domingo, 9 de março de 2014

Sayed Hassan Nasrallah: O “jihadismo takfiri” ameaça Oriente e Ocidente

4/3/2014, na [*] Hassan Nasrallah - Discurso proferido em 16/2/2014 na Comemoração Anual dos Dirigentes Mártires do Hezbollah
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Sayed Hassan Nasrallah analisa o perigo que o terrorismo takfiri representa para todas as confissões e países da região e do mundo.

Evocando brevemente o exemplo das experiências soviéticas no Afeganistão ou da guerra civil na Argélia, detém-se sobre a situação dos países ocidentais, como França ou os EUA, ou países árabes, como a Tunísia: de fato, vários deles, num primeiro momento apoiaram declaradamente a insurreição na Síria e manipularam grupos terroristas, mas agora se dão conta do perigo que são todos esses jihadistas para o Oriente Médio e também para seus próprios países, buscando uma porta de saída para essa crise que eles mesmos criaram.

Quanto ao Líbano, o lugar do país no Eixo da Resistência faz dele alvo privilegiado para esses grupos terroristas. E o Hezbollah, ao intervir na Síria, em zonas estratégicas, por meios próprios, o que o Hezbollah faz é tomar a dianteira e bloquear a avançada dos terroristas.

Vídeo (18’ 44”) do discurso legendado em potuguês:

Sayed Hasan Nasrallah:

Tratemos agora do segundo perigo, da segunda ameaça [depois de Israel], da qual seguidamente falamos no passado, e que ameaça todos os países da região, tanto quanto Israel ameaça todos os países, todos os governos e todos os povos da região.

Hoje, esse perigo ameaça todos os países e todos os povos da região: falo do perigo que é o terrorismo takfiri. Na verdade, vejam, a ideologia takfiri, tomada nela mesma e isoladamente, não representa perigo algum. Se alguém fala comigo e me diz “você é infiel”, ora, nada significa, fica por aí.

Nunca pedi a ele que me desse algum atestado de que sou crente ou não crente. Que me acuse de infiel o quanto queira, é problema dele. Se o problema da ideologia takfiri se limitasse à esfera intelectual e legal, seria nada, porque, afinal, nesse mundo, ninguém pede a ninguém qualquer atestado (de que crê ou de que não crê), ninguém pede isso a ninguém, nem entre nós nem entre outros. E no que tenha a ver com o além, as chaves do Paraíso não pertencem aos takfiris, eles não conseguem nem dar entrada nem proibir a entrada a quem bem entendam. Todos sabemos bem quem é o (Único) Senhor das chaves do Paraíso.

O problema não está só na acusação de “não crentes” que fazem os takfiris. O problema é que ao acusarem alguém de não ser crente, eles não aceitam sequer que essa outra pessoa exista, esse outro, diferente deles no plano teológico, intelectual, de escola de pensamento ou, mesmo, apenas político. Ao contrário, atacam diretamente o anátema, o que implica a pena de morte, e assunto encerrado. Assim tratam como se fossem lícitos o assassinato, a desonra, o roubo dos bens de quem eles acusem. Chegam ao ponto de eliminar, suprimir, erradicar, fazer desaparecer quem seja diferente deles. Tudo isso é bem sabido de vocês e não preciso dedicar muito tempo a isso, nem apresentar muitas provas. Hoje, todos sabem, no país e em toda a região, de tudo isso. Quando eu falar mais detalhadamente do contexto geral, apresentarei as provas.

Não há dúvidas de que esse terrorismo takfiri está hoje presente em toda a região. Está composto de grupos armados presentes na maioria dos países da região, e talvez, mesmo, em todos os países da região. Esses grupos ou movimentos têm uma visão takfiri radical e impiedosa, que condena à morte quem se oponha a eles e, mesmo – porque aqui já não se trata apenas da questão de sunitas e não sunitas, ou de muçulmanos e cristãos: os cristãos também são tomados como alvos, sim, mas mesmo na esfera islamista, os xiitas, os alawitas, os ismaelitas, os zaydis, todos que não sejam sunitas estão condenados. E mesmo no que concerne aos sunitas, se se opuser a eles, qualquer sunita que se oponha a eles também pode ser acusado de ser não crente, de ser infiel. Nada mais fácil para eles, no mundo, que declarar, a um sunita ou a quem seja: “Você é infiel, você não crê, você é um apóstata”.

Ora, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), há algumas semanas, não impôs essa sentença contra a Frente Al-Nusra ? E o EIIL partilha com a Frente Al-Nusra uma mesma ideologia, uma mesma abordagem, e, antes, formavam uma só e mesma organização, com um mesmo dirigente, mesmas alianças, respiravam o mesmo ar e viviam sob uma mesma ética – estavam, sim, unidos em tudo: nas maneiras, na aparência, na lógica, na linguagem, nos usos, no espírito e no coração. Mas quando surgiu entre eles uma diferença numa questão política – talvez uma simples disputa por um poço de petróleo sírio, ou na divisão do butim, o EIIL lançou uma sentença de apostasia, de não crença contra a Frente Al-Nusra. Com a maior facilidade. E depois vieram muitos outros veredictos semelhantes.

Hoje, essa realidade é perfeitamente conhecida de todos, na região. Qualquer discordância que surja entre eles e um “outro”, mesmo que esteja com eles, e ainda que seja simples questão de administração, questão política ou mesmo financeira, aqueles takfiris precipitam-se e declaram a apostasia, a falta de fé, e tomam a medida que, para eles, é consequente: pena de morte.

O que está acontecendo há algum tempo na Síria, os combates violentos e brutais entre o EIIL, de um lado, e a Frente Al-Nusra e outras facções, de outro lado, aí está uma realidade que deve nos obrigar a uma reflexão madura, não para ridicularizá-las, se nos opomos àqueles grupos, claro que não.

A verdade é que todo mundo deve considerar de perto essa realidade e extrair lições dela, para poder decifrar a situação atual e prevenir o futuro. Considerem o que está acontecendo, nas últimas semanas. O Observatório Sírio [de Direitos Humanos], que faz parte da oposição, ele mesmo fala de mais de 2 mil mortos, em algumas semanas de combates entre aquelas duas facções. 

O número de operações suicidas eleva-se a várias dezenas nessas últimas poucas semanas, uns contra os outros, mandam carros carregados de explosivos para cidades muito populosas, apenas porque a cidade é controlada pelo EIIL e outra é controlada pela Frente Al-Nusra. Mas muitos moradores dessas cidades não estão nem com o EIIL nem com a Frente Al-Nusra, talvez por posição política sejam favoráveis à oposição. Mas ninguém é poupado. Sequestram mulheres, massacram crianças, destroem as vilas – tudo entre eles mesmos. Não estou nem falando do conflito deles com o regime, deixemos isso de lado. Organizam operações suicidas uns contra os outros, entre eles.

E a execução de prisioneiros e reféns sem qualquer misericórdia. E as carnificinas? E os massacres em massa? Tudo isso, por quê? Opõem-se a quem? Não têm eles a mesma abordagem, uma mesma ideologia, uma mesma escola, uma mesma direção, um mesmo dirigente? A quê eles se opõem? Há alguma questão política? Há alguma questão de organização, que envolva tal ou tal dirigente? Brigam por um poço de petróleo? E não eram eles que se opunham a esse tipo de disputa? Pois aí está o que fazem.

O modelo é esse, a realidade é essa. Observem bem, reflitam bem sobre tudo isso. Verão a mentalidade deles, a mentalidade que motiva os dirigentes deles e os membros dessas facções.

Mas, seja o que for, nada disso é novidade, nada disso é surpresa. Já esperávamos por isso. Mas não porque nós saibamos mais que os outros, não, de modo algum. Já esperávamos por isso, porque qualquer um que observou as experiências anteriores poderia prever tudo isso que se vê hoje. Muito estranho, de fato, é ignorar a situação atual. Vejam a experiência do Afeganistão.

Os grupos jihadistas do Afeganistão combateram contra dois dos exércitos mais poderosos do mundo. Primeiro, contra o exército soviético, e o derrotaram no Afeganistão. Na sequência, os soviéticos se retiraram, graças a Deus... Mas uma coalizão de facções jihadistas, porque alguns deles alimentavam essa ideologia takfiri, radical, impiedosa, sangrenta e assassina, levantou-se contra as demais. Fabricaram até um hadith, que atribuíram mentirosamente ao Profeta: “Vim a vocês com o massacre”. Tal coisa não pode provir da religião de Deus, nem da religião do Mensageiro de Deus, nem da religião de nenhum dos Profetas de Deus Todo Poderoso.

Porque algumas pessoas tinham essa mentalidade takfiri, as facções jihadistas afegãs entraram num conflito sangrento, umas contra outras. O que eles destruíram, em termos de quarteirões, cidades, vilas, o que infligiram em termos de mortos e feridos uns aos outros, todos os grandes comandantes jihadistas que os takfiri mataram, tudo isso ultrapassa em muito o que o exército soviético, ele mesmo, conseguiu fazer. E hoje? O que é feito do Afeganistão? Onde está, hoje, o Afeganistão? Onde está o Afeganistão hoje?

Desde o dia em que os soviéticos se retiraram, até hoje, me digam um dia, um único dia em que o Afeganistão não tenha conhecido matanças, feridos, deslocamentos forçados de populações, destruição generalizada, todas as dificuldades para viver. Digam-me um único dia em que tenha havido paz, alegria de viver, no Afeganistão. E tudo, tudo isso, por causa dos grupos takfiris.

E observemos a Argélia – porque alguém poderia objetar que o Afeganistão é país montanhoso, de condições particularmente difícil, e sabe-se lá o que mais. Pois bem. Na Argélia, o que os grupos armados trouxeram e causaram de sofrimento ao povo argeliano? E o que dizer dos grupos armados entre eles, dirigentes que se matam uns os outros em conflitos entre diferentes facções?

Nem é preciso acrescentar muitos exemplos. Bastam esses, para que tenhamos tempo para... (Alguém pode trocar esse meu relógio? Está apagado.) Isso é o que se passa ante nossos olhos, e temos de ver e tirar daí todos os ensinamentos.

Agora, passo a abordar a situação do Líbano.

O Líbano sofreu atentados em várias regiões. Operações suicidas contra populações civis – crianças, mulheres, em mercados, contra pessoas que andavam na rua... São os crimes que foram cometidos aqui. De início, entre os que perguntavam “Quem (cometeu esses atos terroristas)?”, “Como?”, houve alguns que acusavam o regime sírio, outros acusavam os serviços secretos sírios, outros, ainda, evocavam o Mossad. Sempre fui muito claro sobre esse tema.

Nós não nos precipitamos em acusações ocas contra atores presuntivos daqueles atentados. Sempre dissemos “Sejam pacientes, a identidade deles, sem dúvida alguma, será revelada”. Será revelada, não porque eles sejam capazes ou incapazes de executar operações secretas. Nada disso. A identidade deles se autorrevelará, porque eles estão andando, claramente, na direção de guerra aberta, declarada. Por isso eles filmam suas operações e as distribuem pela Internet, revelando-se abertamente, anunciando o nome dos kamikazes, enviando mensagens que especificam os alvos a atacar. A tal ponto, que a identidade dos autores dos atentados já nem é questão a debater ou discutir. Os responsáveis pelas operações suicidas e os atentados são assassinos takfiris – não são jihadistas

Se ainda há alguém, no Líbano ou em qualquer parte do mundo, que queira refutar isso –, sim, é claro que os israelenses infiltraram esses grupos.

É claro que os norte-americanos utilizam esses grupos. Já os utilizavam no Iraque, por longo tempo, e também foram utilizados em outros países. Mas não há dúvida de que fulano, cicrano, beltrano – eles são conhecidos pelo nome e pela nacionalidade – esse é libanês, o outro é palestino, o outro é sírio, sei lá, um é saudita, outro marroquino ou iraquiano, são eles que dirigem essas redes, que organizam essas operações suicidas e esses atentados no Líbano. O que isso mostra? Tudo isso mostra esse tipo de enfoque, essa mentalidade takfiri...

Assim... À luz dessas operações suicidas e desses atentados, emergiu no Líbano um debate. Como sempre, os libaneses dividiram-se. Alguns declararam que as operações suicidas e os atentados jamais teriam acontecido se o Hezbollah não estivesse agindo militarmente na Síria. Depois, seguiram a mesma lógica para justificar os atentados. Depois, e até hoje, insistem na mesma lógica. E essa lógica será mantida, mesmo que todos participemos de um mesmo governo. Essa lógica se perpetuará, porque ela é parte da animosidade, da luta política que se trava no país. Pois bem. Analisemos um pouco essa lógica.

Quer dizer então que antes de começarmos a agir na Síria, esses grupos não existiam, não estavam em guerra no Norte, em vários campos de refugiados palestinos e em várias regiões do Líbano? Já não preparavam e enviavam carros carregados de explosivos contra áreas cristãs? Contra o exército, etc.? Todos sabemos disso tudo, nem preciso listar os atentados. Os jornais e televisões estão cheios de listas. Tudo aquilo aconteceu antes do início dos eventos na Síria. Tudo bem. Já sabemos disso. Nem é preciso falar muito.

Ante essa lógica, só há duas possibilidade, nem uma a mais: ou bem essas explosões nada têm a ver com nossa ação na Síria, ou, então, sim, elas têm alguma relação com nossa ação na Síria. Não há outra possibilidade. Que outra opção haveria? Não há. Ou nossa ação na Síria é a razão desses atentados, ou não é – e os takfiris, de um modo ou de outro, já tinham intenção de abrir uma frente no Líbano. Só há essas duas vias.

Já consideramos essas possibilidades e concluímos que a primeira é a única que pode ser verdadeira, a saber, que os grupos takfiris sempre consideraram o Líbano como um de seus alvos. De fato, anunciaram claramente nos seus princípios e nos seus discursos. Declaram hoje que o Líbano é terreno (secundário) de apoio, que não é terreno de jihad. A prioridade deles é acabar com a Síria, e só depois, então, se ocuparão do Líbano. Não foi isso, precisamente, que declararam? Está tudo na Internet, na televisão, na mídia, etc..

Assim sendo, agem agora segundo priorização bem definida, que consiste em se apossar das regiões (sírias) que fazem fronteira com o Líbano – seja ao norte, seja na região do Bekaa. Não é mais que uma questão de tempo.

Isso significa que, por princípio, virão ao Líbano, de um modo ou de outro, aconteça o que acontecer. Entendemos que, se não vierem hoje, virão amanhã. Já declararam. Já disseram. Tudo isso é válido e bem claro, se se parte do princípio de que esses atentados nada têm a ver com nossa ação na Síria.

O Líbano é alvo para os grupos takfiris, por princípio. O Líbano faz parte do projeto desses grupos takfiris. E se os norte-americanos e os israelenses já infiltraram esses grupos, não pode haver dúvida alguma, nenhuma dúvida, de que querem destruir toda a região.

E o Líbano tem uma peculiaridade, como há também na Síria: no Líbano há uma Resistência, que é hoje a maior ameaça contra o projeto israelense na região.

Por isso, na nossa avaliação e do nosso ponto de vista, eles viriam para o Líbano de todo modo, aconteça o que acontecer. Foram atraídos para a cena libanesa por sua própria mentalidade, seu próprio projeto e sua visão de mundo. Por isso abriram uma frente no Líbano. Esse é o raciocínio que decorre da nossa análise das coisas. E, sim, há uma segunda análise.

Consideremos, para argumentar, que a outra análise seja a melhor. Hoje, não quero defender essa nossa análise. Quero fazer como se a análise alternativa fosse válida, para poder argumentar e desenvolver o raciocínio.

Por essa segunda análise, o povo libanês estaria pagando o preço de ter enviado combatentes à Síria, através do Hezbollah. E essa seria a razão pela qual os grupos takfiris organizaram os atentados e as operações suicidas no Líbano e fizeram essa escolha. Consideremos essa interpretação, para analisar outra hipótese.

Antes, quero dizer que nossos objetivos aqui têm de ser perfeitamente claros, e quero falar com total franqueza. Antes de avaliar essa segunda hipótese, temos de responder uma pergunta prévia: nossa ação na Síria justificaria tais sacrifícios?

Vale a pena sofrer tais consequências? Supondo-se, é claro, que os atentados sejam consequência de nossa ação na Síria. Vale a pena ir combater em Al-Qusayr e em Damasco? – Quero dizer, nas duas principais regiões nas quais estamos ativos: Al-Qusayr, porque é região de fronteira; e Damasco, porque também tem de ser considerada região de fronteira, porque se Damasco caísse – Deus nos livre! – todas as regiões de fronteira entre o Líbano e a Síria seriam controladas por aqueles grupos armados.

A pergunta é: a ação que empreendemos vale a pena? Valem a pena, se têm como reação, atentados terroristas e outras reações do mesmo gênero? Sim ou não?

Aqui, quero relembrar o que eu disse no início de minha fala sobre a ocupação israelense no Líbano (1982-2000), quando nos criticavam nos seguintes termos: “vocês combateram os israelenses, atacaram os postos de controle deles, os acampamentos deles, os campos militares deles, e, portanto, é claro que os israelenses façam represálias. E houve quem assim justificasse a violência dos israelenses contra os libaneses... Hoje, essa mesma lógica serve para justificar ataques terroristas de grupos armados contra o Líbano.

Eu já disse, e nós explicamos longamente, no passado, as razões de nossa ação na Síria, as causas, as consequências, porque agimos lá e porque ainda estamos agindo lá, e porque continuaremos a agir lá: “nós estaremos presentes e ativos em todos os pontos onde devamos estar”. Nisso, nada mudou. Ao contrário. Os dados em campo aumentam a convicção e a certeza dos libaneses quanto à solidez e ao cabimento dessa decisão.

Não vou analisar os eventos desde o início, mas desde o fim. Consideremos só os últimos desenvolvimentos... Quais são os dados novos, no plano regional e internacional?

O que se vê hoje é que a maioria dos países que financiaram, apoiaram, ajudaram, deram vistos e abriram as fronteiras, esses países todos que encorajaram e ajudaram agentes de combate não sírios, agentes estrangeiros que estão hoje na Síria, a maioria dos países que fizeram isso, hoje só fazem manifestar seu medo, suas preocupações, seus temores ante os riscos de segurança que se criariam, caso aqueles combatentes saíssem vitoriosos na Síria. Há também, consequentemente, os riscos de eles voltarem aos seus países de origem, sobretudo países vizinhos. E há todos os riscos que se criam para aquelas próprias sociedades. Não é verdade? Estou, por acaso, inventando coisas? Ou essa é a realidade hoje?

Hoje, as agências de informação ocidental, regionais e outras só se reúnem para ver o que podem fazer para enfrentar essa situação.

E dizem eles: Se esses grupos – que Deus nos livre! – saírem vitoriosos, eles terão, afinal, uma base vastíssima. A Síria seria ainda pior que o Afeganistão. E os jihadistas  se voltariam contra nós. O que podemos fazer? Ou, então, alternativamente: se eles forem derrotados, se começarem a recuar e sair da Síria, e se se mudarem para outros países? O que faremos?

Sim. É uma catástrofe, que eles mesmos criaram com as próprias mãos. É a serpente que eles mesmos nutriram.

Hoje, esse é o debate que se trava em todo o mundo. Ou não é? Essa é uma primeira realidade indiscutível.

E em segundo lugar, já há algum tempo, vários países impuseram leis que proíbem seus cidadãos de viajarem à Síria para combater. A Tunísia, por exemplo, proíbe viagens à Síria e tomou medidas coercitivas, invocando declaradamente esse problema. Ora! E por que os tunisianos e o governo da Tunísia foram levados a tomar essas medidas, quando, no início, apoiavam a insurreição na Síria?

Exatamente porque os que foram combater na Síria e já retornaram à Tunísia perturbam a sociedade tunisiana, o povo tunisiano e o futuro político da Tunísia, fazendo-os conhecer na própria carne o que impuseram a outros povos da região, a saber, atentados terroristas, assassinatos, violência, rebeliões, etc. Os tunisianos acordaram e perceberam que se aqueles grupos persistirem na mesma via, a Tunísia sofrerá. Assim, tiveram o bom senso e a coragem de tomar medidas enérgicas, desse tipo, enquanto ainda havia tempo. Esse é o segundo ponto sobre o qual queria falar hoje.



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