quarta-feira, 6 de novembro de 2013

“Se não provam que são Talibã, bang”

6/11/2013, [*] Blog Moon of Alabama - USA
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu



Em 2010, Seymour Hersh fez uma palestra em Genebra, na qual, às tantas, disse que: O que fazem em campo agora é: dizem aos soldados “vocês têm um dia ou dois, para saber se os prisioneiros, gente que vocês pegaram, são ou não são Talibã. Vocês têm de arrancar deles o máximo de inteligência tática que tenham a entregar, inteligência estratégica, inteligência de longo alcance, e imediatamente. E se não conseguirem concluir que são Talibã, é preciso soltar os prisioneiros. “Assim é que acontecem, e ouvi a mesma história, contada como piada, de cinco ou seis pessoas diferentes, as execuções em campo”. É assim. Se eles não provam que os prisioneiros são Talibã, bang. Se não fazemos a coisa nós mesmos, nós entregamos os prisioneiros aos soldados afegãos mais próximos e mal viramos as costas e damos dois passos, já é só tiro que se ouve. É exatamente o que estão fazendo agora.

Como Matthieu Aikins noticia em Rolling Stone era o que ainda acontecia há três anos e provavelmente está acontecendo hoje:

Em fevereiro de 2013, os locais denunciaram que 10 civis haviam sido sequestrados pelas Forças Especiais dos EUA e desapareceram; e que outros oito haviam sido mortos pela equipe durante suas operações.
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Os homens passaram duas noites presos, uma das quais num sufocante contêiner sem ventilação, antes de alguns deles serem soltos, entre os quais Hekmatullah, que diz que Kandahari e um soldado dos EUA selecionavam os que iam sendo soltos. Quando Hekmatullah, estudante de 16 anos, finalmente reapareceu de volta em casa, a família alegrou-se e passou a esperar que logo os norte-americanos soltariam também Esmatullah e Sediqullah. Jamais voltaram a vê-los.
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Evento semelhante aconteceu dia 6/12/2012 na vila próxima de Deh Afghanan, quando desapareceram quatro prisioneiros que estavam na base dos EUA.


Depois que as Forças Especiais dos EUA deixaram a base, moradores locais encontraram cadáveres enterrados próximos da base. Eram os homens que haviam sumido. Aikins encontrou testemunhas que confirmaram alguns dos assassinatos. Outros foram descobertos por indícios fortes demais para ignorar.

Se coisas desse tipo acontecessem uma vez, ainda se poderia falar de alguma unidade pervertida, a maçã podre do pomar. Mas isso aconteceu durante anos e anos e anos a fio, tanto no Iraque como no Afeganistão. É uma política dos EUA, adotada e ensinada, a pior possível.

Desde a 2ª Guerra Mundial, os EUA não venceram nenhuma das guerras que fizeram. Essa atitude viciosa e pervertida contra populações locais, exatamente como também aconteceu na Guerra da Coreia e na Guerra do Vietnã, explica, provavelmente, essas derrotas.



[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Bar” ou Moon over Alabama) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertold Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). No Brasil, produzimos versão SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em “Cida Moreira canta Brecht”, que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa de homenagem. Pode ser ouvida a seguir:

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