sábado, 30 de junho de 2012

Pepe Escobar: “Dançando miudinho. Como se fosse... 1997”


29/6/2012, Pepe Escobar, Asia Times Online – The Roving Eye
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Pepe Escobar
HONG KONG. Aconteceu há 15 anos: o dia em que os britânicos devolveram Hong Kong à China. [1] O general China fez os britânicos dançarem miudinho. Recuperar Hong Kong foi um dos pilares da estratégia de “cruzar o rio sentindo as pedras” de Deng Xiaoping, o Pequeno Timoneiro. Regra n. 1, “enriquecer é glorioso”. Depois, desenvolver as zonas econômicas especiais. Recuperar Hong Kong, tirando-a dos britânicos. Depois, um dia, anexar Taiwan. E, talvez lá por 2040, chegar a alguma variante de democracia parlamentar à europeia.

Tempos inebriantes, aqueles. Apenas fracos rumores sobre uma possível crise financeira na Ásia. Na China continental, a mídia relembrava as “humilhações” do passado – com direito a promoção pesada de um filme arrasa-quarteirões que contaria a verdade sobre as Guerras do Ópio. Nos jornais, na ilha de Hong Kong, reinava medo sinistro. E se o Exército de Libertação do Povo [orig. People's Liberation Army (PLA), o exército da República Popular da China] cruzar a fronteira à meia noite, numa blitzkrieg e militarizar todos os shopping-centers em Kowloon? Seremos todos doutrinados até nos transformarem em comunistas-modelo?

Deng Xiaoping
Era onde todos os correspondentes estrangeiros tinham de estar. O Clube dos Correspondentes Estrangeiros fervilhava como perpétuo concerto de rock. Na loja Shanghai Tang, o hit era um relógio Deng, de pulso. Os dias passavam em perene agitação, na luta para conseguir entrevistas e aferir a iminência do apocalipse, na opinião de residentes e analistas. À noite, as suarentas festas no Club 1997, em Lan Kwai Fong. Depois, era arrastar a ressaca de volta para o hotel e escrever matéria suficientemente densa para encher duas páginas de jornal por dia.

No final, tudo transcorreu numa normalidade que Deng apreciaria. [2] Chris Patten – o último governador britânico – partiu, num anticlímax. O Império Britânico era passado. O Exército chinês não invadiu a ilha. Festa monstro, no Club 1997. Dia seguinte, ressaca monstro e tudo, começava a verdadeira celebração. Meti-me num avião rumo à China.

Impensável indizível 

Mal sabia eu que a crise financeira asiática acabava de eclodir – com desvalorização monstro do Baht tailandês. Bom. Ainda dia 1º de junho, muitos de nós teríamos previsto alguma coisa, mas seria problema pequeno – mas ninguém preveria, nem ninguém previu, o tsunami financeiro que logo chegaria.

Robert Plant (Led Zeppelin)
Eu tinha planos de mergulhar na China profunda – nas entranhas da besta que, agora, mandava em Hong Kong. Robert Plant viajou no mesmo voo para Xian. Sim, ele, o Robert Plant (guitarrista do Led Zeppelin [3])menos Jimmy Page. Resisti à tentação de falar com ele, ante as barreiras abertas para a Caxemira. Mas acabou que estávamos no mesmo hotel em Xian – e cruzávamos no café da manhã. Ele viajava com o filho e o secretário. E, sim – estávamos na mesma viagem. Nada de Estrada 66 – mas a estrada mãe de todas as estradas. 

Sempre fui fanático pela Rota da Seda. A “Estrada da Seda” não é só o grande portão aberto para a Eurásia – de desertos letais como o Taklamakan a picos de montanhas nevadas – mas também ondas e ondas de história cultural que liga a Ásia à Europa. São impérios esquecidos como os Sogdianos, cidades de fábula como Merv, Bukhara e Samarcanda, oásis de fábula como Kashgar. Não é “uma” estrada, mas um labirinto de “estradas” – cujos braços alcançam o Afeganistão e o Tibete.

Tinha de começar pelo começo, em Xian, ex-Chang'an – embora muita seda chinesa viesse ainda mais do sul. Xian foi capital da China durante a dinastia Han, quando Roma dava a alma pela seda da China. E foi capital outra vez na dinastia Tang – quando a conexão com a Índia solidificou a Rota da China.

As galerias de Hong Kong estavam cheias de cópias de figuras Tang de terracota, como a Yang Guifei, também conhecida como “a concubina gorda”, [4] a mais afamada femme fatale na história da China. Turcos, uigures, sogdianos, árabes e persas, todos viveram nessa Roma chinesa – e construíram templos (a mesquita ainda é a mais bela na China; mais os três templos zoroastrianos já se foram).

Rota da Seda
Eu precisaria de mais alguns anos – e sucessivas viagens – para percorrer finalmente o núcleo da Rota da Seda, em diferentes trechos, obsessão que carregava desde o ginásio. Mas daquela vez queria concentrar-me na parte chinesa da Rota da Seda.

Comecei com um pintor/calígrafo que fazia cópias sublimes, em mandarim, de sutras do coração de Buda para monges que viviam há anos em cavernas nas montanhas ao norte de Chang'an. Foi supremamente difícil resistir a duas tentações: adeus jornalismo, por que não virar calígrafo, ou monge? Então, comecei a andar rumo oeste, através de Lanzhou – com desvio até o imaculado enclave tibetano de Xiahe e, no caminho, enorme concentração de Hui, muçulmanos chineses. Sempre por trem, ônibus e caminhões locais.

De Lanzhou fui até Chengdu, em Sichuan, de ônibus, depois a Lhasa no Tibete, de avião, ida e volta. Essa é uma ramificação clássica da Rota da Seda. Mas o que realmente me atraía era ir “ao impensável indizível” [orig. “beyond the pale”, intraduzível, nesse contexto]. Seguir o braço no extremo oeste da Grande Muralha e finalmente chegar a Jiayuguan – o “Primeiro e Maior Desfiladeiro sob os Céus”.

Foi tudo que eu esperava que fosse: uma espécie de cenário desolado para o fim do império. O fim (literal) da Grande Muralha. A oeste dali seria “o impensável indizível” [orig. “beyond the pale"]. Chineses banidos para oeste dali jamais voltariam. Ainda em 1997, olharam-me com ar incrédulo, quando eu disse que continuaria adiante, até Gansu, rumo aos desertos de Xinjiang. “Por quê? Lá não há nada.”

Faltavam ainda dois anos, para que Pequim lançasse oficialmente a política “Rumo ao Oeste”. A neocolonização superturbinada do “impensável indizível” além daquele ponto – uma Xinjiang extremamente rica em recursos naturais, mas povoada (ainda naquele momento) sobretudo por uigures muçulmanos – ainda não começara.

Morte, também chamada Taklamakan

Pelo desfiladeiro Gansu, cheguei finalmente às cavernas Dunhuang – dos maiores centros budistas da China por mais de 600 anos: uma festa de afrescos e imagens esculpidas em cavernas escavadas numa montanha na face leste do deserto de Lop e face sul do deserto de Gobi. Esplendor, deslumbramento, não bastam nem para começar a descrevê-las.

Um dos meus heróis eternos, o grande peregrino budista Xuanzang (602-664), parou em Dunhuang a caminho da Índia – onde recolheu textos sagrados para traduzi-los ao chinês (o que explica aquele calígrafo, lá atrás, em Xian).

O relato que o próprio Xuanzang escreveu de suas viagens épicas, Xiyuji (“Registro das Regiões Ocidentais”, ing.Record of the Western Regions  [5]) continua insuperado. Começou – e por onde começaria? – em Chang'an. Aconteceu de tudo, inclusive ter sido “torturado por alucinações” e ter de safar-se de “todos os tipos de demônios e seres estranhos”. Mas conseguiu voltar à China 16 anos depois, carregando uma fortuna em livros e estátuas de Buda.

A Rota da Seda bifurca-se em torno de Dunhuang. Tive de decidir. A estrada do norte segue a face sul das espetaculares montanhas Tian Shan – que acompanham o norte do aterrorizante deserto Taklamakan (cujo nome, em uigur, significa “você pode entrar, mas nunca sairá”). Ao longo do caminho, muitas cidades-oásis – Hami, Turfan, Aksu – antes de chegar a Kashgar.

Tomei essa estrada, sob temperaturas sempre próximas de 50 graus Celsius, montado numa Land Rover em ruínas com um Hui monossilábico que deu conta da trilha pelo deserto como um Ayrton Senna. E aquela era a rota “mais fácil” – comparada à rota do sul. Eu imaginava os monges budistas, montados em camelos, pelas montanhas Karakoram até Leh (em Ladakh) e Srinagar (na Caxemira) e dali até a Índia.

Sven Hedin 
Até tentar enfrentar as horrendas tempestades de areia do Taklamakan é absolutamente impossível. Resta contornar o deserto. Foi o que não fez o mais safo dentre os gigantes modernos da Rota da Seda, Sven Hedin (1865-1952), autor de My Life as an Explorer [6] (1926), homem de colhões de aço que enfrentou a morte incontáveis vezes e deixou atrás de si uma trilha cavalos, camelos e, claro, homens, mortos. 

Numa de suas aventuras, quando Hedin tinha esperanças de conseguir cruzar um canto sudoeste do Taklamakan em menos de um mês, os camelos morreram, um depois do outro; a caravana foi atingida por uma tempestade de areia; o último dos seus homens morreu; só Hedin chegou ao outro lado, “como se guiado por uma mão invisível”.

Eu, guiado pelo meu Hui bem visível, finalmente cheguei a Kashgar – uma volta alucinante à Eurásia medieval. Também ali, naquele momento, a neocolonização forçada dos Han estava apenas começando, em torno da estátua de Mao na Praça do Povo. A feira do domingo saía diretamente do século 10. Não se via um único chinês Han nem por perto da mesquita Id Kah verde-clara, nas rezas da madrugada.

Em Kashgar a Rota da Seda novamente se divide e desdobra-se. Os monges budistas viajariam pelo Hindu Kush por Tashkurgan, até os reinos budistas de Gandhara e Taxila, no Paquistão de hoje. Viajei pela estrada da amizade motorizada China-Paquistão – quero dizer, tomei a fabulosa autopista Karakoram de Kashgar pelo desfiladeiro Khunjerab, de jipe e ônibus local, direto até Islamabad, com uma parada no idílico vale Hunza. O norte do Paquistão estava em paz, naqueles dias pré-guerra-ao-terror; apesar de os Talibã estarem no poder no Afeganistão, não havia à vista praticamente nenhum islamista hardcore.

Rota da Seda percorrida pelo explorador Sven Hedin
Os mercadores da Rota da Seda fariam diferente. Tomariam o rumo norte, das montanhas Pamir até Samarcanda e Bukhara; ou rumo sul, das Pamirs a Balkh (no Afeganistão de hoje) e dali até Merv (no Irã). De Merv, uma rede de Rotas da Seda parte diretamente até o Mediterrâneo via Bagdá-Damasco, Antióquia ou Constantinopla (Istambul). Eu precisaria de mais vários anos para seguir trechos de todas essas estradas.

O caso é que, de repente, eu estava em Islamabad em negociações com os Talibã, enquanto por toda a Ásia o mundo financeiro vinha abaixo. Voltei a Cingapura e dali a Hong Kong. A Tailândia, a Indonésia, a Coreia do Sul estavam desmoronando. Mas Hong Kong sobrevivia, mais uma vez – agora, atentamente inspecionada por Pequim.

A mãe-pátria sabe das coisas

15 anos depois, nenhuma das tolas predições ocidentais sobre os chineses ‘endurecerem’ em Hong Kong, se confirmaram. A terceira transição suave de poder em Hong Kong, sob mando chinês, já está em andamento. O vice-presidente chinês Xi Jinping – próximo Imperador Dragão – já espalhou suas generosas bênçãos.

Eis o citação chave, do que disse Xi: “15 anos depois de devolvida à China, Hong Kong sobreviveu a várias tempestades. Acima de tudo, o princípio de “um país, dois sistemas” obteve enormes avanços (...). A economia de Hong Kong desenvolveu-se bem e a vida dos cidadãos melhorou. Houve avanços também no desenvolvimento democrático, e a sociedade tornou-se harmoniosa.”

Bem... Nem tão harmoniosa. É verdade: Hong Kong é a capital da Instant Profit Opportunity (IPO), Oportunidade de Lucro Instantâneo. É o principal centro offshore do mundo para o comércio de Yuans. É capital planetária sem igual – em muitos aspectos, põe New York no chinelo; é o melhor que o mundo tem a oferecer em ambiente ultracompactado. A economia da cidade cresceu todos os anos, exceto em 2009 – ano do abismo da economia mundial. O PIB cresce 4,5% ao ano, em média. O desemprego jamais ultrapassou 6%.  

Mas Hong Kong ainda não fez a transição para uma economia de alto valor agregado, economia baseada no conhecimento. O governo atual, de Donald Tsang aposta em “seis novas indústrias pilares”, que devem trazer “claras vantagens” com vistas ao crescimento: indústrias culturais e ‘criativas’; serviços médicos; educação; inovação e tecnologia; serviços de testagem e certificação; e indústrias ambientalmente orientadas.

O desenvolvimento desses “pilares”, até agora, é desprezível. Hong Kong continua a depender de suas quatro indústrias-núcleo: serviços financeiros, turismo, serviços profissionais e comércio. Mais de 36 milhões de turistas/ano não farão de Hong Kong uma sociedade baseada no conhecimento. A maioria dos turistas vêm – e de onde viriam? – da mãe-pátria. O chicote volta, bravo, sobre quem chicoteia: a maioria dos Hong-Konguenses os veem como “gafanhotos” – camponeses grosseirões, as malas estufadas de Yuan, pagando tudo à vista. E, isso, quando a desigualdade na própria Hong Kong cresce dramaticamente.

No que tenha a ver com Pequim, tudo é, sempre, “atravessar o rio, sentindo as pedras”. Eis, mais uma vez, o que disse Xi: “O governo da SAR [Special Administrative Region/Região Administrativa Especial] reuniu vários setores sociais sob forte apoio do governo central e da pátria-mãe.” A pátria-mãe tem lá suas próprias ideias de fazer reviver a Rota da Seda – e Hong Kong talvez possa ser parte do projeto, pelo menos no que tenha a ver com serviços financeiros.

Vai-se ver, talvez seja hora de bailar outra vez, como se fosse 1997, e outra vez atacar o Taklamakan. É... Pode-se tirar o menino de dentro da Rota da Seda, mas não se pode tirar a Rota da Seda de dentro do menino.



Notas dos tradutores

[1] 1/7/1997, Grã-Bretanha devolve Hong Kong à China (mais em: BBC ON THIS DAY -  1997: Hong Kong handed over to Chinese control).

[2] Deng Xiaoping morrera, aos 92 anos, dia 19/2/1997, menos de seis meses antes, portanto, do que Pepe Escobar narra aí (mais em: BBC ON THIS DAY1997: China's reformist Deng Xiaoping dies).

[3]
Assista a seguir: Robert Plant em “Stairway to heaven”, 1983.

[4] Imagem em: Yang Guifei

[5] Pode ser lido (em inglês) em: Xuanzang’s Record of the Western Regions

[6] Veem-se a capa e algumas páginas em: My Life as an Explorer

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sanções contra o Irã: EUA “concede alvará” à China [só rindo]


29/6/2012, M K Bhadrakumar*, Indian Punchline blog
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Leia também:

Hillary Clinton
A coisa ‘tá feia. Os chamados “dividendos da Guerra Fria” parecem passado longínquo. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, ao que se sabe, prepara-se para um confronto “cara a cara” [1] com seu contraparte russo, Sergey Lavrov, já iniciada a contagem regressiva para a conferência internacional patrocinada pela ONU, a acontecer em Genebra, no sábado. Clinton vai a São Petersburgo, a caminho de Genebra, para o confronto-cara-a-cara mãe de todos os confrontos-cara-a-cara da era pós-Guerra Fria.

Ótimo que Clinton tenha deixado serviço pronto – um “alvará” cômico – em Washington; antes de partir. Clinton decidiu, com muito aplomb, recomendar que o Congresso dos EUA conceda “alvará [2] à China, na questão das sanções contra o Irã. Para essa sua “determinação”, Clinton considerou que a China “reduziu significativamente” as importações de petróleo iraniano. Só não se sabe como a secretária Clinton teria chegado a conclusão tão intrigante, que a teria levado à tal “determinação”. Mistério. Boca fechada.

O que importa anotar é que Washington está tirando o corpo, escapando como pode, de um confronto cara-a-cara com Pequim. A vida, às vezes, é muito simples: ninguém morde a mão que o alimenta. A última coisa que os EUA querem é guerra comercial com a China.

Os EUA insistiram o mais que puderam, com a China, sobre as sanções contra o Irã. Os mais altos funcionários do governo Obama, inclusive o Secretário de Tesouro, Timothy Geithner, viajaram a Pequim, tentando defender a causa. A China ignorou-os todos. Insistiu que só respeita sanções determinadas pela ONU. O ministro chinês das Relações Exteriores repetiu, ainda semana passada, que as compras de petróleo iraniano são “legítimas”.

E o que dizem os fatos? Dizem que, sim, nos primeiros meses do ano, as compras russas de petróleo iraniano diminuíram, por causa de uma disputa de preços (que, em seguida, foi resolvida).

Os fatos dizem também que as compras russas de petróleo iraniano, isso sim, aumentaram cerca de 40%, a partir de abril: chegam hoje a mais de meio milhão de barris/dia. Os especialistas preveem que as importações chinesas subirão ainda mais, nos meses de junho e julho.

Mas os EUA preferem fingir que não estão vendo. Nesse episódio bizarro, há boa lição, que a Índia bem faria se aprendesse.

Os especialistas indianos não têm motivo algum para rolar pelo chão em pânico, sofrendo preventivamente as penas do inferno, ante o risco de os EUA amaldiçoarem a Índia por causa da questão iraniana. Os EUA não podem dispensar o mercado indiano – sobretudo pelos altos lucros gerados pelas exportações de armas dos EUA para a Índia. Na Índia, os fabricantes norte-americanos de armas sequer participam de concorrências oficiais!

O fato de que há hoje um ex-secretário de Estado dos EUA acampado em Delhi para defender a causa de Wal-Mart mostra bem de que lado sopra o vento. Em que outro lugar do mundo a indústria Wal-Mart poderia sonhar com abocanhar um mercado de $430 bilhões e mantê-lo abocanhado até o final do século 21?

O “alvará” para que a Índia continue a importar petróleo iraniano (já anunciada em Washington na véspera do Diálogo Estratégico EUA-Índia) foi favor que Washington quis assegurar-se, ela mesma para ela mesma, no exclusivo interesse de Washington.




Notas de rodapé
[1] 29/6/2012, Washington Post, Associated Press em: Clinton, Lavrov set for showdown over Syria ahead of international conference on transition  
[2] 28/6/2012, US Departamentt of State, Hillary Rodham Clinton em: Regarding Significant Reductions of Iranian Crude Oil Purchases



MK Bhadrakumar* foi diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança para várias publicações, dentre as quais The HinduAsia Online e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.

Crise Sistêmica Global: Alerta vermelho para Setembro-Outubro/2012



Quando as Trombetas de Jericó soarão sete vezes

por GEAB*

A evolução dos acontecimentos mundiais desenrola-se conforme as antecipações elaboradas pelo LEAP/E2020 durante trimestres recentes. A Eurolândia está finalmente saindo do seu torpor político e do curto-prazismo desde a eleição de François Hollande [1] à presidência da França e o povo grego acaba de confirmar a sua vontade de resolver os seus problemas no seio da Eurolândia [2], desmentindo assim todos os “prognósticos” das mídias anglossaxônicas e dos eurocéticos. A partir de agora, a Eurolândia (de fato a União Europeia menos o Reino Unido) vai, portanto, poder avançar e dotar-se de um verdadeiro projeto de integração política, de eficácia econômica e de democratização para o período 2012-2016, como o LEAP/E2020 antecipou em Fevereiro último (GEAB nº 62). É uma notícia positiva, mas nos próximos semestres, este "segundo Renascimento"  do projeto europeu [3] constituirá mesmo a única boa notícia a nível mundial.

Todas as outras componentes da situação global estão efetivamente orientadas num sentido negativo, mesmo catastrófico. Aqui, mais uma vez, os media dominantes começam a refletir uma situação antecipada desde há muito pela nossa equipe para o Verão de 2012. Com efeito, de uma forma ou de outra, mais frequentemente em páginas internas do que em grandes manchetes (monopolizadas há meses pela Grécia e o Euro [4] ), doravante encontra-se os 13 temas seguintes:

  1. Recessão global (mais nenhum motor de crescimento em parte alguma/fim do mito da “retomada estadunidense”) [5]
  2. Insolvência crescente, e doravante parcialmente reconhecida como tal, do conjunto do sistema bancário e financeiro ocidental.
  3. Fragilidade crescente dos ativos financeiros-chaves, como as dívidas soberanas, o imobiliário e os CDS na base dos balanços dos grandes bancos mundiais.
  4. Queda do comércio internacional [6]
  5. Tensões geopolíticas (nomeadamente no Médio Oriente) que se aproximam do ponto de explosão regional
  6. Bloqueio geopolítico global duradouro na ONU
  7. Colapso rápido de todo o sistema ocidental de aposentadoria por capitalização [7]
  8. Fraturas políticas crescentes no seio de potências "monolíticas" mundiais (EUA, China, Rússia)
  9. Ausência de soluções “milagrosas”, como em 2008/2009, devido à impotência crescente de vários grandes bancos centrais ocidentais (Fed, BoE, Boj) e ao endividamento dos Estados-nação.
  10. Credibilidade em queda livre para todos os Estados-nação que tenham de assumir o duplo encargo de um endividamento público e de um endividamento privado excessivos.
  11. Incapacidade para dominar/atenuar a progressão do desemprego em massa e de longa duração
  12. Fracassos das políticas de estímulos monetaristas e financeiras assim como das políticas de austeridade “pura”
  13. Ineficácia doravante quase sistemática dos grupos fechados internacionais alternativos ou recentes, G20, G8, Rio+20, OMC, etc. sobre todos os temas-chave do que já não é, de fato, uma agenda mundial [8] dada a ausência de qualquer consenso: na economia, finanças, ambiente, resolução de conflitos, combate contra a pobreza...
Segundo o LEAP/E2020, e conforme suas antecipações já antigas, assim como aquelas de Franck Biancheri desde 2010 no seu livro “Crise mondiale: En route pour le monde d'après”, este segundo semestre de 2012 vai realmente assinalar um ponto de inflexão importante da Crise Sistêmica Global e das respostas que lhe são dadas. 


Ele será caracterizado por um fenômeno, de fato, muito simples de compreender: se a Eurolândia está hoje em condições de abordar este período de modo prometedor [9] é porque atravessou nestes últimos anos uma crise de intensidade e profundidade sem igual desde o arranque do projeto de construção europeia após a Segunda Guerra Mundial [10] . A partir do fim deste Verão de 2012 serão todas as outras potências mundiais, Estados Unidos à cabeça [11] , que deverão enfrentar um processo idêntico.

É a este preço, e só a este preço, que elas estarão a seguir, em alguns anos, em condições de encetar uma lenta reascensão para a luz. 

Mas hoje, depois de terem tentado retardar o fracasso por todos os meios, chega a hora da fatura. E como em tudo, a capacidade retardar o inevitável paga-se com um custo extra, a saber o agravamento do choque de ajustamento à nova realidade. Trata-se, de fato, do fim de jogo para o mundo de antes da crise. Os sete clarins das trombetas de Jericó que assinalarão o período Setembro/Outubro 2012 provocarão a derrocada dos últimos pedaços do “Muro Dólar” e das muralhas que protegeram o mundo tal como o conhecemos desde 1945.

O choque do Verão de 2008 parecerá um pequeno furacão estival em comparação com aquele que vai afetar o planeta dentro de alguns meses.

O LEAP/E2020 jamais constatou a convergência temporal de uma tamanha série de fatores explosivos, e de fatores tão fundamentais (economia, finanças, geopolítica, ...), desde 2006, data do início dos seus trabalhos sobre a Crise Sistêmica Global.

Logicamente, na nossa modesta tentativa de publicar regularmente uma “meteorologia da crise” devemos, portanto, emitir para os nossos leitores um “alerta vermelho” pois é realmente a esta categoria que pertence o fenômeno que se prepara para impactar o sistema mundial em Setembro/Outubro próximo.


Neste GEAB nº 66 desenvolvemos nossas antecipações em relação a sete fatores-chaves deste choque de Setembro-Outubro 2012, “Os Sete Clarins das Trombetas de Jericó [12] que marcam o fim do mundo de antes da crise. Tratam-se de quatro fatores geopolíticos no Oriente Médio e de três componentes econômicos e financeiros no cerne do choque que vem aí:

  1. Irã/Israel/EUA: A guerra supérflua verificar-se-á
  2. A bomba assíria: o fósforo israelense-americano-iraniano no paiol Síria-Iraque
  3. O caos afegão-paquistanês: o exército dos EUA e da NATO, reféns de uma saída de conflito cada vez mais difícil
  4. O Outono árabe: os países do Golfo lançados na tormenta
  5. Estados Unidos: o “Armagedon fiscal” começa a partir do Verão de 2012 – A economia estadunidense em queda livre no Outono.
  6. A grande insolvência bancária chega em Setembro-Outubro/2012: Bankia versão City-Wall Street
  7. A insustentável leveza das Quantitative Easing do Verão de 2012 – os bancos centrais americano, britânico e japonês fora de jogo.
Desenvolvemos igualmente recomendações precisas sobre a maneira de minimizar o impacto do choque em preparação sobre a sua própria situação, quer seja um simples particular ou um decisor em empresas ou instituições públicas. Apresentamos igualmente o GlobalEurope Dollar Index do mês.

Finalmente, o LEAP/E2020 anuncia a retomada das suas formações em antecipação política, no próximo Outono, que doravante serão efetuadas on line a fim de responder aos pedidos chegados dos quatro cantos do planeta. Se o GEAB é um “peixe”, um produto acabado da antecipação, com estas formações esperamos ensinar um número crescente de pessoas a “pescar” o sentido nas águas turvas do futuro. Pois, se desejarmos que o fim de jogo do mundo de antes da crise desemboque na construção de um mundo melhor após a crise, parece-nos essencial desenvolver as capacidades de antecipação do maior número de pessoas.

Foi de fato esta ausência de antecipação que em grande parte provocou os erros na origem da crise atual.

Estas formações serão organizadas em parceria com a fundação espanhola não lucrativa FEFAP (Fundacion para la Educacion y la Formación en Anticipación Política) criada recentemente graças a uma doação de Franck Biancheri [13] .

Notas de rodapé

(1) Doravante os debates, saudáveis sobretudo se forem francos e amplos, preocupam-se com o médio-longo prazo, a integração políticas e as novas instituições necessárias. Daqui até o fim do Verão, a evidência de que a dimensão da Eurolândia é central impor-se-á e permitirá contornar a dificuldade das instituições a 27 membros que estão hoje num estado ruína e da omnipresença britânica a qual não permite nesta fase confiar-lhe uma tarefa importante para estabelecer a governança da Eurolândia. A problemática Hollande-Merkel tem a ver muito mais com esta realidade do que com uma divergência “instituições comum” ou “abordagem intergovernamental”. As instituições de Bruxelas também pertencem ao mundo anterior à crise e são inaptas a fundar a Europa do pós crise. Fontes: Deutsche Welle, 11/06/2012; Spiegel, 06/05/2012; El Pais, 10/06/2012; La Tribune, 10/06/2012.

(2) Que em contrapartida vai tornar mais tolerável o difícil ajustamento do país após 30 anos perdidos no seio da UE, perdidos, pois desperdiçados sem qualquer modernização do Estado grego. Fonte: YahooNews, 18/06/2012.

(3) MarketWatch de 14/06/2012 chega mesmo a prever para a Suíça uma inevitável integração na Eurolândia... como já havia feito do LEAP há algum tempo.  

(4) Estratégia de diversão obriga!

(5) Fontes: Bloomberg, 15/06/2012; Albawaba, 12/06/2012; ChinaDaily, 05/06/2012; CNNMoney, 11/05/2012; Telegraph, 04/06/2012; MarketWatch, 05/04/2012 .

(6) Fontes: IrishTimes, 12/04/2012 ; CNBC, 08/06/2012 .

(7) Fontes: WashingtonPost, 11/06/2012; Telegraph, 11/06/2012; The Australian, 15/06/2012; Spiegel, 06/05/2012; ChinaDaily, 15/06/2012 .

(8) Em dois anos houve realmente um deslocamento da agenda diplomática mundial.  

(9) A este respeito, o LEAP/E2020 antecipa a entrada das questões de defesa no cerne do debate sobre a integração política. Assim como o Euro foi criado no âmbito de um acordo complexo implicando um forte apoio francês à unificação alemã contra a mutualização do Deutsche Mark, a integração política que se perfila vai implicar a mutualização da “assinatura alemã” em contrapartida de uma forma de mutualização (pelo menos para o núcleo da Eurolândia) da dissuasão nuclear francesa. Os dirigentes franceses vão assim descobrir três coisas: que a questão da segurança/defesa preocupa muito seus parceiros da Eurolândia contrariamente às aparências (devido nomeadamente à perda de credibilidade rápida da proteção estadunidense); que não há razão para que um debate complexo e difícil seja provocado por esta nova fase de integração unicamente na Alemanha (a França também vai ter de se envolver) e finalmente que as opiniões públicas não são contra este tipo de abordagem muito concreta ao contrário dos tratados jurídicos incompreensíveis (como em 2005). Em matéria de defesa, assiste-se já a uma evolução importante: a França afasta-se silenciosamente de toda parceria significativa com o Reino Unido para se recentrar na cooperação com a Alemanha e os países do continente. O fato de o Reino Unido sempre prometer e nunca cumprir seus compromissos em matéria de defesa europeia (último até à data: o desenvolvimento comum de porta-aviões é posto em causa pela decisão britânica de não adaptar seu porta-aviões para receber os aparelhos franceses) foi finalmente analisado pelo que é, ou seja, uma tentativa ininterrupta de impedir a emergência de uma defesa europeia. E a redução drástica da capacidade de defesa britânica, por razões orçamentais tornaram-no, de fato, um parceiro cada vez menos atrativo. Fontes: Monde Diplomatique, 15/05/2012; Telegraph, 06/06/2012; Le Point, 14/06/2012.

(10) Choque ampliado na psicologia coletiva europeia e mundial pela incapacidade dos europeus durante este período de impedir serem instrumentalizados pela City e a Wall Street em matéria mediática, a fim de, por um lado, desviar a atenção das suas próprias dificuldades e, por outro, tentar “partir” esta Eurolândia em emergência que balouça a ordem estabelecida após 1945.  

(11) País que viu a riqueza dos seus habitantes ser reduzida em 40% entre 2007 e 2010 segundo um estudo recente realizada pela Reserva Federal dos EUA. Permitimo-nos lembrar que quando em 2006 indicávamos, desde os primeiros números do GEAB, que esta cria iria provocar uma baixa de 50% da riqueza das famílias americanas, a maior parte dos “peritos” consideravam esta antecipação como totalmente aberrante. E o estudo vai só até 2010. Como indicamos, ainda há pelo menos 20% de baixa que aguarda as famílias dos EUA. Este recordatório visa sublinhar que uma das maiores dificuldades do trabalho de antecipação é a imensa inércia das opiniões e a falta de imaginação dos peritos. Cada uma reforça a outra para fazer crer que nenhuma mudança negativa importante está ali na esquina. Fonte: WashingtonPost, 11/06/2012; US Federal Reserve, 06/2012.

(12) Para saber mais sobre o mito das Trombetas de Jericó: Wikipedia.  

(13) Ele deve ser um dos muito poucos operadores a terem feito entrar dinheiro no sistema bancário espanhol nestas últimas semanas. Prova de convergência entre análise e ação.

Junho/2012

Esta tradução foi extraída de Resistir e adaptada ao português do Brasil pela redecastorphoto.

Observação da redecastorphoto: Os “links” das Fontes mencionadas nas Notas de rodapé estão no Comunicado Público original em francês.

Um jornal em que a “notícia” (quase) tem boa chance de ser fato


Traduzido e comentado pelo pessoal da Vila Vudu

Entreouvido na Vila Vudu: Em mundo em que todos conhecemos a opiniãozinha da D. Eliane Cantanhede sobre tuuuudo, de “ética” a “Lula ficou maluco?”, passando por aviõezinhos Legacy & pilotinhos salafras; em que todos conhecemos a opiniãozinha da Carla Vilhena e da Ana Maria Brega, agora, também, da Fátima Bernardes reconvertida em neo Ana Maria Brega só que “noticiosa” e, claro, opiniõezinhas sempre sobre tuuuuuudo, de “ética” a políticas públicas e relações internacionais, passando por aquecimento global e antropologia dos tupinambá e técnicas culinárias para esquartejar maridos; em que todos conhecemos as opiniõezinhas metidas a inteligentíssimas do Arnaldo Jabor, sobre tuuuuuuuudo, de “ética” e “democracia” a “prender-matar-arrebentar toooodo mundo que não veja o mundo como mente que o vê o Arnaldo Jabor, neojornalista metido a besta... A NOTÍCIA ABAIXO É UM REFRIGÉRIO! Quem sabe estamos a um passo de ter jornalismo interessante, afinal, no mundo?

Calma, jornalistas empregados e patrões do Grupo GAFE (Globo-Abril-FSP-Estadão).

É só brincadeira...


Os criadores de jogos para internet procuram inspiração no jornalismo, desde antes de a Atari nos dar Paperboy. Em 1970, foi Deadline. Nos anos 50s, foram Scoop e Calling Superman.

Adrienne LaFrance
A meta sempre é cumprir o dever pressuposto de quem ganhe a vida como jornalista: entregar o jornal sem sem mordido pelo cachorro, nem devorado por abelhas, não deixar espaços em branco e montar a primeira página de um jornal diário, para atrair compradores.

Que tal um joguinho em que a notícia é real?

Quem está tentando criar esse fenômeno é Thomas Loudon, presidente do grupo holandês VJ Movement. A ideia, que está sendo desenvolvida, é um jogo para a empresa Facebook: os jogadores assumem o papel de correspondentes estrangeiros e têm de superar desafios do tipo “você tem de atravessar a fronteira e entrar no Irã” ou “salve crianças soldados na Somália” – diz Loudon.

Pitaco da Vila Vudu: Engraçado... Nem nesse jornalismo de brincadeirinha, alguém cogita de sugerir ao jornalista, coisa simples como: “Você é uma criança soldado na Somália. Pronto. Agora... REPORTE, SEJA VOCÊ A MÍDIA, FAÇA O SEU JORNALISMO!”

“O jogador tem de criar suas habilidades, sua personalidade, viajar pelo mundo virtual como um jornalista” – Loudon explica. – “Você coopera ou compete com outros jogadores-jornalistas. Você pode optar por fazer uma dupla com um fotógrafo, por exemplo. Ou você pode dispensar o fotógrafo e dizer “Vou sozinho”, mas pode não ser seguro”.

Os jogadores encontrarão questões, no jogo, que, muitas vezes, serão eventos do mundo real – bombardeio no Paquistão, batalhas entre cartéis de drogas na Colômbia – e matérias escritas por jornalistas reais.

Pitaco da Vila Vudu: nada se diz sobre “jornalistas reais” escreverem matérias encomendadas por “patrocinadores” ou ordenadas, até as subvírgulas, pelo editor-chefe.

Loudon diz que, para criar o novo jogo, está trabalhando com a rede de sua empresa, VJ Movement, que já reúne 300 jornalistas reais em mais de 100 países idem. Esses jornalistas receberam 750 euros, para produzir uma videorreportagem para o comercial do novo jogo.

O jogo poderá ser jogado gratuitamente na página da empresa Facebook, mas os jogadores podem comprar ‘recursos’, como em outros jogos. Nesse caso, serão matérias produzidas por jornalistas reais.

Pitaco da Vila Vudu: Outra vez, nada se diz sobre as notícias serem reais ou inventadas, como sempre, etc. etc..

Significa que o jogo, além da renda de publicidade que atrairá, também gerará meios para remunerar os jornalistas reais que produzirão jornalismo real.

Pitaco da Vila Vudu:Jornalismo real? Fictício, como o “jornalismo” do Grupo GAFE, Globo-Abril-FSP-Estadão? Sobre esse detalhe, nada se diz e nada se pergunta?!.

“O jogo será canal de venda para vários itens” – Loudon explica. – “Câmeras fotográficas, filmadoras, por exemplo, além de passagens aéreas, porque jornalistas, como se sabe, viajam muito, além de hospedagem em hotéis, reservas em restaurantes, etc.”.

Loudon diz que está procurando parcerias com empresas-imprensa, de modo que assinantes reais ganhem créditos no jogo.

Pitaco da Vila Vudu: na verdade otários reais, portanto, QUE PAGAM dinheiro real, para ler o “jornalismo” de opinionismo e ficção do Grupo GAFE - Globo-Abril-FSP-Estadão, por exemplo, no Brasil.

Loudon também espera negociar parcerias com “personagens cômicos, como os Smurfs, por exemplo, os quais, para ele, “têm muito a ver com jornalismo” (?!).

Todos os jornalistas [reais-fictícios e fictícios-reais] terão de comprometer-se com um Código de Ética: Qualquer jogador que deliberadamente distribua notícias que agridam a ética jornalística, receberá uma marca ao lado do seu nome, na lista de “correspondentes”, para que todos saibam que não é jornalista confiável.

Conclusão da Vila Vudu: TAÍ! Essa é excelente ideia! O leitor abrirá o jornal O Globo, por exemplo, e lá encontrará, ao lado do nome do “jornalista” Perval Mereira, por exemplo:

CUIDADO! Não é jornalista sério. É amiguinho do Kali Amel, sionista, racista, um ser desprezível. Não faz jornalismo: faz propaganda de desdemocratização. É Imortal da BLA e fascista sincero de renome, pode-se dizer, internacional. Vide WikiLeaks. \o/ \o/ \o/

O que mais, diabos, o jornalismo-que-há, feito por jornalistas-empregados e vendido a consumidores por empresas-imprensa inventará, para convencer a opinião pública diariamente engambelada por esses jornalismo, jornais e jornalistas, de que o engambelamento seria “fato”... ou, talvez, de que o “fato” produzido, comprado e vendido como mercadoria, não seria sempre e só, puuuuuuuuro engambelamento?!

O que mais faltará inventarem, depois que inventarem o jogo de fingir que, no jogo, todos noticiarão seriamente (mas só de brincadeirinha)?!