quarta-feira, 30 de julho de 2014

“Cessar−fogo” pode ser armadilha contra palestinos

30/7/2014, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Jaroslaw Wojtasinski - Polônia
Hoje:

Em reunião do gabinete de segurança, Israel decidiu fazer um cessar-fogo humanitário entre 15h e 19h [hora local].

“A janela humanitária não se aplica a áreas nas quais os soldados do exército de Israel estão atualmente operando” – diz o documento do exército. – “Residentes não devem retornar a áreas das quais já tenham sido evacuados”.

Para o Hamás, a coisa foi golpe publicitário e “cessar-fogo” do tipo “Não atiraremos, exceto quando atirarmos”.

 Amorim - Brasil
Tenho a impressão que pode ser pior que isso. A coisa provavelmente foi pensada como armadilha:

Cidade de GAZA, Palestina. 17 pessoas foram mortas e mais de 200 foram feridas em ataque aéreo de Israel contra um mercado próximo da cidade de Gaza na 4ª-feira (30/7/2014), disseram socorristas.

O porta-voz dos serviços de emergência Ashraf al-Qudra disse que Israel atacou um mercado lotado na região de Shejaiya, entre a cidade de Gaza e a fronteira com Israel.

O ataque foi feito logo depois que o exército de Israel anunciou que observaria um cessar-fogo humanitário que estaria vigente por quatro horas, a partir das 12h GMT.

As pessoas então saíram para fazer suas compras, num momento em que acreditaram que estariam mais seguras. O resultado foi uma carnificina horrenda. Israel mantém todos os tipos de plataformas de vigilância, tripuladas e não tripuladas, voando sobre Gaza. Com certeza os matadores sabiam que o mercado estaria lotado.

Mas, como sempre, o porta-voz israelense finge ignorância e culpa a resistência pelo morticínio. São acusações que raramente se confirmam, se examinadas com cuidado.

Não é a primeira vez que Israel opera com armadilhas para apanhar maior número de palestinos. Também se trata de atrair para uma armadilha, se Israel diz aos palestinos que abandonem suas casas e dirijam-se a abrigo em determinado local e, na sequência, Israel bombardeia o abrigo e mata mais de 20 dos que se abrigavam ali.

Castigo Coletivo
Marca Registrada de Israel (Latuff - Brasil)
Esse tipo de armadilha cabe perfeitamente no conceito do crime de Castigo Coletivo:

O que Israel está fazendo em Gaza é castigo coletivo: Israel está punindo o povo de Gaza por se recusar a ser um gueto dócil. É castigo pela audácia dos palestinos que fizeram um governo de unidade nacional, e pelo atrevimento do Hamás e de outros grupos, que reagem com resistência, armada ou de outro tipo, contra o sítio imposto por Israel e contra as provocações israelenses, mesmo depois de Israel já várias vezes ter reagido com a mais estúpida violência, contra protestos pacíficos.

Não tenho notícia de qualquer conflito na história no qual o castigo coletivo tenha conseguido pôr fim à guerra. O castigo coletivo parece sempre fazer aumentar o apoio aos resistentes. E fica-se sem entender por que Israel tanto insiste em suas armadilhas.



[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça  Hauspostille  (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ouvir versão em performance de Tim van Broekhuizen.

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