quinta-feira, 24 de maio de 2012

Pepe Escobar: “Como Osama reelege Obama”


25/5/2012, Pepe Escobar, Asia Times Online - THE ROVING EYE
Traduzido e informado pelo pessoal da Vila Vudu


Pelo Twitter da Vila Vudu @VilaVudu, ontem:
prá avisá que liberô geral: EUA vazô informação secreta prá Hollywood: WH leaks for propaganda film e hackeou sites no Iêmen: Clinton: U.S. hacked Yemeni al-Qaeda sites”  

Pepe Escobar
Acordo nuclear com o Irã? Retirada organizada do Afeganistão? A Eurozona arranjando pelo menos um pouco de fôlego? Petróleo a preços estáveis? Esqueçam. O eleitor estrangeiro crucialmente decisivo para Obama II na Casa Branca é Osama bin Laden. Chame de “para vencer, Obama dá um trato na estratégia Osama”.

Não surpreende que a estratégia para vencer tenha sido terceirizada para o combo Hollywood /Pentagon. Washington perdeu a Guerra do Vietnã, mas nas telas, venceu. A dona do Oscar, Kathryn (Hurt Locker/Guerra ao Terror) Bigelow já começou o processo de “vencer” a Guerra do Iraque nas telas – moralmente, que seja. Agora é hora de um novo projeto – outro filme, ainda sem título – sobre o raid “Pegue Osama”, em Abbottabad, em maio de 2011, e os eventos que levaram até o raid. Estrelando, POTUS (President of the US), como herói de seu próprio filme de ação.

Dê o fora, Homem Aranha!

Na essência, será um multimilionário spot de campanha eleitoral à moda Hollywood, de 90 minutos, que se verá em todas as telas dos EUA, vendendo Obama como o machão comandante-em-chefe que George W Bush sempre sonhou ser. É o mesmo modus operandi do recente Battleship  [1] -- que não passa de comercial de recrutamento para a Marinha dos EUA, super berrado.

A organização de defesa do interesse público Judicial Watch, [2] com sede em Washington-DC, acaba de revelar vários documentos – 153 páginas de registros do Pentágono; 110 páginas de registros da CIA – apresentados como “tão difíceis de arrancar das mãos do governo Obama quanto comprar um bilhete premiado na lojinha de doces local”. A Judicial Watch precisou de nada menos que nove meses e um processo federal, para obrigar o governo Obama a mostrar os documentos.

Os documentos detalham o processo pelo qual Bigelow e seu roteirista Mark Boal converteram-se em darlings de ambos, do Pentágono e da CIA. E ganharam acesso privilegiado ao “estrategista, planejador, operador e comandante do Team Six dos SEAL” – a super top equipe de Forças Especiais que (sim, segundo alguns; não, segundo milhões em todo o mundo) assassinou Bin Laden num raid contra o prédio onde vivia em Abbottabad no Paquistão, há um ano.

O ataque em si é descrito como “ ‘Corajosa Decisão’ de ‘POTUS’ ”, para o qual “foi crucial o envolvimento de WH [White House/Casa Branca].”

Bigelow e Boal tiveram acesso, até, ao “cofre” – o bunker da CIA onde aconteceu parte do planejamento tático decisivo para o raid.

Quanto a fotos e vídeos que provariam – acima de qualquer suspeita razoável – que o assassinado foi, mesmo, Bin Laden, Judicial Watch foi impiedosamente segregada. Para o governo Obama, é assunto de segurança nacional.

O que interessa é que tudo é super cool na operação Obama-Homem Aranha: com perfeito timing, o super comercial estará ao vivo nas salas de cinemas de todo o território dos EUA, dia 12 de outubro. Será a maior não-surpresa de outubro [3].



Notas dos tradutores

[1] No Brasil, Battleship – Batalha dos Mares; em Portugal, Battleship – Batalha Naval (2012). Trailer a seguir:

[2] 22/5/2012, Judicial Watch.

[3] Orig. “October non surprise”. A expressão “October Surprise” [surpresa de outubro] é do jargão político dos EUA. Aplica-se a artifícios de campanha eleitoral, cronometrados para acontecer em outubro e influenciar o resultado das eleições.

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