sábado, 17 de maio de 2014

Ucrânia: Total desmoralização dos EUA!

Fotógrafo francês confirma presença de mercenários norte-americanos na Ucrânia

15/5/2014, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Mercenários "MADE IN USA" são vistos na cidade de Krasnoarmeisk no Donbass

O jornal do exército dos EUA, Stars & Stripes, lamenta os rumores sobre mercenários norte-americanos na Ucrânia, que já circulam abertamente na imprensa-empresa alemã:

O gabinete da Chanceler e o serviço de inteligência alemã recusaram-se a desmentir ou confirmar, desenvolvimento que infla ainda mais as suspeitas, num país onde as tensões alcançam níveis altíssimos, no momento em que se discutem as reações alemãs às ações da Rússia na Ucrânia.  

A matéria trata do segundo vazamento, pelo governo alemão, para o tablóide Bild – e que já identificamos aqui como tentativa para criar distância entre a Alemanha e as políticas dos EUA na Ucrânia:

Em apenas uma semana, sete dias, houve dois “vazamentos” muito importantes para o Bild – jornal transatlântico, de muito prestígio, apoiador da chanceler Merkel; nos dois casos, inculpando os EUA pelas dificuldades que o povo da Ucrânia está enfrentando. São “vazamentos” que devem ter saído da chancelaria e, sejam verdadeiros ou falsos, confirmam, sim, que há antagonismo dentro do governo alemão, nos ramos político e de segurança centrais, contra os planos dos EUA.  

Andrey Denisenko, um dos assassinos de Krasnoarmeisk com mercenários "MADE IN USA"
Na foto menor Denisenko em Kiev  - 22/3/2014

Os vazamentos podem trazer mais verdade do que estou supondo. A revista francesa Paris Match, popular e prestigiosa, investigou os recentes incidentes em Krasnoarmeysk, no leste da Ucrânia, onde uma gangue de paramilitares interrompeu a votação do referendo sobre mais autonomia para a região, e assassinaram dois apoiadores da federalização da Ucrânia. A revista reuniu e publicou provas fotográficas de que aquela gangue era comandada por agentes paramilitares do partido fascista Setor Direita (Pravy Sektor):

As imagens mostram Andrey Denisenko, um dos comandantes do Setor Direita, num grupo de pistoleiros mascarados que atacaram um posto de votação no domingo na pequena cidade de Krasnoarmeysk, a cerca de 60 km da ‘capital’ dita “separatista”, Donetsk. Depois de ocuparem a prefeitura local por várias horas, os pistoleiros mascarados atiraram a queima-roupa contra um civil e, na sequência, mataram dois outros manifestantes desarmados.

Esses bandidos do Setor Direita foram contratados (vídeo no final do parágrafo) para o “batalhão especial Denjpr” da recém criada ‘guarda nacional’ e são pagos pelo oligarca Ikhor Kolomoysyi.


Mas há notícia – e furo – melhor, maior e mais importante nessa matéria.

Jerome Sessini, experiente fotógrafo de guerra da Agência Magnum, que trabalhou no Iraque, no Afeganistão e em outros pontos conflagrados, estava em Krasnoarmeysk e registrou algumas observações muito interessantes:

Jerome Sessini
Várias testemunhas disseram que ouviram os pistoleiros falando com forte sotaque do oeste da Ucrânia. Observaram também que alguns dos pistoleiros pareciam originais da área do Cáucaso, provavelmente mercenários da Chechenia. Outros pistoleiros jamais diziam palavra e pareciam estrangeiros, conhecendo pouco a região. O fotógrafo francês Jerome Sessini passou cerca de uma hora cara a cara com os pistoleiros, antes de que eles abrissem fogo. “Pelo que vi, a atitude geral deles pareceu-me de gente super treinada, e a precisão dos movimentos deles davam a impressão de que se tratava de mercenários norte-americanos, ou gente treinada por mercenários norte-americanos” [com os quais se cruza com frequência nos fronts de guerra em todo o mundo (NTs)] – disse Sessini.

Não posso garantir 100%, mas acho que há 95% de certeza” – disse o fotógrafo, que várias vezes já interagiu com agentes de empresas privadas de ‘segurança & combate’ contratados pelos militares norte-americanos ao longo dos anos em que cobriu as guerras do Afeganistão e do Iraque.

Há muitos anos, quando eu participava de competições de artes marciais, eu sabia dizer, só de ver a atitude de um ou outro competidor, de qual dojo saíra o meu oponente, onde fora treinado; na maioria das vezes, bastava observar os rituais de aquecimento antes da luta. Quem está envolvido há muito tempo na atividade de observar, identificar e documentar homens em guerra sabe também classificar qualquer tipo de “forças especiais” e suas respectivas “escolas de formação e treinamento”, só de observar a atitude que tenham numa ou noutra circunstância especial.

Andrey Denisenko, de óculos escuros, um dos comandantes do Pravy Sektor (Setor Direita) acompanhado dos mercenários "MADE IN USA" 
Com o interesse dos EUA, sobretudo nos campos de gás na Ucrânia, já cada dia mais desavergonhadamente aparente, não é absolutamente inconcebível que empresários estejam contratando mercenários norte-americanos (ou são contratados por um ou outro oligarca interessado, ou por “agência-de-três-letras” [CIA, FBI, são taaaaantas!] para converter as gangues de bandidos fascistas em milícias aproveitáveis para assassinar a oposição civil.

Agora, as observações de Sessini acrescentam probabilidade e verossimilitude aos vazamentos feitos pelo governo alemão ao jornal Bild : a contratação de mercenários norte-americanos para fazer o serviço imundíssimo coisa deixa de ser “inconcebível” e entra na categoria do “provavelmente aconteceu exatamente desse modo”.

ATUALIZAÇÃO: Algumas das fotos de Jerome Sessini, feitas em Krasnoarmeysk, inclusive as imagens que mostram os assassinatos, já estão sendo distribuídas também na revista Times.





[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça  Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). No Brasil, produzimos versão SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em “Cida Moreira canta Brecht”, que incorporamos às nossas traduções desse blogMoon of Alabama, à guisa de homenagem. Pode ser ouvida a seguir:


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.