sexta-feira, 1 de julho de 2011

Relatório “de fracasso” enfurece o Paquistão

Prossegue o golpe da CIA contra o Paquistão: ENTRAM EM CENA AS ONGs...

Malik Ayub Sumbal
31/6/2011, Malik Ayub Sumbal, Asia Times Online 
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Ver também:
12/6/2011,Militares paquistaneses ‘enquadram’ os EUA” – MK Bhadrakumar,Indian Punchline  
15/6/2011,CIA-EUA vs Serviço Secreto do Paquistão: Guerra de espiões, sem limites - MK Bhadrakumar, Indian Punchline 
16/6/2011,CIA tenta amotinar o exército do Paquistão - MK Bhadrakumar,Indian Punchline  

ISLAMABAD. O Paquistão apareceu em 12º lugar numa lista de estados fracassados em todo o mundo, segundo novo relatório preparado pelo Fund for Peace, ONG de pesquisa e educação que trabalha para prevenir conflitos violentos e promover segurança sustentável em todo o mundo. O relatório é assinado por J J Messner, principal sócio e editor-chefe da organização, e equipe. O Afeganistão, país vizinho, aparece em 7º lugar na mesma lista [1].

A lista de 2011 é a 7ª edição desse relatório anual, que considera forças definidas como positivas de cada país (no total, são 177) e os desafios que enfrentam. O índice é construído por software e uma plataforma analítica que são propriedades exclusivas do Fund for Peace conhecidos como CAST (Conflict Assessment Software Tool). Como se lê no Relatório, “só se consideram fontes de informação acessíveis por meios eletrônicos” ().

Ano passado, o Paquistão apareceu em 10º lugar; esse ano aparece na categoria “estado fraco, mas não fracassado”.

Essa semana, o Fund for Peace, que tem sede em Washington DC, informa que “estados fracos e fracassados apresentam desafios e criam problemas para toda a comunidade internacional e para os estados vizinhos”. Numa introdução à lista, o Fund escreveu:

“Ao chamar a atenção para questões definidas como pertinentes para os estados fracos e fracassados, o Failed States Index[Índice de Estados Fracassados] – o quadro teórico de ciências sociais e o aplicativo de software que permitem construí-lo – oferecem boa avaliação de risco político e um alerta para a iminência de conflitos, acessíveis a políticos, administradores públicos e ao público em geral. 

Estados fracos e fracassados apresentam desafios a toda a comunidade internacional. No mundo em que vivemos, com a economia altamente globalizada, com os sistemas de informação entrelaçados com os sistemas de segurança, pressões que se apliquem sobre estados frágeis podem ter sérias repercussões” (Failed States Index 2011).

O governo do Paquistão criticou duramente o relatório, alegando que se baseia em fatos e números falsos, e que seria parte de uma campanha que está em andamento na mídia ocidental, alimentada por ONGs pouco confiáveis, para mostrar o Paquistão sob luz desfavorável.

Matéria recentemente publicada na revista Foreign Policy, dizia que o Paquistão aparecia numa lista de países que estariam à beira da destruição.

Nosso jornal Asia Times Online fez repetidas tentativas para entrevistar a ministra de Informação e Imprensa do Paquistão, Dra. Firdos Ashiq Awan, sem qualquer sucesso.

Mas o ex-ministro federal da Informação do Paquistão, senador Muhammad Ali Durrani, comentou o Relatório: “Todos esses relatórios são feitos sem qualquer base científica, usam dados de propaganda e visam a difamar o Paquistão. O Paquistão não é estado fracassado, e nada indica que venha a ser em algum futuro próximo.” Disse também que o Paquistão é país de economia e de instituições fortes.

Durrani também rejeitou como “ridículos, cômicos, escandalosos” relatórios que existem para “comprovar” que o governo do Paquistão estaria envolvido em desvio dos fundos de ajuda exterior.

Segundo o relatório do Fund for Peace, cinco instituições centrais no Paquistão estariam em estado crítico – a liderança política, todo o corpo militar, a polícia, o judiciário e o funcionalismo público.

Segundo o relatório, a população do Paquistão é de 176,3 milhões. Principais produtos de exportação: têxteis, arroz, produtos de couro e produtos químicos.

Sempre segundo o relatório, os indicadores sociais e econômicos seriam preocupantes e estariam em “nível de alerta”. A população estaria crescendo a taxas moderadas (com alta porcentagem de jovens) e a taxa de mortalidade infantil é definida como moderadamente alta; e o país teria também problemas crônicos de segurança alimentar. Saneamento básico insuficiente e assistência médica inadequada aumentariam o risco de transmissão de doenças infecciosas.

O relatório diz que mais de 37% da população viveria abaixo da linha da pobreza. A principal preocupação seria a inflação (15% em 2010). E que pressões econômicas teriam reduzido a capacidade do governo para investir mais no desenvolvimento do país.

O Banco Mundial alertou recentemente o Paquistão para que melhorasse o desempenho, dadas a desigualdade crescente e as altas taxas de inflação – dois fatores que se agravaram depois das grandes inundações de 2010. (...)

Relatório publicado pela ONG “Transparência Internacional” em 2010 dizia que o Paquistão seria o 7º estado mais corrupto da região do Pacífico asiático e o 34º do mundo. Esse relatório foi duramente criticado pelo governo e o ministro do Interior Rehman Malik disse que a ONG Transparência Internacional seria ator “anti-Paquistão”, interessado em desestabilizar o quadro democrático no país.

*Malik Ayub Sumbal é jornalista investigador “freelance” com sede em Islamabad, Paquistão. Trabalhou por mais de oito anos para uma série de jornais nacionais e internacionais, revistas, agências de notícias e canais de televisão. 
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NOTA

[1]. Somália, Sudão e Chad aparecem como os três estados mais fracassados do mundo. No extremo oposto da lista, como estados menos fracassados, aparecem Suécia, Noruega e Finlândia. Veja lista completa

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