sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Editorial da redecastorphoto e da Vila Vudu (31/12/2010)


Este Editorial foi elaborado em contraposição à frase constante de e-mail a nós enviado pelo blogueiro petista Sérgio Telles que diz:

Desde sempre, está sendo destacado que o movimento dos blogueiros é pluripartidário e abrange todas as correntes que defendem a democratização da comunicação, sejam eles pró ou contra o governo. E que o grupo que está indo lá organizou-se em paralelo às estruturas dos movimentos estaduais e do nacional de blogueiros (Barão de Itararé).

Bom. Esperamos que o pessoal que vai (ou está) a Brasília para a posse da Presidenta Dilma não se ponha a declarar-se “representante” de coisa alguma.

As representações fracassaram, todas, no mundo. Esse pessoal não “representa” nada, a não ser eles mesmos, mas pode manifestar muito. Isso é que interessa ao avanço da democracia no Brasil: cada vez mais manifestação e cada vez menos representação.

Apresentar-se como “pluripartidário [que] abrange todas as correntes que defendem a democratização da comunicação” quase parece bom.

Mas “sejam eles (os blogueiros) pró ou contra o governo” é péssimo. A Vila Vudu e a redecastorphoto jamais entrariam em festa de gente que seja contra o nosso voto democrático. Pra falar por esses caras “contra”, já chega o Estadão, a Rede Globo, a revista Veja, uai.

O que falta, no Brasil, é jornalismo que fale PELOS POBRES.

“Yo soy não blogueiro não jornalista e lulista-dilmista não petista, super militante na Internet. Não estou representado nesses blogueiros, nem estou representado nos outros blogueiros. E se eu não me manifestar, ninguém me manifestará por mim” -- como se comentou na Vila Vudu.

Paco lembrou um poeta cubano que escreveu:

“... yo no soy poeta (...). Yo destrozo mis versos, los desprecio, los regalo, los olvido: me interesan tanto como a la mayor parte de nuestros escritores interesa la justicia social”

em resposta a outro poeta, que tentava elogiá-lo, aparentemente, pra poder escrever, em todas as orações adversativas que aplicava a tudo: mas “aquilo não é poesia”. 

A Vila Vudu e a redecastorphoto não são jornalistas, não fazem trabalho jornalístico: nós destroçamos nossos versos, os desprezamos, os distribuímos de graça; escrevemos e nos esquecemos deles. O blog redecastorphoto é apenas um "pró-memória" para uso geral.

Que o grupo que se apresenta para a posse da Presidenta Dilma se tenha organizado “em paralelo às estruturas dos movimentos estaduais e do nacional de blogueiros (Barão de Itararé)” é péssimo. Soa como demagogia “jornalística”. Afinal, “paralela” àquelas estruturas, até as danuzas são.

“Ser paralelo” não assegura nenhuma legitimidade democrática a coisa alguma: a União Ruralista é “paralela” ao nosso voto lulista. Grande merda. “A única coisa que sugeriria que haja alguma coisa que NOS interesse nesse movimento de blogueiros seria, precisamente, alguma CONVERGÊNCIA”. (Entreouvido em papo informal na Vila Vudu sobre o assunto.)

Temos que desaprender tudo onde haja “paralelismo” proclamado e haja convergência-zero proclamada. É isso.

Vamos esperar a cobertura. Aí então se verá se os paralelos não-convergentes que aí se apresentam são capazes de acrescentar alguma coisa, ou se só haverá, mesmo, o jornalismo metido a ético e metido a equilibrado e sempre tendencioso, que já fracassou completamente no Brasil e que absolutamente NÃO NOS INTERESSA.

A Vila Vudu e a redecastorphoto são da geração pós-WikiLeaks: a gente aqui já sabe que o jornalismo-que-há não interessa à radicalização da democracia. Se for paralelo (não convergente) em relação ao nosso voto democrático lulista-dilmista, então, aí é que não nos interessa mesmo. Vamos aguardar.

De fato, falta verificar se os “paralelos” aí têm alguma novidade a apresentar, ou se são paralelos só porque não se interessaram por convergir para ampliar [e complexificar as discussões]. Há proliferações que são só repetição: o negócio parece que é novo, mas vai-se ver, é mais do mesmo, sob outra denominação. Entre um passo e outro, as questões importantes foram soterradas antes de serem discutidas. (E só a luta ensina).

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