quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O CUSTO BRASIL E A PIRATARIA

* José Flávio Abelha

Ninguém ainda esclareceu a quem interessa esse negócio de abaixar juros, impostos, combater a pirataria e diminuir o chamado CUSTO BRASIL, assuntos que os sabichosos da Vênus Platinada repetem nas suas intervenções diárias (e noturnas) torrando a paciência dos ouvintes que buscam notícias ou comentários sem parti pris para saber como andam as coisas no Brasil e no mundo. (Atrás de morro tem morro). 
Dizem, na base do chute, que o país perde bilhões de reais com esses itens. Vejo os números saindo como saem quando há uma catástrofe e o prefeito, ainda sem ver os estragos vai logo pedindo não sei quantos milhões, que o prejuízo foi de tanto, e aquele malandro que vivia pedindo favores porque não tinha onde cair morto, entrevistado na TV diz que perdeu tudo.

Comentei em outro texto sobre a pirataria, especialmente no que se refere aos DVD's e CD's, combatida com aquela bravata ridícula, para não dizer uma quixotada do antigo porta-voz daquele ditador que trocava Davidoff pelo cheiro de cavalo.

Ainda agora vou ampliar o meu argumento de que a ganância desembestada é a mãe e o pai da pirataria e do contrabando e tem canalículos que interagem com juros, impostos, taxas e o Custo Brasil.

O combate aos juros e impostos altos fica aqui morto e sepultado. Simples. O Brasil nunca teve o seu desenvolvimento tão acelerado como nestes últimos oito anos. Os Bancos nunca lucraram tanto. O povo, principalmente a classe média baixa, a turma do andar térreo, nunca comprou tanto nem conseguiu tanto emprego com carteira assinada, viajou tanto e subiu pelo elevador para morar no andar de cima.

Derrubaram a CPMF, não que ela estivesse emperrando o desenvolvimento brasileiro, prejudicando o povão, os Bancos. Nada disso! Então, qual a razão para sua extinção? Duas razões. (1) Puxar o tapete do Presidente Lula para que o Ministério da Saúde recebesse menos dinheiro e (2) e principalmente fugir do controle do Banco Central, esse sim, um senhor argumento em benefício dos que movimentam bilhões sem uma rígida monitoração. A CPMF era o dedo duro que denunciava as maracutaias.

Aquela bobagem de impostômetro é pra valer ou atende aos interesses de uma classe privilegiada que não deseja pagar impostos?

Os norte-americanos vidrados, viciados em qualquer estatística, sabem muito bem que um ovo (UM OVO) frito contém cerca de mil impostos e taxas. Ouvi isso em aula na American University, quando lá estive como bolsista.

E nunca é demais lembrar que nos Estados Unidos, cada unidade da Federação possui as suas próprias leis, impostos, taxas e o que mais for criado. Quando lá estive, um maço de cigarros custava vinte e cinco centavos de dólar na Virgínia, cinqüenta em Maiâmi e setenta em Nova Iorque, sob o princípio de que, Estado rico, mais impostos. Estado pobre, menos impostos. É a tal da bagunça organizada que eles adoram, tal qual as eleições, que não cabe aqui discutir agora.

Tive de ir aos EUA em 1972 para descobrir que as famosas calças Lee, as rancheiras, que nós comprávamos aqui no câmbio negro, no contrabando, eram confeccionadas da seguinte maneira: o tecido era brasileiro, da Alpargatas, o corte era feito em máquinas semi-automáticas, um trabalho meio artesanal para a época, nas fábricas norte-americanas, a costura era feita em Honduras e voltavam aos Estados Unidos para a verificação dos pequenos defeitos e as que passassem no exame recebiam a etiqueta Lee. Aquelas com pequenos defeitos recebiam outra etiqueta, outra marca. Bem assim os agasalhos da ADIDAS que também com pequenos defeitos recebiam a etiqueta ARENA.(Meninos, eu vi! -disse o velho Tapuia).

Nessa mesma época em Belo Horizonte, na periferia do centro, descobri uma pequena rede de lojas de artigos masculinos que vendia para o povão uma calça igual à Lee, com o mesmo tecido e fabricada na cidade de Ubá com o nome de Wembley, uma grife bem mineira e que ninguém conhecia. A rede vendia roupa masculina, da melhor qualidade, por um preço “escandalosamente” baixo visto que seu proprietário queria ganhar na Q+Q, quantidade com qualidade. Ao contrário das lojas dos shopping's que vendiam griffes e não artigos, pois o material empregado era o mesmo. Só a etiqueta era diferente.

Fui informado de que eu conhecia o industrial inteligente que pensava naquele nicho do B+B, bom e barato. Era o Zé 34, um antigo dono de uma lojeca ou armarinho de uma portinha, em Caratinga, minha terra. Ele ganhara esse apelido pelo seu número no Tiro de Guerra da cidade. Fui colega de ginásio do seu cunhado, pois ele casou-se com uma das moças mais bonitas da cidade, a Mariza Campos. O mundo deu os seus giros e hoje todo o mundo conhece o Zé 34 pelo seu nome de batismo, José Alencar, ele mesmo, nosso Vice-Presidente da República.

O Zé 34, naqueles tempos de juventude já intuía que vender um produto bom e barato sem querer virar um biliardário da noite para o dia era o certo. Ele aposto e ganhou.

Do que eu deduzo ser um chororô ou trololó de economista que não tem mais o que fazer, senão, criticar juros altos, custo Brasil e, como diria o saudoso professor Alberto Deodato, outros bichos domésticos. (Políticos E Outros Bichos Domésticos).

Isso tudo explica, numa cachamorrada só, e os deita por terra, esses argumentos que os nossos cientistas não-sei-de-quê, políticos derrotados e, agora, até embaixadores de pijama vivem palpitando sobre qualquer assunto que coloque o Presidente Lula ou a sua sucessora, a Presidenta Dilma, em situação pouco confortável na fotografia.


Gostaria de perguntar à meia dúzia de três-ou-quatro leitores dos meus textos e considerando que aquele antigo porta-recados do ditador de plantão que trocava um Davidoff pelo nauseabundo fartum do seu pangaré, andou com a patriotice de gritar contra o camelô que vendia produtos pirateados em um restaurante, se chegar de helicóptero para comprar produtos vendidos na DASLÚ ou pelo Grupo Tânia Bulhões também seria colaborar com crime, pois tudo era contrabandeado, as empresas NÃO PAGAVAM IMPOSTOS e eram quadrilhas muito bem organizadas, segundo a Polícia Federal, os fiscais da Receita e uma fajuta e oportuna “delação premiada”.

A moral da leréia seria:

COMPRAR PRODUTOS DE CAMELÔ É CRIME.
DA DASLÚ ou da TÂNIA BULHÕES é MATÉRIA DE COLUNA SOCIAL.
NINGUÉM VAI P’RA CADEIA;
NEM QUEM COMPROU NEM QUEM VENDEU.

Como e onde se falar em impostos e taxas altas, Custo Brasil, pirataria e contrabando se está no topo da pirâmide social o “segredo” da maracutaia?

*Mineiro, autor de A MINEIRICE e outros livretes, reside na Restinga de Piratininga/Niterói, onde é Inspector of Ecology da empresa Soares Marinho Ltd. Quando o serviço permite o autor fica na janela vendo a banda passar.

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