sábado, 13 de outubro de 2012

Genro da “Primeira Família” na Índia declarou-se “empresário ético”


13/10/2012, Siddharth Srivastava, Asia Times Online
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Sobre a tal de kurrupção, o besteirol antikurrução metido a “ético”, kurrupção na Índia, empresários-genros e leis (pasmem!) da Alemanha nazista, ressuscitadas em Brasília-2012! É quase inacreditável!


Introdução elaborada pelo pessoal da Vila Vudu e corroborada pela redecastorphoto

Dois assuntos que não nos interessam nem mobilizam: a tal de kurrupção e os correspondentes discursos antikurrupção

A tal de kurrupção é doença do capitalismo, mais aguda no capitalismo senil, igualzinha em todo o mundo e sempre foi.

O capital manda no mundo e criou imprensa e universidade liberais, EXATAMENTE porque o capital corrompe tudo e todos e sempre, a começar pela imprensa e pela universidade liberais.

Falar de kurrupção sem dizer que o capitalismo é essencialmente corruptor e corrompe tudo e todos, é fazer pregação moralista, metida a “ética”, que, no máximo, trocará os nomes dos kurruptos eleitos pela televisão e pela imprensa do capital, e todos continuarão, kurruptos e kurruptores em tempo integral, como sempre são, foram e continuarão a ser, no mundo do capital, se não criticam o mundo do capital.

E é pregação moralista fascistizante, que muito rapidamente vira degola, que tem de violenta e arbitrária, o que tem de “legal”, sempre com alguma teoria de justificação que salva o arbítrio e o autoritarismo e os tornam, além de arbitrários, autoritários e “legais”, também lógicos e “por teoria”. Sic transit a “justiça” do capital.

Se a teoria que justica o arbítrio e o autoritarismo for europeia, nesse Brasil das ideias fora de lugar, OK. É só mais uma macaqueação ridícula. Mas se a tal teoria for nascida de dentro da Alemana nazista... santo Deus! Aí é preciso espernear MUITO.

Tome-se, por exemplo, a hoje tão falada no Brasil “Teoria do Domínio do Fato”.

A tal Teoria do Domínio do Fato é ideia que brotou da cabeça de um teórico do Direito, Hans Welzel, em 1939, na Alemanha. Mas pouca diferença faz quem seja o jurista. Nada muda.

Não sabemos nada de leis e direito. Mas sabemos um pouco sobre 1939 e a Alemanha.

Em Documento Histórico – Alemanha 1939 e 1940vêem-se várias fotos documentais, históricas, impressionantes, que mostram bem o mundo no qual, exatamente naquele ano, 1939, Hans Welzel publicou o livro em que expõe a “Teoria do Domínio do Fato”. O mundo em que, alguns anos depois, o mesmo Hans Welzel foi reitor de Universidade. Ali está o mundo no qual essa teoria prosperou e tornou-se ... teoria citável.  

Naquele mesmo ano, 1939, reinava na mesma Alemanha, governante inconteste, rei, imperador, legiferante, juiz e degolador, ninguém menos que Goebbels, o qual, se pode pressupor, várias vezes serviu-se da “Teoria do Domínio do Fato” para seus propósitos.

Porque, se há fato que todos dominam perfeitamente é que, em mundo no qual reine Goebbels, só se difundem e prosperam teorias do Direito que Goebbels aprecie e lhe sirvam adequadamente para aplicar o Direito... à moda Goebbels.

Pois, em 2012, em Brasília, ainda há juízes que sequer se envergonham de evocar essa teoria à moda Goebbels, do Direito à moda Goebbels, para punir kurruptos.

Não se exigem muitos argumentos: tudo depende de se dominarem fatos democratizatórios.

Ainda que os condenados por essa teoria do Direito à moda Goebbels fossem kurruptos TOTAIS; e ainda que fossem kurruptos TOTAIS como os kurruptos da Tucanaria da Privataria, ainda assim, seria preciso respeitar MUITO mais algum direito democrático e de democratização, do que punir kurruptos com base em teorias do Direito e leis que prosperaram sob o nazismo e que andaram em bocas e raciocínios de “juristas” à Goebbels.

Por isso tudo, não nos interessa nem nos mobiliza nenhuma discussão sobre kurruptos e kurrupção que não diga, no primeiro parágrafo, que o capital é o agente corruptor básico, sempre, em todos os casos, por mais que se dominem fatos e “os tipos” e os data vênia etc. etc. etc. e tal.

O título do artigo que aí vai, adiante, traduzido, é nosso -- metido aí pra chamar a atenção e mostrar com mais clareza que, irmão gêmeo da kurrupção capitalista, o mesmo besteirol metido a “ético”, moralista (e UDENISTA, no Brasil), nunca deixa de aparecer. (Aproveitamos para mostrar, também, que o jornalismo, na Índia é muuuuuuuuuuito melhor que o “jornalismo” no Brasil.)

A kurrupção não vive sem o besteirol metido a “ético”. E o besteirol metido a “ético” não sobrevive sem a kurrupção e AMBOS são o ar que o capital e o capitalismo respiram e sem o qual não vivem.

O Ministro José Dirceu e o Deputado José Genoíno, que em 1964 foram condenados por “juristas” e leis da ditadura militar, acabam de ser condenados, em 2012, por juristas e leis pressupostas democráticas, mas que são, ainda, juristas e leis autoritárias. 

Nada corrompe mais o Brasil, em 2012, do que aquele tribunal e aqueles juízes.

Vergonha. Vergonha. Vergonha.

Siddarth Srivastava
NEW DELHI. Número desconcertante de escândalos de corrupção vêm sacudindo o governo chefiado pelo Primeiro-Ministro Manmohan Singh, na Índia. As mais recentes revelações são minúsculas, se comparadas à escala das falcatruas já denunciadas, relacionadas à indústria do carvão, de telecomunicações ou ao lixo dos Jogos da Commonwealth, mas não poderiam atingir mais fundo a “elite” do establishment.

Arvind Kejriwal, ativista social, que lidera campanha pública contra a corrupção há alguns meses, divulgou farta documentação contra o empresário Robert Vadra, intimamente ligado à “Primeira Família” da política indiana, casado com Priyanka Gandhi, filha de Sonia Gandhi, a toda-poderosa líder do governo no Congresso.

Sob seu mais recente avatar, Kejriwal resolveu entrar na política ativa e criou partido independente para concorrer às eleições. O lançamento do partido foi marcado por acusações de corrupção contra Vadra. Vadra negou tudo.

Kejriwal denunciou que Vadra esteve envolvido em negócios imobiliários manchados de favoritismo e venda de influência política. Vadra respondeu com uma declaração em que diz:

Sou empresário ético e respeitador das leis do meu país, conhecido nos meios empresariais há 21 anos. Tudo que se disse contra mim são acusações falsas, sem provas e difamatórias.

Vadra também usou as redes sociais para responder. Numa delas, referiu-se aos partidários de Kejriwal que lutam contra a corrupção como “malucos de república de bananas” – comentário que pouco o ajudou aos olhos da hiperativa jovem “Geração Internet” indiana.

Robert Vadra (E) e Arvind Kejriwal (D)
Nada foi provado até agora contra Vadra e, até agora, Kejriwal tem-se recusado a formalizar qualquer acusação contra o empresário; diz que as investigações serão viciadas, que o processo será manipulado como a justiça sempre é, por suas ligações com agências governamentais. Quer que se constitua comissão independente de investigação. Mas o Ministério Público já abriu inquérito na Alta Corte de Allahabad, e New Delhi foi notificada.

Kejriwal também acusou a empresa imobiliária DLF de ter vendido a Vadra várias propriedades, a preços muito abaixo do valor real, em troca de financiamentos agrários em áreas controladas pelo grupo de Sonya Gandhi, em Haryana e Delhi. A imobiliária DLF desmentiu tudo, como “amontoado de mentiras”.

Os ganhos rápidos e massivos, em função da rápida urbanização da Índia, vêm criando milionários instantâneos, que enriquecem com a especulação, em todo o país. O preço comparativo de terras e terrenos em áreas como Delhi, Gurgaon e Mumbai é hoje o mais alto do mundo. Também no comércio que envolve recursos naturais da Índia, enxameiam acusações contra governos, políticos, empresários e burocratas que envolvem apresentação e aprovação de projetos de lei que beneficiam algumas empresas.

Depois das acusações, o partido de Sonia Gandhi saiu a campo, apoiando fortemente Vadra e acusando Kejriwal de lançar lama sobre empresários honrados para se promover politicamente. O Ministro das Finanças, P. Chidambaram falou em defesa de Vadra.

No passado, Sonia Gandhi sempre buscou manter-se pessoalmente e seu partido afastados das acusações de corrupção, inclusive quando seu ex-ministro de Relações Exteriores, Natwar Singh e o Ministro das Telecomunicações, A. Raja, ou Suresh, apareceram envolvidos nos escândalos, em 2010, dos Jogos da Commonwealth.

Poucos na Índia teriam acesso ao nível de apoio com que Vadra conta. Mas poucos, também, operam naquele nível de poder, influência e privilégios. Vadra não dá um passo sem pesada escolta de guardas armados, em carros e helicópteros, sinal evidente de que o governo entende que, por seu contato íntimo com a “Primeira Família” indiana, tem direito ao nível máximo de segurança pessoal. É um dos poucos que, como o presidente e o primeiro-ministro da Índia, não é revistado em aeroportos indianos.

Politicamente, Vadra tem-se limitado a acompanhar o cunhado, Rahul Gandhi, visto por muitos como candidato “natural” do Partido ao posto de primeiro-ministro, e a esposa, Priyanka, nas suas campanhas eleitorais, mas há sinais claros de que gosta das luzes da ribalta. Em entrevista ao vivo à televisão, em março, na campanha para as eleições parlamentares distritais em Uttar Pradesh, Vadra disse que considera a possibilidade de candidatar-se algum dia, assunto que sua mulher tratou de descartar rapidamente.

A família Gandhi já enfrentou períodos difíceis no passado, como quando a família foi acusada de participação no escândalo de negócios de armas no Bósforo, nos anos 1980s, com vários políticos indianos, inclusive o então Primeiro-Ministro Rajiv Gandhi, acusados de receberem propinas. Com Vadra na mira de Kejriwal, o acusado precisará de defesa profissional, clínica. O povo indiano observa atento.

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