quinta-feira, 7 de outubro de 2010

GUERRA SANTA?

O USO DE FIÉIS PARA ALCANÇAR O PODER

Laerte Braga
  
A posição de determinados setores da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) prestando-se a uso eleitoral pelos setores da extrema-direita brasileira (José Arruda Serra) é lamentável, ainda mais numa igreja falida moralmente pela corrupção e pelos crimes de pedofilia acobertados pelo Vaticano.

A cúpula da Igreja Católica Romana pratica hoje o mais deslavado fascismo, desde João Paulo II. Um cardeal, Marcinkus, chegou a ter que ficar escondido no Vaticano, pois tinha ordem de prisão preventiva por fraude financeira (crimes do colarinho branco) pela justiça italiana. Há cerca de duas semanas o principal diretor do Banco do Vaticano foi implicado em um processo de lavagem de dinheiro. Era chamado de “banqueiro santo”, como se isso fosse ou seja possível.

Desde a ascensão da OPUS DEI ao comando do Vaticano a igreja inclinou-se para o fascismo.

O bispo (já falecido) Juvenal Roriz, irmão de Joaquim Roriz, só não vendeu a catedral metropolitana da arquidiocese de Juiz de Fora, MG, por conta da reação de religiosos e fiéis sérios e responsáveis.

Fatos como esse e outros são corriqueiros num papado em que o sumo pontífice é oriundo da juventude nazista.

Fé é um direito inalienável das pessoas. É direito individual. Tem que ser respeitado. Há que haver coerência entre o discurso e a prática. O uso de fiéis para fins eleitorais se não viola o caráter laico do Estado brasileiro, é uma prática abusiva e inconseqüente de líderes religiosos ligados a crimes os mais perversos, como pedofilia.

Qual diferença existe entre a posição de José Arruda Serra e Dilma Roussef em relação ao aborto?

Não existe nenhuma. Existe chantagem eleitoral de bispos comprometidos com o poder político das elites econômicas do País. Busca manter intocado um feudo escorado em idéias medievais, mas ávido, por isso mesmo, de poder.

Entre as razões do crescimento das seitas neopentecostais no Brasil, a principal delas é a falência da Igreja Católica Romana em sua opção preferencial pelos ricos, pelo poder.

Já não se fazem mais bispos como Casaldáliga, ou D. Hélder Câmara.

Nem sacerdotes como Joseph Comblin, ou Leonardo Boff (vítima da inquisição branca de João Paulo II).

Freis capazes de dar a vida pelo ideal, como o fez frei Tito à época da ditadura militar.

A psiquiatra Maria Rita Kehl escrevia artigos para o jornal ESTADO DE SÃO PAULO. Medieval, ligado a OPUS DEI e que acredita que a escravidão ainda vige no Brasil. Maria Rita escreveu um artigo tratando da “desqualificação” do voto dos pobres.

Foi demitida por defender opinião que não agradou aos donos do jornal. Pedem liberdade de expressão e censuram a liberdade de expressão que não seja a definida por eles em função de interesses de grupos.

A entrevista  de Maria Rita pode ser lida no Portal Terra em Maria Rita Kehl: "Fui demitida por um 'delito' de opinião"

Há uma diferença fundamental entre essa crítica sórdida feita à candidata Dilma Roussef e aquela feita ao candidato José Arruda Serra. As caixas de mails de milhões de brasileiros estão sendo invadidas por uma batelada de bobagens anônimas, escondidas atrás do mail “bob star” e outros. Não têm a coragem de assumir as mentiras. Chegam dissimulados através de pseudônimos.

O contrário vem acontecendo com os críticos de Arruda Serra e sua quadrilha. Assinam suas críticas, assinam suas denúncias.

Quem se dispuser a dar uma olhada no site Quem se omite, permite!

vai encontrar lá, com todos os documentos necessários, o pedido de anistia de José Arruda Serra. Em dez dias o candidato estava de posse de tudo o que requereu. Vai perceber o tráfico de influência de um político destituído de princípios e dignidade, mas tão somente ávido de poder para acabar o processo de venda do Brasil a grupos estrangeiros.

As denúncias e os fatos são claros. Não há necessidade de pedir ao bispo, pois são raros os bispos comprometidos hoje com o mínimo de dignidade e compostura.

Com respeito aos fiéis.

A Igreja Católica não pode pretender o monopólio da verdade. Fé é uma questão de foro íntimo e centenas de milhares de fiéis se assustam e migram para outras igrejas pela falência moral do Vaticano e seus tentáculos espalhados pelo mundo.

É eleição ou guerra santa?

O cidadão tem o direito de ter sua opinião, ou tem que ter a opinião do bispo e da mídia privada?

As mentiras de FOLHA DE SÃO PAULO. A prática brutal do ESTADO DE SÃO PAULO. O cinismo da REDE GLOBO, império construído durante a ditadura militar.

A revoltante postura de determinados bispos e cardeais abrigados no terrorismo da OPUS DEI, ou da TFP (Tradição, Família e Propriedade), uma organização montada por um doente mental.

É difícil discutir questões como aborto, como foi difícil discutir o divórcio diante da intransigência da cúpula católica.

Não existe ninguém de sã consciência contra a vida. Ou, talvez alguns líderes católicos voltados para lavagem de dinheiro e pedofilia.

Existem bispos corruptos e comprometidos com o que há de mais perverso na sociedade brasileira, ludibriando e enganando milhões de católicos em favor de interesses desprezíveis e que não têm nada a ver com os do Brasil.

São os eternos vendilhões do templo.

O risco de transformar a escolha do futuro presidente da República numa guerra santa mergulha o País no sombrio terreno do fundamentalismo religioso. Presta-se a um candidato sem qualquer escrúpulo, venal e corrupto como José Arruda Serra, cuja carreira política se faz exatamente na mentira e na podridão que caracterizam tucanos e DEM.

Da mesma forma a Constituição e o bom senso entendem que fé é um direito legítimo e questão de foro íntimo, a CNBB tem a obrigação de respeitar posições contrárias e postar-se com o mínimo de dignidade.

Do contrário vai acabar um amontoado de bispos e cardeais senis carregando os estandartes de tempos obscuros em prejuízo do Brasil e de brasileiros.

Como se já não bastasse Bento VXI e sua hipocrisia diante dos vários crimes cometidos pelo Vaticano.

Que tal se Marcelo Rossi e sua cínica "bondade" distribuísse sua coleção de carros antigos aos pobres do Brasil?

Está lá. "Vai, dá o que tens, volta e segue-me"