sexta-feira, 11 de abril de 2014

Putin à União Europeia: “Negociem! Se nããããão...”

10/4/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker

What is Putin really saying to the EU - negotiate or else...

Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

The Saker
Hoje cedo postei a carta que Putin enviou aos chefes de Estado de 18 países que compram gás da Rússia. Não tive tempo para comentar naquele momento, então comento agora.

Em minha opinião, a Rússia está respondendo ao ataque iminente pelos neonazistas no leste da Ucrânia e à decisão, tomada pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa [orig. Parliamentary Assembly of the Council of Europe (PACE)], de bater “na cara” da Rússia. O que Putin está fazendo é introduzir a primeira, das várias armas que a Rússia tem para usar: energia e dinheiro.

O que Putin está dizendo basicamente ao ocidente é: “ou vocês sentam, engolem essa sua estúpida resolução PACE e vêm negociar conosco, ou estarão mergulhados em dor, muita dor, em breve”. Sob o pretexto de negociar gás, Putin está forçando a Europa a negociar o futuro da economia ucraniana; e essa negociação, por sua vez, significa negociar o futuro político da Europa. 

Reduzida ao núcleo mais duro, a carta de Putin disse à União Europeia: aceitem a Federalização da Ucrânia ou deem adeus a 30% da energia que recebem. Como corolário, pode-se ler também: pôr-se como capacho dos EUA é livre, mas custa caro.

A União Europeia terá de ser *MUITO* cuidadosa, agora que a Rússia já está bem visivelmente posicionada para responder a crise gravíssima: Putin já comunicou ao seu governo que é muito provável que desapareçam todos os suprimentos que a Ucrânia fornece à Rússia. Há dois níveis nessa mensagem: um, menos importante, no qual o presidente informa ao Ministério russo que o país tem de preparar-se para produzir localmente o que, até hoje, foi possível comprar da Ucrânia, por preço barato. Todos perceberam esse nível da mensagem, mas não é o mais importante. 

Vladimir Putin 
O que realmente importa é que Putin, basicamente, disse aos ucranianos: “todos devem esperar rompimento total de todos os contratos e acordos entre o que resta da indústria ucraniana e nós, a Rússia”. Pode ser uma espécie de sentença de morte para o único setor da economia da Ucrânia que ainda dá lucros.

Putin passa agora a observar o que acontecerá nos próximos dias (ataque ou não); observará o que vem do ocidente (negociações ou não). Mas, a menos que os tarados em Kiev e os palhaços no ocidente resolvam levá-lo a sério e venham para a mesa de negociações, Putin, sim, vai pôr abaixo o que restou da economia ucraniana.

O movimento desencadeará pânico imediato das agências de risco e dos mercados, ante o calote ucraniano.

Nesse ponto, espero reação muito forte dos economistas e bancos ocidentais, os quais – não tenho qualquer dúvida – entenderam claramente a mensagem de Putin. E eles, muito provavelmente, aplicarão pressão gigantesca sobre os políticos na União Europeia e até nos EUA. Os EUA talvez se sintam protegidos, “porque” a crise seria “só” europeia. Mas, se se considera o quanto os EUA estão pesadamente investidos na Europa, qualquer um vê que a crise não é nem jamais será “só” europeia.

Há risco real de efeito dominó para o resto da União Europeia, se algum dos membros mais frágeis – Portugal, Irlanda [Itália], Grécia, Espanha [os chamados países (ing.) PIGS] quebrar.


A França está essencialmente falida; o risco de a Rússia alterar o regime de fornecimento/pagamento pelo gás é, sim, risco realmente grave para todas as economias ocidentais.

Que ninguém se engane: disparar uma crise econômica na Europa absolutamente não serve a nenhum dos principais objetivos dos russos. De fato, o resultado será gravemente prejudicial para a Rússia. Mas, se o preço é esse, não cabe nenhuma dúvida de que os russos, se não forem ouvidos, sim, farão exatamente o que estão dizendo que farão.

Atualmente, a posição “ocidental” para a Ucrânia é simples: nada de negociações; e total apoio aos nazistas no poder. A Rússia não pode aceitar essa posição, a menos que decida pelo suicídio como nação.

O ocidente, ao adotar esse encaminhamento estúpido – falando francamente, esse encaminhamento tresloucado –, empurrou o “urso russo” do provérbio para um beco. Agora, queira ou não, o urso está obrigado a lutar com dentes e garras, e a abrir caminho para a própria salvação. Não há nem jamais houve “estratégia” mais burra, para enfrentar bicho grande. Sobretudo se for um grande urso forte, solto e livre;


2 comentários:

  1. Aprendi 3 coisas sobre geopolítica:
    1. Não confie num americano.
    2. Não subestime um chinês.
    3. Não irrite um russo.

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