terça-feira, 18 de março de 2014

A nova Rússia: Entrevista com Aleksandr Solzhenitsyn em 1994 (Forbes Magazine)

15/3/2014, [*] Paul Craig Roberts, The 4th Media News, Pequim  
Excerto da entrevista concedida por A.  Solzhenitsyn à Revista Forbes em 9/5/1994, traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Caros leitores: Lembrei corretamente dos meus estudos russos, há meio século, que os líderes soviéticos doaram territórios russos à Ucrânia. Mas cometi um engano, ao atribuir todas as transferências a Khrushchev.

Foi Lênin quem, pela primeira vez, em 1919, doou territórios russos à Ucrânia.

[assina] Paul Craig Roberts

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Aleksandr Solzhenitsyn [há 20 anos]


Excerto traduzido:

Aleksandr Solzhenitsyn
Forbes: O ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Zbigniew Brzezinski diz que os EUA têm de defender a independência da Ucrânia.

Aleksandr Solzhenitsyn: Em 1919, quando seu regime chegou à Ucrânia, Lênin deu ao país várias províncias russas. Essas províncias jamais, historicamente haviam pertencido à Ucrânia. Falo dos territórios do leste e do sul da Ucrânia que conhecemos hoje.

Depois, em 1954, Khrushchev, com a leviandade arbitrária de um sátrapa, deu a Crimeia, “de presente” à Ucrânia. Mas nem ele conseguiu “dar de presente” à Ucrânia o porto de Sebastopol, que permaneceu como cidade separada, sob a jurisdição do governo central da URSS. Tudo foi feito pelo Departamento de Estado dos EUA, primeiro verbalmente, através do embaixador Popadiuk em Kiev e, depois, de modo mais oficial.

Por que o Departamento de Estado decidiria quem devia ficar com Sebastopol? Se alguém se lembra das declarações, absolutamente sem qualquer tato, do presidente Bush, sobre apoiar a soberania da Ucrânia, mesmo antes do referendo sobre o assunto, pode-se concluir que tudo isso só tem a ver com um único objetivo comum: usar todos os meios, não importam as consequências, para enfraquecer a Rússia.

Forbes: Por que a independência da Ucrânia enfraquece a Rússia? 

Aleksandr Solzhenitsyn: Como resultado da repentina e violenta fragmentação de povos eslavos, todos interconectados, as fronteiras romperam milhões de laços de família e de amizade. Pode-se aceitar isso? As recentes eleições na Ucrânia, por exemplo, mostram claramente as simpatias russas dos povos da Crimeia e de Donetsk. Uma democracia tem de respeitar isso.

Eu próprio sou quase metade ucraniano. Cresci ouvindo os sons da língua ucraniana. Amo a cultura ucraniana e desejo sinceramente todo o sucesso à Ucrânia, mas dentro de seus reais contornos étnicos, sem tomar outras províncias russas.
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[*] Paul Craig Roberts (nascido em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem frequentemente publicado em Counterpunch, escrevendo extensamente sobre os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na Faculdade de Merton, Oxford University.

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