sábado, 5 de novembro de 2011

VESTÍGIOS DA SEMANA


*José Flávio Abelha

Finalmente sepultaram o pobre Juan, aquele menino cujo cadáver foi carregado por Ceca e Meca sob a alegação de que havia sido morto em um confronto com a polícia e necessitava de identificação etc..

Sua família lutou para provar que jovem havia sido assassinado por policiais, nem armado estava e foi o que se viu.

Até aí os acontecimentos fazem parte do show que a nossa legislação instiga. O que merece atenção, e tem passado despercebido, é o fato da família da vítima, depois de provada a covardia de policiais, pedir segurança... à polícia.

É a polícia protegendo o cidadão... da própria polícia!

A senadora Martha Suplicy, atendendo apelos da Presidenta Dilma e de Lula, acaba de retirar a sua pré-candidatura na convenção do PT que irá escolher o candidato a prefeito de São Paulo.

Seu ex-marido, o folclórico senador, continua firme na possível disputa. Mais dois candidatos também estão listados.

Se não desistirem, ficará patente que a democracia imperou na convenção.

O Dr. Ulisses arvorou-se em anticandidato à presidência da República. Fez uma peregrinação pelo Brasil, em Salvador, Malvadeza estumou uma cachorrada (cachorro mesmo) contra o candidato e seu companheiro antivice, o senador das Alagoas.

O mundo comentou que, embora sob um regime militar, houve disputa. Era o que a ditadura precisava e queria.

Martha mostrou coerência partidária e procurou não provocar um racha na agremiação. Fosse outra pessoa, que nunca vestiu a camisa, já estaria brigando e empunhando a bandeira com os velhos dizeres daqueles partidários neófitos: ou eu ou o caos!

A ilustríssima cientista de generalidades (entende e discute qualquer assunto) Lúcia Hippólito, analisando a desistência em benefício da candidatura Haddad, destacou a fragilidade do ministro, em particular os problemas com o ENEM, apontando as recentes lambanças.
Faltou-lhe isenção.

A lambança anual tem a sua origem.

De certa feita, uma gráfica, subsidiária da Folha de S. Paulo deixou escapar cadernos das provas, surrupiados por um empregado.
Agora, um professor (a) do estabelecimento de ensino pernambucano cometeu o delito.
Onde é que o ministro entra nisso?

A TV nos mostrou, ontem, mascarados em uma janela de um prédio. Lembrei-me daquelas cenas nas olimpíadas de Munich, quando mascarados metralharam atletas de Israel. Engano meu. As cenas que vi foram filmadas no campus da Universidade de São Paulo, prédio da reitoria.
O Sindicato da categoria, SINTUSP, alega “militarização absurda da USP”, “presença acintosa da polícia no campus” e “os policiais tentaram levar presos três estudantes, no pátio da História e Geografia, acusados de estar fumando maconha”.

Formou-se a confusão. Alunos querem a retirada do policiamento e alunos querem a permanência do policiamento.

Os mascarados, pelo que se lê, apresentaram duas condições para desocuparem o prédio, a saber: Retirada do policiamento e instalação de uma segurança da própria universidade e...nenhuma punição aos protestantes.

Resumo da ópera: o que eles querem é o perdão pelas faltas cometidas através da invasão, do quebra-quebra e da falta de respeito às leis e ausência total de cidadania, pois não se concebe universitários desrespeitarem um Oficial de Justiça, com vaias, empurrões, impedindo-o de, tão somente, entregar um documento de uma Juíza, ou seja, trabalhar.

Do que eu depreendo ser a universidade um campus de instrução, nunca de educação.

O deputado Romário acaba de declarar-se pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo seu partido. Por sua vez, seu partido já informou que não terá candidato próprio e que cerrará fileiras com a reeleição do atual prefeito.
Romário já informou que, se não for candidato, não acompanhará a sua agremiação partidária.

Um novato na política, Romário tem-se destacado com pronunciamentos e presença constante no plenário.

Isso não basta. Há que apanhar o jogo de cintura da política, da conversa de bastidores, dos acordos e mais o que a situação pedir. Não é demérito seguir esse caminho. Desde que o mundo é mundo que se exercita a política nesses termos. Nada de troca de favores, nada de porforól, nada de negócios escusos.

Um bom político tem a obrigação da fidelidade, da obediência e da ideologia partidárias. Não é demérito nem ser Maria-vai-com-as-outras.
É vestir a camisa do partido.

Dizem que o baiano Gil disse a Tancredo que gostaria de ser candidato a governador da Bahia.
O sábio Tancredo lhe disse que a sua estrada política começou na Câmara de Vereadores de S.J.Del’Rey, sua terra, depois, deputado estadual, federal, derrotado como candidato a governador, ministro, governador de Minas Gerais, senador e, finalmente, candidato a presidente.
Gil partiu para a vereança, depois, renunciou.

O exemplo de Martha está aí, vivo.
Que o baixinho, que tantas glórias nos deu no futebol, aprenda no Congresso Nacional a arte de fazer política, muito mais difícil do que fazer gol de placa.

O colunista, Wálter Maierovitch diz que o braço direito de Fernandinho Beira Mar foi morto, mas que ele continua a comandar o tráfico de drogas.

Pombas! Fernandinho está muito longe do Rio de Janeiro, trancafiado em uma prisão de segurança máxima. Como é possível que esteja comandando o tráfico?
Via celular? Quem lhe fornece aparelho, bateria, carregador? Via bilhetes? Quem é o pombo-correio?

Lula está doente e a oposição silenciosa. Tem lá os seus motivos.

Muita reza, muita vela, muita promessa para que o Sapo Barbudo tenha um urgente e pronto restabelecimento.

Com a doença, o prestígio de Lula já subiu uns pontos. Doente, ele elege quem bem entender, mais do que disse certa vez Delfim Netto, que ele elegeria até um poste.

Getúlio estava no seu auto-exílio de Santos Reis, em Itu, e bastou um telefonema transmitido por uma pequena emissora para incendiar o Brasil e o tsunami queremista invadiu a nação, surgiu o marmiteiro e olha lá o Chico Alves mandando: “Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar”.

Francelino Pereira, pouco antes de uma campanha para deputado, foi acometido de uma hepatite. O nordestino não desanimou. No leito do hospital foi fotografado, pálido, magro. A foto foi impressa em milhares de santinhos e distribuída, com uma mensagem do França, para o nordeste mineiro.
Favas contadas. Foi eleito!

A oposição sabe que Lula, sadio, já era imbatível, doente então, nem se fala. Um desenlace seria fatal para a oposição. De sapo viraria santo e a oposição iria amargar, no mínimo, algumas décadas sem poder subir a famosa Rampa.
Nos velhos tempos, um medalhão da UDN disse que não aguentava mais ser derrotado por cadáveres ilustres.

A VEJA continua a pautar a oposição.

Esta já não sabe mais o que inventar. Aguarda, esfregando as mãos, a próxima edição do panfleto para tomar um rumo.

Nos fins de semana a grande expectativa: qual será a denúncia da vez, o mesmo ministro ou tem carne fresca no açougue dos Civitas?
Pobre oposição que perdeu o rumo e anda a reboque do noticiário dos jornalões e das revistas oposicionistas.
Ainda agora a Câmara Federal convocou o Ministro Haddad para esclarecer o recente escândalo das provas.
O senador paranaense (aquele com a voz de locutor de rádio da A Hora da Saudade, nas madrugadas), já se apressou em impedir que o Ministro seja convocado para falar no Senado, sob a alegação de que não concordava em criar mais uma tribuna para o pré-candidato à prefeitura paulista fazer o seu proselitismo.

Se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come.

Meu opidano Lúcido, velho amigo, assalta-me com uma pergunta indigesta.

Os Correios detêm a exclusividade de cuidar da correspondência no Brasil, assunto de segurança nacional. Qual a razão de gastar milhões de reais em publicidade institucional, se não há concorrência?

Fiquei sem resposta e ele continuou.

Você já pensou, meu amigo, se todos os órgãos federais, estabelecimentos bancários e todos os penduricalhos dos ministérios, interrompessem, por somente UM ANO, as propagandas institucionais e tomassem duas atitudes: pagar exclusivamente editais e avisos importantes; carrear os milhões economizados, meio a meio, na construção de prisões e postos de saúde?
Um ano somente!

Você se lembra dos TIJOLAÇOS do Dr. Leonel? A imprensa não lhe dava espaço. O gaúcho comprava os espaços e publicava semanalmente o seu recado. Hoje o seu neto continua a fazer o mesmo.

Caro Lúcido, por favor, não divulgue esse seu palpite infeliz!

*Mineiro, autor de A MINEIRICE e outros livretes, reside na Restinga de Piratininga/Niterói, onde é Inspector of Ecology da empresa Soares Marinho Ltd. Quando o serviço permite o autor fica na janela vendo a banda passar . Agora, agitante do blog JANELA DO MUNDO. 

Crônica enviada por José Flávio Abelha e publicada em seu blog

Um comentário:

  1. (comentário enviado por e-mail e postado por Castor)

    Excelente, a notícia do Romario-candidato a Alcaide-mor carioca. Precisamos ter algo de novo e inédito na Prefeitura. Já votei nele. Nem quero saber que apito ele toca (partido). O importante é (per)furar aquela máfia que toma conta do Rio de Janeiro desde os anos-70/80.

    Nada tem jeito por lá, salvo se quebrarmos as canelas dos oportunistas que se aproveitam dos cargos públicos, os mesmos que acham que suas administrações é que inventaram a formosa paisagem da Guanabara, Por falar nesta, salvo aquele acinte urbanístico-especulativo da Barra da Tijuca, nada aconteceu na ex-Maravilhosa, desde a gestão de Carlos Frederico Furquim Werneck de Lacerda,

    As mesmas instalações subterrâmeas da City Improvements, da Light & Power Holding Trust of Toronto e da Sociétá Anonyme du Gaz não mais aguentam tamanho abandono e seus bueiros (im)(ex)plodem a valer.

    São Paulo e suas enchentes (alagamentos, dizem os de lá) e o Rio de Janeiro, tudo, são o retrato do descaso com que se lida com os interesses gerais de nossa sociedade,

    A propósito: quem são os arquitetos e urbanistas encarregados de projetar nossas instalações olímpicas?(*) Nada se divulga a respeito. É preocupante, porque os melhores arquitetos que temos já chegam aos 80, senão aos cento e poucos anos de idade...Andamos em fase muito mixuruca no setor, que estabeleceu um pacto com a falta de talento e distância do espírito de missão, tal como preconizaram Vitrúvio, Bruneleschi e, sobretudo, o genial Andrea Palladio.

    Se é para planejar o projeto e desenvolvê-lo, melhor seria convocarmos por edital escritórios estrangeiros, reprojetando tudo, a partir do Galeão. Assim fizeram os chineses para os seus Jogos Olímpicos inesquecíveis, sem-vergonha nenhuma (devíamos reservar a vergonha para outras coisas, como a própria [des] administração safada do COB).

    Abraços pequinenses do
    ArnaC.

    P.S.: outro dia, vi uma foto fajuta da perspectiva que se imaginou para a Zona Portuária. Simplesmente, um horror! Um desatino! De uma feiura monstruosa

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