quinta-feira, 20 de março de 2014

Quatro lições a aprender da crise da Ucrânia

China: “Tooooma, Obama! Dáááá-lhe Putin!”

19/3/2014, [*] Wang Yiwei, People'sDaily Overseas Edition, Pequim (Editorial)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Kiev - campo de batalha de uma guerra nem tão fria assim...
A Ucrânia tornou-se campo de batalha final na “guerra fria” e vai-se convertendo em possibilidade que a crise dispare uma segunda “guerra fria”.

A declaração de independência da Ucrânia, pelo Parlamento da Crimeia, antes do referendo de 16/3 indica que a Crimeia pode seguir avante e unir-se à Rússia. Os tambores de guerra entre Rússia e países ocidentais nos ensinam quatro coisas.

Um conflito geoestratégico levou à catástrofe a política das grandes potências

Muitos no oeste da Ucrânia são católicos, e no leste da Ucrânia a maioria é de crentes da religião russa ortodoxa. A crise financeira causou conflito entre civilizações, empurrando a Ucrânia para a beira da bancarrota e da fragmentação. Assim se criou um vácuo que deram às grandes potências um incentivo para que se imiscuíssem em assuntos internos da Ucrânia.

A superdependência da Ucrânia à Rússia é o ponto vulnerável de sua segurança nacional

Em anos recentes, países ocidentais conseguiram promover várias mudanças de regime. A Ucrânia está à beira de ter de declarar “calote” e bancarrota. A superdependência da Ucrânia à Rússia é o ponto vulnerável de sua segurança nacional. Países ocidentais aproveitaram-se desse ponto fraco, para seus esforços para promover mudança de regime na Ucrânia.

O ocidente, comandado pelos EUA, fracassou na Ucrânia.
O fracasso dos países ocidentais, que não colheram as lições da história, resultou em conflito

O colapso da União Soviética no final da guerra fria gerou um grau de complacência no Ocidente. Na sequência, com a ascensão do neoconservadorismo e do neoimperialismo, os EUA embrulharam-se em conflitos, como a invasão do Iraque e a guerra no Afeganistão. Esses pontos de estresse são resultado da incapacidade do Ocidente para compreender as lições da história.

Os duplos padrões dos países ocidentais demonstram sua hipocrisia

Alguns países ocidentais foram lépidos ao apoiar o referendo pela independência que se fez na Província Autônoma do Kosovo e Metohija entre 26-30/9/1991. Agora, só fazem repetir objeções ao referendo na Crimeia. No passado, muito defenderam direitos humanos – por exemplo, que o direito à autodeterminação prevalece sobre a soberania. Agora, falam como se nada fosse mais importante que a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Esses duplos padrões explicam-se pelo fato de que, na análise final, os valores das potências ocidentais são inteiramente determinados por seus próprios interesses.

Dia 17/3, os primeiros resultados mostravam que 96,6% dos crimeanos votaram a favor de se integrarem à Rússia, no referendo de domingo. Os EUA recusam-se a aceitar o resultado do referendo. A crise da Ucrânia continua a ser duro desafio no caminho das grandes potências.  
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[*] Wang Yiwei é professor na Tongii University, Diretor do Institute of International and Public Affairs, Diretor da China-EU Academic Network e pesquisador  sênior adjunto do The Chahar Institute. Graduou-se em Política Internacional na Fudan University onde também completou o mestrado e o Ph. D.. Cursou o pós-doutorado no Centro de Estudos Internacionais da Yale University. Escreveu vários livros, entre os quais: Beyond Balance of Power: Global Governance and Co-operations among Great Powers, Shanghai Lexicology Press, 2008; e The Mythed America, China Social Sciences Press, 2008. Escreve em inglês, alemão e chinês. Publicou artigos em vários jornais e revistas como American Review, International Survey, China Review, Teaching and Research, World Outlook, People’s Daily, World Economy & Politics, Wenhui Daily The hyperGlobal e Kulturaustausch (em alemão).

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