terça-feira, 5 de outubro de 2010

Como superar os obstáculos?

Alfredo Pereira dos Santos

Veja que coisa impressionante. A quantidade de gente que, no passado, votou em Collor e FHC e agora votou em Marina. É a DIREITA ENVERGONHADA. Eles sabem que o Lula foi melhor do que o FHC mas não aceitam votar na candidata do operário. Ou seja, é uma direita que não se arrepende e não se assume.

Uma professora espírita, o tipo de gente que o evangélico demoniza, votou na candidata evangélica, dizendo que a educação no Brasil está um descalabro. Outra pessoa a contesta dizendo que "ninguém aprende de barriga vazia. Tem que dar comida primeiro. Uma coisa de cada vez".

Uma advogada me diz que votou na Marina e que agora vai votar no Serra. Se fosse o Lula ela diz que votaria nele pela terceira vez, mas não acredita que a Dilma seja uma continuação do governo Lula.

Um doutor em comunicação, eleitor da Dilma, observa que ela ri pouco.

Um homem do povo declara voto em Serra, por achar a Dilma muito "cabeça erguida", ou seja, não passa, para ele, humildade.

Um servidor público, professor universitário, vota em Serra por achar que a Dilma não tem capacidade de ser presidente.

No sul da Bahia, estado que mais recebe recursos do Bolsa-Família, um comerciante diz que não iria votar na Dilma por ela ter dito que "nem Jesus Cristo tiraria a eleição dela". Eu lhe disse que estava perplexo por vê-lo acreditar numa bobagem daquelas e o desafiei a mostrar algum filme, vídeo, etc., que a mostrasse dizendo tal coisa. Ele não se mostrou muito convencido.

Na mesma região um motorista de taxi, evangélico, disse que iria votar na Marina porque foi a única que falou no nome de Deus no final do debate da Globo. Eu lhe disse que a Dilma vai ser presidente de todos os brasileiros, sejam eles católicos, ateus, espíritas, evangélicos, etc., de modo que essa questão é irrelevante. Quem é atendido em hospital público não pergunta a religião do médico que o atende. Universitários não rejeitam o professor por ele ser ou não adepto de uma dada religião.

O Brasil não é um estado teocrático. Essa coisa de ficar perguntando a candidato se acredita em Deus deve ter propósitos inconfessáveis.

A campanha anti-Dilma é articulada. De um lado acusam-na de defender casamento homossexual. E um pastor, em cartazes gigantes, defende a perpetuação da espécie dizendo que Deus fez homem e mulher. De outro dizem que Dilma é "sapatão".

As questões a serem debatidas não são essas mas a Dilma vai ter que evitar esses escolhos para chegar a bom porto.

Para um cego que vai combater com gente de boa visão o ideal é que o combate se trave numa caverna escura. É o que os adversários da Dilma vão tentar fazer com ela. Levá-la para uma caverna escura.

Como evitar isso?