sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

China é a pior, quando se trata de censura

Julian Assange diz que Pequim possui tecnologia de interceptação agressiva e sofisticada, e que a WikiLeaks trava uma batalha para garantir o fluxo de informação e que os leitores chineses possam chegar ao site. Ler mais sobre a WikiLeaks em Wikifugas

ARTIGO | 13 JANEIRO, 2011 - 15:43
“Acho que está surgindo na mídia hegemônica a consciência de que se eu posso ser indiciado, 
outros jornalistas também podem”, diz Assange. Foto de Luis Carlos Diaz
O cineasta e jornalista John Pilger entrevistou Julian Assange para a New Statesman. O blog da revista publica alguns extratos da entrevista, traduzidos e reproduzidos abaixo.

“A China é o pior criminoso”, quando se trata de censura, diz Assange. “A China tem tecnologia de interceptação agressiva e sofisticada que se coloca no meio de todos os leitores no interior da China, e de todas as fontes de informação no exterior. Estamos a travar uma batalha para garantir que a informação possa passar, e existem hoje todas as formas de os leitores chineses poderem chegar ao nosso site”.

Sobre Bradley Manning – o soldado dos EUA acusado de entregar os telegramas diplomáticos à WikiLeaks – Assange diz: “Nunca tinha ouvido o seu nome antes de ter sido publicado na imprensa”. Ele argumenta que os EUA estão a tentar usar Manning – atualmente preso em solitária nos EUA – para mover um processo contra o fundador da WikiLeaks:

“Quebrar Bradley Manning é o primeiro passo”, diz o hacker australiano. “O objetivo é claramente quebrá-lo e forçá-lo a confessar que de alguma forma ele conspirou comigo para prejudicar a segurança nacional dos Estados Unidos”.

Essa conspiração seria impossível, de acordo com Assange:

“A tecnologia da WikiLeaks foi projetada, desde o início, de forma a garantir que nunca sabemos a identidade ou nomes de pessoas que enviam material. É tão impossível seguir-lhes a pista quanto é impossível censurar-nos. Esta é a única forma de garantir proteção às fontes”.

Os advogados Assange advertiram que se ele for extraditado para os Estados Unidos pode enfrentar a pena de morte – para embaraçar os líderes do governo dos EUA.

“Eles não querem que o público saiba destas coisas e é necessário encontrar 'bodes expiatórios'”, diz Assange.

E, apesar da pressão que o site tem sofrido, os relatos sobre os problemas da WikiLeaks são muito exagerados, afirma Assange.

“Não há 'queda' Nunca publicamos tanto como agora. A WikiLeaks agora é espelhada em mais de 2.000 sites. Não posso controlar os sites que estão a fazer a sua própria WikiLeaks... Se algo acontecer a mim ou à WikiLeaks, serão divulgados arquivos de 'seguro'.”

O conteúdo desses arquivos é desconhecido, mas, de acordo com Assange, “eles falam mais da mesma verdade do poder”. Mas não é só o governo que deveria estar preocupado com o conteúdo desses arquivos. “Há 504 telegramas da embaixada dos EUA sobre uma organização de média e há telegramas sobre Murdoch e a News Corp”, diz Assange.

As tentativas dos EUA de indiciar Assange deveriam preocupar a imprensa hegemônica, acrescenta.

“Acho que está surgindo na mídia hegemônica a consciência de que se eu posso ser indiciado, outros jornalistas também podem”, diz Assange. “Mesmo o The New York Times está preocupado. Não costumava estar. Se uma fonte era processada, editores e repórteres estavam protegidos pela Primeira Emenda, coisa que os jornalistas tinham como certo. Isso está se perdendo”.

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

Um comentário:

  1. Vejam só como o australiano globalizado Assange é um ocidentalista (apesar de a turma do Tea Party jamais admiti-lo). Pois bem, a China censura, sim, na medida em que seus projetos nacionais são sabotados pelas Potências Centrais do Ocidente. Esta minha comunicação por Internet é transmitida pela Claro (sem publicidade, por favor), de modo que, no Brasil, posso captar attachments e links. Não tenho como justificar a barreira de interceptação chinesa, óbvio, mas a compreendo integralmente: um país com limitados recursos naturais e 1.35 bilhão e milhões de bocas a alimentar, ainda uns 150 milhões de analfabetos e situações de miséria absoluta chegar à segunda colocação mundial - superando o Japão e a Alemanha e estabelecendo nova plataforma geopolítica na Ásia, na África e em regiões e nações em desenvolvimento - merece alguma reflexão. A propósito, tornou-se nossa maior parceira comercial, fabrica em joint-ventures aviões da Embraer e, nas últimas duas décadas, acumula cerca de 160 investimentos de companhias brasileiras associadas a empresas chinesas.

    Abraços do
    ArnaC

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