sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Getúlio, JK e Lula

Em oito anos, o operário superou os dois grandes mitos nacionais

 

Monte Rushmore
Se houvesse um monte Rushmore no Brasil, o rosto de Luiz Inácio Lula da Silva estaria agora sendo esculpido na rocha. Na pedra verdadeira, foram gravadas as imagens dos quatro maiores líderes da história americana: George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln.

No Brasil, só dois ex-presidentes – Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek – ocupam papéis míticos no imaginário nacional. Agora, há mais um. E ele, Luiz Inácio, conseguiu entrar no seleto clube unindo o que seus antecessores tinham de melhor: a visão social e o espírito desenvolvimentista.

Getúlio e Juscelino
Getúlio, nosso primeiro “pai dos pobres”, até hoje é amado porque incluiu na agenda política um agente antes excluído: o trabalhador. JK, por sua vez, foi o presidente que fez o brasileiro perder seu complexo de vira-lata e acreditar na própria capacidade de realização.

Lula tem traços de ambos. Foi o presidente da inclusão social e também aquele que despertou o “espírito animal” dos empresários, que voltaram a acreditar no futuro e a investir.

O resultado: um ciclo de oito anos que se encerra com crescimento do PIB de quase 8%.

A vida útil de um mito é determinada pela história. Mas o presidente operário tem tudo para durar mais tempo no coração dos brasileiros do que Getúlio e JK. Sobre o primeiro, haverá sempre a mancha da ditadura implantada no Estado Novo.

Sobre o segundo, o peso do desajuste fiscal e da inflação semeada pela construção desenfreada de Brasília.

Lula feliz
Lula conquistou os seus 80% de popularidade em plena democracia – e teve a sabedoria de rejeitar um terceiro mandato, que poderia colocá-los em risco. Para completar, controlou a inflação e reduziu a dívida pública.

Erros, tropeços, bravatas, escândalos... Nada disso terá muito peso no balanço final. A lembrança será sempre a do “Lulinha paz e amor”.

E ele, que a partir de agora passará a dar nome a avenidas, escolas e creches em várias metrópoles brasileiras, só terá uma “desvantagem” em relação aos dois outros mitos: a ausência de uma morte trágica.

Jornal Última Hora 
O suicídio de Getúlio, em agosto de 1954, e o acidente automobilístico de JK, em 1976, até hoje questionado, ajudaram a elevar os dois ex-presidentes à categoria dos mártires.

Lula, um homem feliz e sem inimigos, tem tudo para levar uma existência pacata até o fim dos seus dias. Tempo, ele terá de sobra depois de 31 de dezembro, como acontece com todo ex-presidente.

A diferença, no caso de Lula, é que seu verdadeiro espaço cronológico será o da eternidade.

Enviado por Jotamorim
Extraído da Istoé IndependenteLeonardo Attuch

2 comentários:

  1. belo texto. pelo conteudo e pela simplicidade do raciocínio.
    vou enviar para os amigos, preferencialmente para os de direita.
    abraço.
    emerson57

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  2. Excelente texto do Leonardo, amigo Castor, bem diferente de tantos editoriais que tenho visto por aí.

    Amigo, independente de convicções ideológicos desejo a você, sua família e leitores do blog um feliz natal. Abração.

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