”. Edward Dolinsky, chefe de uma grande organização de judeus ucranianos, descreveu a situação para os judeus ucranianos como “terrível” e pediu a ajuda de Israel.

Esta é a situação que Washington criou e defende, enquanto acusa a Rússia de sufocar a democracia ucraniana. Uma democracia legítima é o que a Ucrânia tinha antes que Washington a derrubasse.

Neste momento não há nenhum governo legítimo ucraniano.

Todo mundo precisa entender que os EUA estão mentindo sobre a Ucrânia, assim como mentiram sobre Saddam Hussein e as armas de destruição em massa no Iraque, assim como mentem sobre as armas nucleares iranianas, assim como os EUA mentem sobre presidente sírio Assad usar armas químicas, assim como os EUA mentiram sobre Afeganistão, Líbia, espionagem NSA, tortura.

Sobre o que os EUA não mentiram?

Washington é composta por três elementos: a arrogância, húbris e a maldade. Não há mais nada lá.
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Nota do tradutor
[1] A húbris ou hybris (em grego ϐρις, “hýbris”) é um conceito grego que pode ser traduzido como “tudo que passa da medida”; “descomedimento” e que atualmente alude a uma confiança excessiva, um orgulho exagerado, presunção ou insolência (originalmente contra os deuses), que com frequência termina sendo punida.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.

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