quarta-feira, 27 de julho de 2011

Rebeldes líbios perderam terreno, desde o início do ataque da OTAN

Kim Sengupta

Intervenção EUA-OTAN: guerra fútil


27/7/2011, Kim Sengupta, The Independent, UK 
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Combatentes rebeldes perderam toda a terra que ganharam contra as forças de Gaddafi, apesar de os bombardeios da Otan
Combatentes rebeldes perderam todo o terreno que ganharam contra as forças de Gaddafi, apesar de os bombardeios da OTAN

Estão em andamento novos esforços diplomáticos para pôr fim à sangrenta guerra na Líbia. O enviado especial da ONU voou a Trípoli para conversações, depois que a Grã-Bretanha, seguindo o exemplo da França, aceitou que não há meios para bombardear Gaddafi até empurrá-lo para o exílio.

A mudança na posição dos dois exércitos mais ativos da coalizão é simples rendição aos fatos. Apesar de mais de quatro meses de bombardeio aéreo quase ininterrupto pelos jatos da OTAN, os rebeldes não obtiveram nenhuma vantagem militar. O coronel Gaddafi sobreviveu ao que, para muitos observadores, não passou de atentado concebido para matá-lo; e, apesar da deserção de alguns poucos de seus principais comandantes militares, não há qualquer sinal de que possa ser deposto por golpe palaciano.

O regime controla hoje cerca de 20% a mais de território, do que imediatamente depois do levante de 17 de fevereiro.


Até agora, o principal obstáculo a um acordo de cessar fogo era a insistência da oposição armada e de seus apoiadores ocidentais, de que o coronel Gaddafi e sua família deixem a Líbia. Mas no início de julho, Mustafa Abdul Jalil, líder do Conselho Nacional de Transição, já declarou que Gaddafi “pode continuar” no país, desde que deixe o governo.

O presidente francês Nicolas Sarkozy tinha esperanças de poder declarar vitória no discurso de 14 de julho, nas comemorações da Queda da Bastilha. Pouco depois dessa data, contudo, seus ministros da Defesa e das Relações Exteriores já falavam em tentar um acordo negociado.

A Grã-Bretanha, que pareceu ter sido colhida de surpresa pela rendição dos franceses, ainda tentou encenar uma continuidade da “linha dura”. Nem isso deu certo. Há menos de 48 horas, primeiro Downing Street e depois também o ministro britânico de Relações Exteriores William Hague já aceitaram que o coronel Gaddafi permaneça na Líbia. O ministro Hague disse que a Grã-Bretanha aceitará qualquer acordo que venha a ser conseguido na Líbia.

Muitos militares britânicos jamais manifestaram qualquer entusiasmo pela missão na Líbia; questionaram o comando e, privadamente, reclamaram de ‘a coisa’ ter sido deixada inacabada também no Afeganistão. Os esforços de David Cameron, para censurar os comandantes que manifestaram pouca disposição para combater duas guerras, ao mesmo tempo em que o exército sofre cortes de despesas, só fez aumentar a insatisfação.

O enviado da ONU à Líbia, Abdul Elah al-Khatib, reuniu-se com a oposição em Benghazi, antes de viajar para Trípoli.

Entrementes, o regime líbio, que oferecera cessar-fogo incondicional há um mês, com claras indicações de que o coronel Gaddafi desistiria de permanecer no governo, parece ter, agora, novamente, endurecido. Agora, os líbios exigem o fim completo dos bombardeios da OTAN, antes de iniciar qualquer negociação; e exigem também a liberação do dinheiro do estado líbio que permanece confiscado pela comunidade internacional.

Ainda não se sabe se o acordo de paz implica supervisão. Os países da OTAN insistem em não desembarcar soldados em terra; mas Alain Le Roy, chefe das operações de paz da ONU. já declarou que a organização está sem soldados disponíveis. Os rebeldes relutam em envolver forças da União Africana, sob o argumento de que muitos dos estados-membros da União Africana eram clientes do regime de Gaddafi.

Abdelbaset al-Megrahi, acusado de ser o responsável pela explosão em Lockerbie, libertado da prisão onde estava, na Escócia, há quase dois anos, porque estaria sofrendo de doença terminal, com morte prevista para no máximo três meses, é esperado em Trípoli, para uma manifestação pró-Gaddafi.

Megrahi foi visto em cadeira de rodas, em programa transmitido pela televisão estatal líbia, apresentado como transmissão ao vivo. Um locutor o apresentou e disse que a condenação pela explosão do voo 103 da Pan Am, sobre a cidade de Lockerbie, em 1988, não passou de “conspiração”. Megrahi cumpriu oito anos, de uma sentença de 27 anos de prisão, pelo atentado no qual morreram 270 pessoas.

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