quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

WIKILEAKS: Telegrama Wikivazado de Cuba

WIKILEAKS: Telegrama Wikivazado de Cuba, no qual se aprende que disciplina é indispensável até pra espionar, pra trair, essas coisas!

Telegrama WIKIvazado de Cuba, que mostra que nenhum “dissidente” merece confiança plena sequer das pessoas a favor das quais espiona e trai.

Aí se vê também, que até o representante dos interesses dos EUA em Cuba é PERFEITAMENTE capaz de produzir análises mais interessantes que, por exemplo, o William Waack e aqueles panacas que o William Waack entrevista no Globo News sobre Cuba. E pode também produzir análises MUITO MAIS interessantes que as que o Merval Pereira vive de impingir aos infelizes leitores pagantes de O Globo [hehehehe].

Ah! E não esqueçam: DISCIPLINA É INDISPENSÁVEL, até pra espionar! [hehehehehe]

“Jornalistas independentes”, é? Conta outra! [Hehehehe, muitos]
Traduzido e comentado pelo pessoal da Vila Vudu 
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Reference ID
Created
Released
Classification
Origin

[Cabeçalho aqui omitido]

S E C R E T SECTION 01 OF 02 HAVANA 009102 / SIPDIS

ASSUNTO: ROCA, SANCHEZ CONTESTAM POLÍTICA DE ACESSO À INTERNET DA SESSÃO HAVANA [DO ESCRITÓRIO] QUE REPRESENTA OS INTERESSES DOS EUA EM CUBA

1. (C) RESUMO: Dia 18 de abril, XXXXXXXXXXX pediram uma reunião com [A SESSÃO HAVANA DO ESCRITÓRIO QUE REPRESENTA OS INTERESSES DOS EUA EM CUBA], sem declarar o motivo. Na reunião do dia 24 de abril, apresentaram uma lista de dez jornalistas independentes banidos dos dois centros Internet desse escritório desde 2004, dizendo que o banimento havia sido injusto. XXXXXXXXXXX declarou o banimento excessivo e disse que equivalia a um golpe de morte contra jornalistas independentes. Pediram que esse escritório reconsidere a punição dos jornalistas banidos. Os dez estão no grupo relativamente pequeno de cubanos cujo acesso privilegiado aos recursos de Internet nesse escritório foram cancelados, por aqueles jornalistas repetidamente perturbarem outros usuários ou o pessoal que trabalha nesse escritório ou por cometerem outros tipos de agressões ou ofensas. COM explicou que o acesso aos nossos centros de Internet exige comportamento adequado. Os dois dissidentes e o encarregado desse escritório também discutiram a cisão entre Santiago e Havana, a transferência de Gustavo Machin e o que mantém Fidel Castro acordado até às 3 da manhã. FIM DO RESUMO. 

2. (C) XXXXXXXXXXX solicitou encontro com o encarregado desse escritório. Dia 24 de abril, no encontro, criticaram a prática desse escritório de proibir a visita aos nossos Centros Internet, de cubanos que repetidas vezes criaram confusão lá. Os dois entregaram uma carta de uma página, contendo os nomes de 10 jornalistas independentes que descreveram como “pessoas de comprovada credibilidade política e civil”, que “trabalham todos os dias pela democracia em Cuba” mas que, desde 2004, foram proibidos de entrar nos dois prédios onde estão instalados as unidades de acesso a internet desse escritório. No que pareceu golpe contra ativistas seus companheiros, com os quais pareceu ter tido algum desentendimento, XXXXXXXXXXX reclamou que funcionários desse escritório teriam criado uma lista negra com os nomes de alguns dos 10, em 2004, depois de discutirem o caso com XXXXXXXXXXX e XXXXXXXXXXX. Disse que muitos jornalistas independentes foram postos naquela lista negra, depois que não aceitaram escrever sobre XXXXXXXXXXX para “Promote Civil Society”, ou porque escreveram sob luz desfavorável.  XXXXXXXXXXX pediu que esse escritório reconsiderasse os banimentos, que chamou de draconianos. Disse que a proibição pesa sobre jornalistas independentes – já atormentados pelo governo de Cuba – como dupla proibição. 

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ESSE ESCRITÓRIO EXPLICA QUE É PRECISO DISCIPLINA 
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3. (C) O encarregado aceitou a carta e prometeu discutir o conteúdo com outros elementos desse escritório, que definiu como pessoas comprometidas com a justiça e o equilíbrio. Mas ainda assim explicou que é preciso disciplina nos centros de acesso a Internet desse escritório; e disse que esse escritório não tem favoritos ou preferidos, nem preferências, no que tenha a ver com o acesso aos Centros Lincoln ou Roosevelt. O encarregado observou que esse escritório está encorajando outros países que têm presença diplomática em Havana a oferecer acesso à Internet.  (Nota: A Embaixada da Noruega oferece acesso à internet a alguns cubanos, num terminal de computador. Os holandeses estão planejando organizar um centro, e britânicos e tchecos, pelo que se ouve dizer, consideram movimento semelhante. Os canadenses planejam um centro internet com oito computadores. FIM DA NOTA.) 

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DIVISÃO LESTE/OESTE EM CUBA 
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4. (C) Discutiu-se em seguida a divisão física e psicológica entre Havana, no oeste, e Santiago, no leste.  XXXXXXXXXXX, que acaba de voltar de uma viagem à sua XXXXXXXXXXX natal, disse que a cidade está virtualmente limpa, sem lixo, ao contrário de Havana, e que os moradores de XXXXXXXXXXX se orgulham muito de sua cidade. Acrescentou que temem criticar Fidel Castro pelos fracassos do governo cubano e preferem criticar os líderes locais, inclusive o Primeiro Secretário do comitê do Partido Comunista de Santiago.  XXXXXXXXXXX então criticou Castro como “monotemático”; disse que é incapaz de considerar mais do que um tema de cada vez. Acrescentou que, das 20h até às 3 da manhã, todos os dias, Castro revisa os últimos relatórios das operações da Segurança Nacional, num esforço para “continuar o controle, a chantagem." Quanto à noticiada indicação de Gustavo Machin, chefe do gabinete norte-americano, pelo Ministério das Relações Exteriores de Cuba, ao posto de embaixador no Paquistão, esse gabinete disse que a indicação soou como rebaixamento.  XXXXXXXXXXX concordou que, na pior das hipóteses, é rebaixamento, mas, na melhor, é oportunidade para que Machin possa dedicar-se a examinar os esforços da inteligência dos EUA no Paquistão. 

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COMENTÁRIO
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5. (S) Não ficou claro o que teria levado XXXXXXXXXXX [HAVANA 00009102  002.2 OF 002] a criticar a política de acesso à internet desse escritório, historicamente seu mais forte e mais importante aliado. Talvez estivessem agindo por princípio, ou tentando obter vantagens com outros dissidentes, ou tentando mostrar a força de suas credenciais – ou as três causas. Seja como for, não nos parece palatável que, quando tão poucos cubanos têm acesso à internet e há até um ativista em greve de fome para obter esse acesso, dissidentes-chave decidam acusar esse escritório de pouco fazer para assegurar que os nossos centros funcionem de modo satisfatório para todos os usuários aprovados. Deve-se anotar também que a credibilidade de ambos, Sanchez e Roca, é tema já discutido há algum tempo. Sanchez, num certo momento, esteve inegavelmente ligado à Segurança do Estado; e acusações semelhantes há muito tempo acompanham Roca.  O passado de Roca como íntimo do governo cubano dá credibilidade à arguta observação sobre a possibilidade de que Machin esteja sendo mandado para o Paquistão para desenvolver redes de espionagem. 

Quanto ao comentário de Roca, de que Fidel seria “monotemático”, reconhecemos que, sim, pode ser tomado por algum tema único obsessivo. Contudo (reftel), soube lidar com várias questões esse ano, entre as quais a revolução da energia, movimentos anticorrupção e a resposta de propaganda do governo cubano ao “terrorismo” dos EUA. [assina] PARMLY

Um comentário:

  1. Ótimo vazamento, um tanto surrealista como estilo, mas a vida dos gringos na Havana me parece pra lá de surreal. Perguntinha que faço: por que os nomes próprios, salvo o do Roca, vêm barrados com xises? São os responsáveis pelos WikiLeaks que assim decidiram para preservá-los? Se for o caso, eles são fonte preciosa para os serviços cubanos de contra-informação, se é que estes alguma dificuldade teriam para identificá-los.

    Abraços do
    ArnaC

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