segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Bisa Williams em Cuba: entre o Correio e a subversão

Bisa Willliams junto a Jonathan Farrar,
Chefe do Escritório de Interesses dos EUA
 em Cuba.
 Foto tirada do blog  "Along the Malecón"

26/12/2010, Omar Pérez Samonón,
traduzido e enviado pelo pessoal da Vila Vudu

Um telegrama de 25/9/2009, emitido pelo escritório dos EUA em Havana (em inglês) e no endereço do Blog, acima, em espanhol e que foi publicado pela organização WikiLeaks, dá conta da visita do funcionário de mais alto nível no governo dos EUA que jamais esteve em Cuba, em décadas. Foi a Subsecretária de Estado para América Latina, Bisa Williams, que aparentemente vinha a Havana para participar das conversações com o governo cubano, dia 17/9, em torno da possibilidade de se reiniciarem os serviços postais diretos entre os dois países, suspenso desde a década de 1960. Nos primeiros anos dessa década, eliminaram-se as transferências postais de dinheiro entre os dois países, resultado das medidas de bloqueio econômico, financeiro e comercial contra a ilha.

Em 1968, uma bomba escondida num pacote despachado por correio explodiu na Administração Central dos Correios na capital de Cuba, com saldo de cinco pessoas feridas.

Resultado dessa explosão, suspendeu-se a troca de pacotes entre os dois países, por decisão do governo cubano. Desde então o assunto “Correios” nunca mais avançou um passo entre Cuba e EUA. O contato postal é feito através de um terceiro país, motivo pelo qual uma carta postada na ilha pode demorar até um mês para chegar aos EUA, ou vice-versa. As empresas norte-americanas de transporte de mensagens e pequenos volumes, UPS e Federal Express não têm contratos de serviço com Correos de Cuba. Até hoje, o governo dos EUA não ofereceu qualquer garantia a Cuba de que atos terroristas como os acontecidos em 1968 não se repitam.

Apesar disso, a senhora Williams dedicou vários dias a várias outras atividades que nada tiveram a ver com o restabelecimento do Correio entre EUA e Cuba e que sempre tiveram a ver com ações de caráter subversivo contra o governo cubano, pouco adequadas a uma funcionária de alto escalão. Algumas dessas ações foram divulgadas pela imprensa; outras estão sendo divulgadas agora, pelos telegramas publicados por WikiLeaks. Segundo notícia divulgada pela Associated Press dia 30/9/2009, a senhora Williams reuniu-se com vários “dissidentes” e interessou-se vivamente por saber sobre o apoio popular à oposição em Cuba e sobre as atividades dos opositores.

O que se lê em outro telegrama confirma os vínculos entre a chamada “dissidência interna” e o governo dos EUA. Mas o mais interessante veio agora, do texto do telegrama – e que nenhuma imprensa jamais noticiou. Trata-se de um encontro secreto entre La Williams e a blogueira Yoani Sanchez, no apartamento da blogueira em Havana. No desespero para encontrar “a oposição” em Cuba, a poderosa Washington recorre a blogueiros contrarrevolucionários, para tentar organizar redes de subversão em Cuba.

Mas até La Williams foi informada de que a chamada “oposição” em Cuba sempre foi pura fantasia. Exatamente isso foi o que lhe disse o então chefe do escritório dos EUA em Havana, Jonathan D. Farrar, como se lê em telegrama datado de 15/4/2009 (em inglês):

“…em nossa opinião, os dissidentes são muito poucos, se é que há algum, com visão política aplicável a algum futuro governo. Embora não o admitam, os dissidentes são praticamente desconhecidos em Cuba, fora dos círculos dos diplomatas estrangeiros e da imprensa”.

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