domingo, 2 de fevereiro de 2014

Enquanto isso, no “front ucraniano”

1/2/2014, The Saker, Blog The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


The Saker
Segundo a BBC os líderes ocidentais divertem-se à larga, em Munique: lá estão, reacendendo a Guerra Fria, sob o pretexto – e o que mais seria?! – de “apoiar a democracia” na Ucrânia:

Herman Van Rompuy
Herman Van Rompuy, Presidente do Conselho Europeu disse que “o futuro da Ucrânia pertence à União Europeia”. E o Secretário de Estado dos EUA, John Kerry disse que os EUA apoiavam a “luta pela democracia” na Ucrânia. (...)

Na abertura de seu discurso, Van Rompuy referiu-se à oferta, pela União Europeia, de associação estreita com a Ucrânia. “A oferta continua aí, e nós sabemos que o tempo está do nosso lado. O futuro da Ucrânia pertence à União Europeia”, disse ele.

Kerry lançou amplo ataque contra “uma tendência perturbadora em muitas partes da Europa Central e do Leste e nos Bálcãs”. Disse que: “As aspirações dos cidadãos estão sendo, mais uma vez, atropeladas por interesses corruptos e oligárquicos – interesses que usam o dinheiro para mobilizar a oposição política e a dissidência, para comprar políticos e veículos de imprensa, e para minar a independência do Judiciário.

John Kerry
Kerry acrescentou: “Em nenhum outro lugar a luta por um futuro democrático para a Europa é hoje mais importante que na Ucrânia. Os EUA e a União Europeia estão ao lado do povo da Ucrânia nessa luta.

Kerry disse também que “a vasta maioria dos ucranianos quer  viver em liberdade, num país seguro e próspero – estão lutando pelo direito de associar-se a parceiros que os ajudarão a realizar suas aspirações”.

Em ataque claramente dirigido a Moscou, Kerry acrescentou  que “o futuro deles não está em ligar-se a um único país e não, com certeza, sob coerção”. (...)

A Casa Branca confirmou que está discutindo com o Congresso dos EUA possíveis sanções contra a Ucrânia. Antes de chegar a Munique, Kerry disse que concessões até agora feitas pelo presidente Viktor Yanukovych “ainda não alcançaram um nível adequado de reformas

Os protestos contra o governo Yanukocich continuam (1/2/2014)
Não é espantoso?! Quando Yanokovich faz exatamente *NADA* para deter os “manifestantes” neonazistas que estão incendiando policiais, tomando prédios públicos, ameaçando partir “para o ataque”, conclamando a população a derrubar o governo, e abertamente”‘exigindo” intervenção de exércitos estrangeiros, o “ocidente” diz que isso seria “luta pela democracia”.

Mas quando Ieltsin mandou seus tanques bombardearem o Parlamento Russo e matar milhares de civis, o “ocidente” deu-lhe apoio integral. Vejam só... A democracia é negócio difícil de entender...

Viktor Yanukovich
Enquanto isso, Yanukovich manda avisar que está gripado e precisa de um tempo para recobrar as forças. É sério. Aconteceu. A Ucrânia à beira de uma guerra civil, e aquele palhaço gordo tira uma folga, “em licença médica”.

O que faz surgir uma questão cá na minha cabeça: quem é o presidente mais patético – Ieltsin & vodka, ou Yanukovich & gripe?

Mas... há boas notícias vindas da Península da Crimeia: o governo da Crimeia e autoridades da cidade de Sebastopol firmaram um acordo amplo. Decidiram conjuntamente criar e mobilizar uma “milícia cidadã” que agirá em apoio às forças policiais da Península. Em outras palavras, as autoridades da Crimeia já se preparam para separar-se da Ucrânia, se o regime de Kiev cair.

Mais ainda: estão-se preparando para defender a Crimeia contra qualquer tentativa, dos fascistas nacionalistas, para tomar a península pela força. De fato, não têm escolha nesse assunto, porque os fascistas nacionalistas querem expulsar de Sebastopol a Frota do Mar Negro; [1] revogar o status especial da Península da Crimeia, e “ucranificar” a península. Para o povo da Crimeia, um golpe nacionalista em Kiev é, completamente, ameaça existencial.

Quanto à Rússia, só posso repetir o que já escrevi: a Rússia não intervirá diretamente nesse conflito. A única exceção a esse princípio seria alguma tentativa, pelos fascistas nacionalistas, de tomarem a Crimeia pela força. Nesse caso, não tenho, pessoalmente, nenhuma dúvida de que a Rússia intervirá militarmente, mesmo que isso implique confronto com a OTAN.

Pessoalmente, acho que o “ocidente” ordenará que os fascistas nacionalistas nem tentem tomar a Crimeia à força. Se aqueles psicopatas obedecerão, isso, já ninguém sabe.

The Saker



[1] A Frota do Mar Negro é uma grande unidade estratégico-operacional da Marinha russa (antes, da Marinha soviética), que opera no Mar Negro e no Mediterrâneo desde o final do século 18. As naves têm base em vários portos do Mar Negro e do Mar de Azov; e a aviação e infraestrutura correspondentes de Marinha estão instaladas em vários pontos da Crimeia, Ucrânia e em Krasnodar Krai, Rússia.

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