quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Problema de Moscou: lidar só com IMBECIS e VASSALOS


10/2/2015, [*] Finian CUNNINGHAMStrategic Culture
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Entreouvido na casa da Neneca, vizinha nossa aqui na sede da redecastorphoto: Dilma Rousseff do Brasil tem o mesmíssimo problema de Putin (Moscou). “Lidar só com IMBECIS e VASSALOS” a serviço do império, tanto da oposição (o que era de se esperar) como da imprensa−empresa do Brasil (o que também era de se esperar) como no PT e da base aliada — o que, embora não seja inesperado, chega às raias do RIDÍCULO... O que o Janot foi fazer nos EUA? E o Joaquim Barbosa, que também foi aos EUA durante o julgamento do chamado “mensalão”? Foram lá receber ORDENS de seus PATRÕES? Cadê as investigações do ASSASSINATO do Eduardo Campos? A CIA “embargou”?


Hollande, Putin e Merkel em Moscou 
A Rússia está num dilema. Como conseguir construir acordo de paz para o conflito na Ucrânia – e evitar guerra muito maior e mais terrível – se é obrigada a comunicar-se exclusivamente com IMBECIS e VASSALOS? Refiro-me aqui, claro, aos líderes norte-americanos e europeus respectivamente.

O problema de tentar conversar com IMBECIS é que eles simplesmente não compreendem coisa alguma do lado de fora da própria obtusa realidade em que vivem. Padecem de dissonância cognitiva e orgulham-se da própria ignorância. De fato, quanto mais disfuncionais no plano cognitivo, mais os IMBECIS são celebrados por serem fortes. Não há meio que permita ilustrar IMBECIS; o modo estúpido e tedioso de eles olharem o mundo é impenetrável para qualquer perspectiva diferente, ainda que mais correta. Na verdade, os IMBECIS têm aversão visceral a coisas mais corretas que eles; é ver coisa mais correta, e eles fincam pé ainda mais fundo na própria imbecilidade.

O problema de lidar com VASSALOS é que eles não têm poder para mudar de rumo – ainda que lhes reste alguma capacidade residual de pensar com independência e reconhecer que alguma outra perspectiva, diferente da deles, seja mais correta ou, pelo menos, que é razoável e merece consideração.

Eis o dilema que a Rússia enfrenta, nos contatos com Washington e aliados-VASSALOS europeus de Washington, sobre o conflito na Ucrânia.

O Ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, falando em Munique no fim de semana passado, lamentou a nenhuma independência para decidir dos europeus, e chamou atenção para o sistemático vandalismo de Washington contra a ordem internacional legal. Lavrov foi criticado por se atrever a dizer a verdade e, ainda mais, por ser capaz de usar a lógica e muito conhecimento histórico, para apoiar seus argumentos.

Sergey Lavrov, MRE da Rússia
Onde Lavrov propõe diálogo racional, o imbecilismo dos líderes norte-americanos só repete frases feitas e acusações sem fundamento. São “educados” pela sua própria propaganda de autopromoção, e creem em cada sandice que a propaganda lhes ensina. E orgulham-se de si mesmos! God bless America – como nunca se cansa de repetir Barack Obama, conhecido clérigo fundamentalista e pregador da religião de Wall Street.

É absolutamente evidente que o Presidente dos EUA, apresentado sempre como um dos mais ilustrados e cultos políticos da história dos EUA, conhece os fatos no mundo real e sabe que, diferente da narrativa deformada que circula produzida para as massas, o conflito na Ucrânia não é “tudo culpa da Rússia”, como repetem incansavelmente todos os veículos da imprensa-empresa Murdoch-capitalista.

Pois o mesmo Obama, falando com a chanceler alemã ao seu lado, na Casa Branca, essa semana, disse que considera enviar armas letais para  o governo de Kiev, “para ajudar a Ucrânia a reforçar suas defesas contra a agressão separatista”. Obama acusou a Rússia de incendiar sempre mais o conflito e de tentar violar a integridade territorial da Ucrânia “em ataque à mão armada”.

Aqui, agora, de volta ao mundo real. Russos étnicos estão sendo assassinados dentro de casa, em porões, em escolas, pelas ruas, pelo regime de Kiev que o ocidente apoia. O governo de Kiev que o ocidente apoia lançou guerra não provocada contra o leste da Ucrânia há já dez meses, que já resultou em mais de 5.500 mortos e mais de um milhão de deslocados. E Obama ainda fala de “agressão separatista”?! E quer mais armas letais para os agressores?!

E de Obama para baixo, na grade política, a coisa só piora. O Vice-Presidente Joe Biden disse na conferência de segurança de Munique, semana passada, que “os ucranianos têm o direito de se defenderem”, e assim sendo os EUA devem enviar apoio militar para expulsar “a agressão russa”.

Ora, Sr. Biden... O que o senhor teria a dizer sobre o direito de os russos ucranianos étnicos também se defenderem? Por que o senhor lhes nega o direito de defesa? Por acaso não são ucranianos? Ou, quem sabe, o fato de serem etnicamente russos os torna inferiores aos olhos dos EUA?!

Outro, a mais alta autoridade diplomática dos EUA, John Kerry, supostamente homem civilizado, cosmopolita, poliglota, lá está, a repetir também as mesmas imbecilidades, sem qualquer fundamento, só frases de propaganda, sempre acusando a Rússia. Para Kerry, a Rússia seria “a mais grave ameaça que pesa contra a Ucrânia”. Kerry também só fala de enviar armas letais à Ucrânia, para dar uma lição aos russos.

A lista dos repetidores dos mantras de propaganda anti-Rússia é longa: Ashton Carter, próximo Secretário da Defesa. Michel Flournoy, provável Secretário de Defesa, caso Hillary Clinton chegue à presidência em 2016. Bobby Jindal, aspirante à candidatura à presidência pelo Partido Republicano. Bob Corker, coordenador de política exterior do Partido Republicano. Comandante do Estado-Maior das Forças Conjuntas dos EUA, general Martin Dempsey. Vários “especialistas” em política exterior dos EUA no Brookings Institute e no Atlantic Council. Todos os editorialistas dos grandes veículos da imprensa-empresa nos EUA, inclusive do New York Times e Washington Post.


TODOS esses só fazem repetir, sem se envergonhar e sem baixar os olhos, que o conflito da Ucrânia ‘'É'’ resultado de agressão russa; e que entregar armamento letal em mãos dos fascistas do governo em Kiev “É” magnífica ideia para promover a paz. Todos esses vivem a regurgitar um arremedo de história, segundo a qual o Presidente Vladimir Putin da Rússia “É” “ditador à moda dos ditadores de meados do século XX”, da mesma linha “expansionista” que Adolf Hitler ou Benito Mussolini.

NENHUMA DESSAS AUTORIDADES NORTE-AMERICANAS mostra qualquer remoto sinal de que compreende que o fascismo de meados do século XX foi estimulado, fomentado, por uma política clandestina das potências capitalistas ocidentais para atacar a União Soviética. E resultou, então, em 30 milhões de russos mortos. Essa política prossegue hoje, sob a modalidade de apoio, pelos EUA, ao regime neonazista de Kiev, como agente de desestabilização, a ser apontado como arma contra a Rússia.

O mais assustador, sobre os IMBECIS norte-americanos, é que não dão qualquer sinal de incômodo por serem manipulados, vítimas, há décadas, de lavagem cerebral. São clones orwellianos que creem que guerra é paz, escravidão é liberdade, verdade é qualquer mentira que lhes contem como se fosse verdade.

Os políticos e autoridades norte-americanas presentes à Conferência de Segurança de Munique fizeram pouco caso dos esforços de Merkel e Hollande para iniciar um diálogo político com Putin sobre a crise da Ucrânia. Para os norte-americanos presentes em Munique, a coisa não passaria de bullshit. (Aquela merda da Merkel em Moscou, nas palavras da sempre “brilhante” Victoria “Foda-se a EU” Nulands, principal diplomata de Obama na Europa [NTs]).

Putin−Merkel−Hollande propõem dar continuidade às conversações de Moscou no final de semana passada, com novo encontro em Minsk, capital da Bielorrússia, ainda essa semana. Absolutamente nada garante que Putin, Merkel e Hollande consigam que o regime de Kiev aceite sentar para conversar com a resistência armada anti-Kiev do leste da Ucrânia. Os norte-americanos, IMBECIS, tresloucados, buffoons, ensandecidos, estão fazendo de tudo para boicotar esse diálogo, antes mesmo de que tenha qualquer chance de avançar.

Diferente do que se vê entre os norte-americanos mais enlouquecidos, há novo consenso entre os europeus, de que pôr ainda mais armas na Ucrânia não é solução, que, de fato, é movimento a ser evitado, e que a resistência armada anti-Kiev tem direito de reivindicar autonomia política e merece ser ouvida com respeito.

Os europeus, pelo menos publicamente, podem continuar a adotar a narrativa jornalística, repetida incansavelmente pela imprensa-empresa liberal em todo o ocidente, segundo a qual a Rússia estaria clandestinamente desestabilizando a Ucrânia com soldados e ajuda militar à resistência anti-Kiev. Moscou já negou categoricamente essas acusações. Mas os europeus têm suficiente requinte intelectual para, pelo menos, perceber que viver a apontar dedos histéricos contra Putin é contraproducente, e que evidentemente há mais de um lado a considerar nessa história – como em todas as histórias.

A Europa e os europeus...
Diga-se a favor dela, que Angela Merkel mantém-se firme na oposição à ideia dos EUA de aumentar o envolvimento militar do ‘'ocidente'’ na Ucrânia. Em Washington, essa semana, Merkel descartou categoricamente qualquer possibilidade de vir a apoiar o envio de mais armas para a Ucrânia. A oposição de Merkel às propostas dos EUA foi ridicularizada por senadores Republicanos (“Merkel afinou na frente de Putin” [orig. “appeasement” of Putin]) e analogias asininas com Chamberlain e Hitler na Conferência de Munique de 1938.

Já basta, para se ver que é impossível lidar com os IMBECIS norte-americanos. É gente que habita outro planeta mental, só deles. É mundo formado de propaganda a-histórica incansavelmente repetida e da atitude mais atrasista que se pode conceber, que torna impossível, ou praticamente impossível, qualquer diálogo, qualquer contra-argumentação, qualquer tentativa para elucidação socrática. A arrogância e o “autismo”, a autorreferência pervertida dessa gente é uma arte – e são obstáculos eficazes contra qualquer genuína comunicação e entendimento. [“Vocês piraram, seus viadinhos comunistas putinescos?” – como nos perguntam pelo Twitter “intelectuais” do PSDB-DEM (NTs)].

E como seria possível conversar com gente assim? Não é possível. Ninguém consegue.

Mas há ainda o problema adicional de que os europeus não são livres para realmente agir conforme suas incipientes ideias de independência. É claro que Merkel e Hollande, e vários outros líderes europeus sabem que os planos dos EUA de inundar a Ucrânia com armamentos ainda mais letais é ideia macabra, que pode bem rapidamente levar à IIIª Guerra Mundial. É claro que muitos europeus entendem e percebem que as sanções comandadas pelos EUA contra a Rússia não são apenas contraproducentes: que de fato são irracionais, que são política hostil que agride trabalhadores, o agronegócio e a economia da Europa, no mínimo tanto quanto agride a economia da Rússia.

O fato realmente problemático é que os estados europeus são VASSALOS dos EUA. Que não são estados livres para agir conforme outra orientação que não seja a ditada por Washington, por estúpida, violenta, perversa, mortal que seja a política de Washington. A Alemanha é considerada a usina da Europa e a 4ª maior economia do mundo. Pois mesmo assim, como o analista político alemão Christof Lehmann nos lembra, a Alemanha jamais teve genuína independência política – desde o final da IIª Guerra Mundial. Não tem Constituição que modele um estado moderno e continua ocupada por forças militares dos aliados “vitoriosos” dos EUA e britânicos:

A Alemanha na verdade não passa de colônia, de facto, dos EUA. A qualquer momento, sob as leis do pós-guerra, tropas dos EUA podem derrubar o governo (“mudar o regime”) da Alemanha – o que define tecnicamente e legalmente um estado ocupado, um estado vassalo, diz Lehmann.

Angela Merkel, ESPIONADA por seu "aliado" 
A espionagem feita pela Agência de Segurança Nacional dos EUA contra a chanceler Merkel e revelada ao mundo em 2013 por Edward Snowden, é caso perfeitamente claro. Mais eloquente ainda, é que Merkel não respondeu a essa gravíssima agressão à “soberania” alemã com a força política que os norte-americanos agressores mereciam. Ela caninamente teve de aceitar a intrusão, que é legal, sob as condições da hegemonia pós-guerra dos EUA sobre a Alemanha.

Lehmann chama também a atenção para como outros movimentos passados da Alemanha, para criar uma política externa independente, e um movimento em especial, que envolve reaproximação com a Rússia, foram atacados e vetados serialmente pelos EUA e seus aliados britânicos.

Durante os governos dos chanceleres Willy Brandt e Gerhard Schroeder, todos os esforços feitos para adotar relação mais amistosa com a Rússia foram sempre sabotados, passo a passo, por Washington e Londres, diz Lehmann.

Eis por quê Merkel merece muito respeito e crédito por ter mantido posição firme contra o militarismo norte-americano na Ucrânia. Sua dissidência é altamente significativa de que, sim, há uma fissura considerável nas relações EUA−União Europeia. A chanceler Merkel está muito claramente atropelando uma “linha vermelha” fixada por Washington, a saber: que estados europeus, especialmente a Alemanha, não podem, não devem, não se admite, que questionem a hegemonia dos EUA e sua política, já antiga, de hostilidade contra a Rússia.

Merkel e Hollande podem, afinal, estar captando a mensagem que lhes enviam milhões de cidadãos da União Europeia, que se opõe firme e fundamente contra as provocações belicistas dos EUA contra a Rússia, à custa dos cidadãos europeus.

Sinto muito, Barack, mas Vladimir tem músculos maiores e não apenas orelhas grandes e protuberantes
Infelizmente, dada a tradição de VASSALAGEM dos europeus e a IMBECILIDADE impenetrável dos norte-americanos, continua remota a chance de que se encontre alguma abertura para que se construam relações de paz. As lideranças europeias continuam encabrestadas, montadas sob a rédea de Washington.

Mas, afinal, parece que as massas europeias desgostosas, iradas, indignadas, começam a forçar na direção do rompimento desses laços IMBECIS.


[*] Finian Cunningham nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, em 1963. Especialista em política internacional. Autor de artigos para várias publicações e comentarista de mídia. Recentemente foi expulso do Bahrain (em 6/2011) por seu jornalismo crítico no qual destacou as violações dos direitos humanos por parte do regime barahini apoiado pelo Ocidente. É pós-graduado com mestrado em Química Agrícola e trabalhou como editor científico da Royal Society of Chemistry, Cambridge, Inglaterra, antes de seguir carreira no jornalismo. Também é músico e compositor. Por muitos anos, trabalhou como editor e articulista nos meios de comunicação tradicionais, incluindo os jornais Irish Times e The Independent. Atualmente está baseado na África Oriental, onde escreve um livro sobre o Bahrain e a Primavera Árabe.

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