segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A forte presença árabe em Santos

Eles estão no comércio, na política, na medicina, no direito e na publicidade. Os imigrantes que transformaram o município no seu novo lar são tema da última reportagem da ANBA sobre a cidade.

Geovana Pagel em 24/12/2010 - 09:00

São Paulo – O Porto de Santos recebeu milhares de imigrantes árabes, que começaram a chegar ao Brasil a partir de 1858. Muitos se estabeleceram na própria cidade e prosperaram. Em sua grande maioria sírios e libaneses, eles se dedicaram, sobretudo, ao comércio, seguindo a antiga tradição de mercadores.
Reprodução
Docas: embarques de café e chegada de imigrantes


Se no início eles trabalhavam como mascates, vendendo mercadorias de porta em porta, hoje os descentes desses imigrantes são proprietários de inúmeros estabelecimentos comerciais espalhados pela cidade, principalmente dos setores de armarinhos, calçados e couros, camisaria, tapeçaria e tecidos.

“Os filhos desses comerciantes, em sua maioria, já optaram por outras profissões, freqüentaram as universidades e hoje trabalham em outros ramos. Muitos estudaram medicina, administração, direito, publicidade”, conta Omar Abdul Assaf, vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista.

No caso da família de Assaf, o pai, Mohamed, migrou para o Brasil em 1951, casou com uma brasileira e teve sete filhos. O negócio começou com uma mercearia que depois virou supermercado. Hoje a família é dona também de lojas de móveis e do restaurante árabe Al Kabir, que serve receitas originais libanesas. Já os dois filhos de Assaf, que cursaram Administração e Publicidade, trabalham em São Paulo. 

Assaf conta que fez questão de preservar a culinária e o idioma árabes com a avó paterna e já viajou com a família para o Líbano, Síria e Egito. “É muito importante conhecer as raízes e preservar valores para as futuras gerações”, destaca.

Secretário Bechara é neto de imigrante sírio
O secretário de Planejamento de Santos, o arquiteto Bechara Abdalla Pestana Neves, também sabe muitas histórias do avô sírio, que chegou ao Brasil em 1903. “Ele chegou aqui com 17 anos, começou a trabalhar como mascate, depois de alguns anos se estabeleceu, conheceu minha avó, que era Armênia, casaram e tiveram oito filhos”, diz.

A família Abdalla cresceu e se espalhou pelo Brasil, mas a cada três anos eles se encontram na festa "Bechara Abdallada", que já aconteceu duas vezes no Clube Sírio, em Santos, e na edição mais recente reuniu 100 pessoas. Para provar que os descendentes de árabes hoje atuam nos mais diversos setores da sociedade, o secretário cita a irmã que é médica e, entre os primos, um juiz, um promotor de justiça, um engenheiro e um jogador de futebol.

Mais patrícios

De acordo com Assaf, ainda hoje é possível encontrar mascates árabes pelas ruas de Santos vendendo mercadorias de cama, mesa e banho. “O jovem imigrante que chega aqui normalmente recebe a ajuda de um amigo ou conhecido para juntar dinheiro e abrir o próprio negócio e acaba repetindo o ciclo de mascatear primeiro”, explica.

Segundo ele, desde o começo foi assim. “Aqueles que eram bem sucedidos escreviam contando sua história, e assim incentivavam a vinda de parentes e amigos”, diz. A comunidade foi crescendo e sugiram as primeiras associações, como a Sociedade Beneficente Síria, hoje desativada, e a Sociedade União Antioquina. Mais tarde, o Clube Sírio-Libanês, fundado em 1952, se transformou em um dos clubes santistas mais procurados e com sócios de diversas nacionalidades.

Igreja Ortodoxa São Jorge
Atualmente duas datas nacionais são comemoradas no clube: o dia da República Síria e o dia da República do Líbano. Em setembro, é realizada a Noite Árabe, em comemoração ao aniversário do clube. Na festa, as comidas típicas, regadas com muito arak, música árabe e dança do ventre.

Em 1960 foi fundada a Igreja Ortodoxa São Jorge e, em fevereiro de 1983, foi inaugurada a mesquita da Sociedade Beneficente Islâmica do Litoral Paulista, que reúne a comunidade muçulmana, formada a partir do término da Segunda Guerra Mundial.

Quibe e esfiha

As mais tradicionais comidas árabes são consumidas em Santos em restaurantes e lanchonetes típicas e em restaurantes e lanchonetes não típicas.

Assim como em outras cidades brasileiras, em Santos é fácil encontrar pão sírio, homus, kafta no espeto, tabule, kebabs, arroz com nozes e frango e charutinhos de folha de uva. Os doces são variadíssimos e também facilmente encontrados.

Extraído a ANBA - Agência de Notícias Brasil - Árabe

Leia as reportagens anteriores:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.