domingo, 20 de novembro de 2011

A SEMANA NO ATACADO E NO VAREJO

Laerte Braga
É o tal negócio. Quando do advento do vídeo-cassete um diretor da antiga Rede Tupi de Emissoras Associadas – Assis Chateaubriand – disse que se estava assistindo a uma revolução no setor. A indústria, esperta como sempre, tanto produzia vídeos de alta qualidade e inúmeros recursos para consumidores das categorias A e B, como vídeos mais pobres para os consumidores de C para baixo.

É o termômetro Ermírio de Moraes para medir a ascensão social. O empresário compra dez calças Pierre Cardin a vista e o trabalhador uma calça em dez prestações mensais que vão diminuir a carne de cada dia.

Descem a rua vestidos iguais.

E ainda falam em democracia. Polícia senta o cassete aqui, nos EUA, na Grécia, no Egito, na Itália, na França e a “ajuda humanitária” vai para a Líbia. Destroem tudo e, lógico, se preparam para reconstruir.

O que eu quis dizer com tudo isso?

Você comprar um espaço maior ou menor no Jornal Nacional, desde que preencha determinados requisitos (não ser contra os EUA, ter o aval dos williams bonners & waacks, não oferecer riscos às elites brasileiras e seus jagunços, etc.).

A CHEVRON, por exemplo, arrumou uma lambança com um poço de petróleo na bacia de Campos (muito mal explicada, pois estava tentando avançar sobre áreas que não são dela) e vetou a presença de outras redes de tevê, ou empresas de mídia, mesmo sendo todas elas compráveis com facilidade.

Na Rede Globo notícia sai quentinha do forno do jeito que a CHEVRON quer.

Já que a moda é voar em avião de ONG (o tresloucado do Carlos Lupi) é também voar em avião de empresa. Isenta, íntegra, honesta, mandando notícias sempre verdadeiras (epa!) a Rede Globo fechou um negócio com a CHEVRON, colocou o seu repórter no avião da empresa com direito a mordomias, etc., etc. e noticiou o desastre ecológico com o perfil desejado pela empresa.

Custou caro, evidente. Um trem desses não sai barato. Afinal como a Rede Globo vai sustentar todo aquele esquema de mentiras e podridão de todos os dias?

O negócio foi tão escandaloso que até Ricardo Boechat da Rede Band reclamou. Queria o dele...

Já o desastre ecológico em toda a sua extensão, os danos causados a curto, médio e longo prazo... Bom, esse a GLOBO não está nem aí. Recebeu para dizer que tudo vai ser resolvido nos conformes.

Deve ser por isso e por outros issos que Bonner chama o telespectador do Jornal Nacional de idiota, ou melhor de Homer Simpson.

Na esteira da Rede Globo, para faturar uma beirada, a Folha de São Paulo insinua que o desastre é culpa do governo. Os “planos” não teriam saído do papel.

A culpa do governo é ter entregue parte do petróleo brasileiro e continuar entregando a quadrilhas como a CHEVRON.

***

Semana de NEM, o super traficante da Rocinha, preso com direito a espetáculo e a manchete de primeira página no The Globe em sua versão brasileira, O Globo. “A ROCINHA É NOSSA”.

Nossa de quem cara pálida? Dos especuladores imobiliários que já estão enchendo os bolsos da mídia e seus sicários de olho nos arranha-céus do futuro?

Bando de bandidos. Soa meio esquisito? Não tem importância, tem bando de pássaros, bando de urubus, bando de coiotes, bando de hienas, etc., etc..

Quem não tem como comprar horário no Jornal Nacional se vire com outros menores, Folha, Veja (está promovendo liquidação, mas tem pré requisitos também), RBS (nesse se você for filho ou parente de diretor pode estuprar a vontade que não acontece nada), Estado de Minas, a corja impressa, via rádio, ou tevê.

A máfia do lixo, conjunto de empresas que saqueia municípios brasileiros com a privatização do setor, achou uma alternativa para as dificuldades com o lixo hospitalar. Compra prefeitos e câmaras municipais de pequenos municípios, anuncia a geração de um número elevado de empregos, vende a idéia de progresso, passa a importar lixo de outros municípios, lixo industrial, lixo hospitalar, despeja tudo na conta da saúde e todos felizes com o emprego.

É o caso do município de Ewbank da Câmara, MG. Prefeito e vereadores no bolso e lá vai para lá o lixo hospitalar de várias cidades inclusive do Rio de Janeiro.

Em Juiz de Fora, MG, a empresa é a Queiroz Galvão, máfia das mais truculentas, recebe lixo de várias cidades, num aterro sanitário ilegal, isso depois de ter comprado prefeito anterior, prefeito atual, diretores da FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente - e tudo o mais, inclusive governo do Estado no seu todo.

Isso implica em riscos para uma barragem, a de Chapéu D’vas, como para várias reservas naturais de água, mas segundo os caras é progresso, além da propina que propicia a prefeitos, vereadores, etc.

E a mídia, não podia deixar de ser, é parte indispensável do processo de compre no atacado ou no varejo, mas compre. Ou seja, comprado, depende da maneira de olhar.

O modelo político e econômico está falido. Não há saída dentro do institucional.

É hora de ir às ruas e buscar caminhos diversos, diferentes dos que nos tem sido oferecidos com o pomposo título de democracia, mas que na prática só beneficia as elites.

Nada de ir às ruas de maneira desorganizada, do contrário fica igual o Egito. O povo derruba Mubarak e Mubarak permanece através dos militares todos subordinados aos EUA (parece até que é por aqui).

Por aqui acabo de me lembrar da Comissão da Verdade. Os torturadores, peritos em barbárie, estupros, toda a sorte de crueldade vão se defrontar com a tal da verdade. Estão em pânico escorados no patriotismo (“último refúgio dos canalhas”, segundo Samuel Johnson) e escondidos atrás da saia da anistia que fizeram para garantir a covardia dos porões da ditadura militar.

Ir com direção e certeza que ou ocupamos os espaços em cada cidade, ou cada cidade, nossas realidades imediatas, irão virar propriedade privada de máfias do lixo, da água, do escambau.

Daí a chegar ao País é barbada. É onde a CHEVRON já está, senhora de parte do nosso petróleo.

Pode ser que no período natalino a Rede Globo faça um desconto, quem sabe? Essa conversa de barganha com bandidos é com ela mesmo.

Olhe, no futuro, não tão distante assim, vão exibir em jaula um trem chamado ser humano mais ou menos assim, deve ser no “Fantástico”, principal porta voz da imbecilidade televisiva em nosso país (porque resumo de fatos à feição dos donos).

Vamos lá, apresentação de Faustão e Luciano Huck.

“Eis aqui, nesta jaula por medida de segurança, o perigoso ser humano, espécie em extinção. Tem o hábito de pensar e isso é perigoso, pior ainda porque fala, transmite seus pensamentos e dessa forma pode contaminar nossa sociedade democrática, cristã, ocidental, limpa, que usa Harpic todo diz para o vaso sanitário e Omo para tirar manchas. Observem bem as características criminosas dessa figura felizmente sob controle”.

Viva os imbecis e a geração de empregos/doenças! Morra mais cedo, mas seja parte do progresso das elites.

Enviado por Nanda Tardin

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