quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

[Robert] Gates sobre guerras

8/1/2014, [*] The Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Robert M.Gates, ex Secretário da Defesa dos EUA
Dois interessantes parágrafos do livro de memórias do ex-Secretário de Defesa, Robert Gates, [1] lançado essa semana:

É muito mais fácil entrar, que sair de guerras. Os que perguntam sobre estratégias de retirada ou querem saber o que acontecerá se os pressupostos estiverem errados raramente são bem-vindos à mesa de negociações, quando os cospe-fogo clamam que ataquemos e ataquemos – como fizeram pregando a invasão do Iraque, a intervenção na Líbia e na Síria, o bombardeio de instalações nucleares do Irã. Mas em décadas recentes, os presidentes confrontados com problemas duros, difíceis, no exterior, têm sido rápidos demais em levar a mão ao coldre. Nossa política de segurança nacional e externa tornou-se por demais militarizada; o uso da força, fácil demais para os presidentes.

Hoje, excesso de ideólogos convocam a força norte-americana como primeira opção, não como um último recurso. Na esquerda, ouve-se falar da “responsabilidade de proteger” civis, para justificar intervenção militar na Líbia, na Síria, no Sudão, noutros pontos. Na direita, não atacar a Síria ou o Irã é apresentado como abdicar da liderança norte-americana. E assim, o resto do mundo vê os EUA como país militarista, rápido no lançar aviões, mísseis cruzadores e drones bem entrados além fronteiras de países soberanos ou em espaços não governados. Há limites para o que possa fazer mesmo a mais forte e maior nação da Terra – e não é verdade que qualquer ofensa, qualquer ato de agressão, de opressão ou qualquer crise deva gerar resposta militar dos EUA.

Manifestantes paquistaneses queimam bandeira dos EUA em 1/11/2013

Gates tem razão. Pesquisas de opinião, em todo o mundo, mostram que os EUA são vistos como – com ampla vantagem sobre o segundo colocado – a maior ameaça à paz global. Dominação é vício muito caro.

Mas, a menos que as consequências disso tudo se tornem óbvias para todos os eleitores nos EUA, não há sinais de que esse fato leve a mudança na direção geral das políticas nos EUA. 


Nota dos tradutores
[1] 7/1/2014, Robert M. Gates, Wall Street Journal, excerto de Duty: Memoirs of a Secretary at War [Dever: Memórias de um Secretário em Guerra], lançado pela editora Knopf, nessa 3ª-feira (7/1/2013).
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[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como“Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). No Brasil, produzimos versão SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em “Cida Moreira canta Brecht”, que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa de homenagem. Pode ser ouvida a seguir:


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