sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Horda de Sarney implode outro lançamento do livro de Palmério Dória no Maranhão

O livro que Sarney não admite ser lançado no seu feudo

José Sarney, presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, ex-presidente da República, ex-governador, ex-deputado, autor de inúmeros livros, dono de jornal e outrora praticante do ofício chamado jornalismo, é membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Em seus discursos e artigos, Sarney costuma decantar o seu “apreço” à liberdade de expressão e à democracia. Mas imortal mesmo, ao que parece, é a truculência empregada por seu grupo político para manter o domínio sobre o Maranhão, que já dura 45 anos.

Há poucas horas — escrevo esse texto no início da madrugada de sexta-feira (13) — ocorreu mais um episódio que mostra ao Brasil e ao mundo que a violência é uma opção costumeira da famiglia Sarney.


Em Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão, situada a cerca de 700Km da capital São Luís, ocorreria na noite desta quinta (12) o lançamento com noite de autógrafos do livro “Honoráveis bandidos – um retrato do Brasil na era Sarney”.

O início do evento transcorria normalmente, no auditório da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), com o depoimento de Manoel da Conceição, histórico líder camponês e fundador do PT, ele próprio vítima da violência do aparelho repressivo de Sarney, quando este era governador — em atentado feito na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pindaré-Mirim, em 1968, Manoel escapou com vida, mas perdeu uma perna devido aos ferimentos.

Enquanto Manoel falava, um grupo de baderneiros entrou no auditório gritando palavras de ordem contra o autor do livro e os demais integrantes da mesa do evento. Atirando ovos, tortas e outros objetos na direção do mesmo, os manifestantes entraram em conflito com os presentes e a confusão generalizada se instalou.

A Polícia Militar interviu com tiros de borracha e bombas de efeito moral, entretanto, para defender o grupo que iniciara a confusão.

O autor reencontra a civilidade da famiglia Sarney

Palmério Dória, jornalista experiente, colunista da revista Caros Amigos e ex-repórter de alguns dos principais veículos do país, saiu do local sem sofrer ferimentos, assim como Manoel da Conceição.

Fontes locais apontam que o grupo de baderneiros foi reunido pelo vereador Assis Filho (PP), de Pio XII, município vizinho.

Mais informações estão no blog do jornalista Raimundo Garrone, do Jornal Pequeno.

Fato semelhante já havia ocorrido em novembro, na capital, no lançamento do mesmo livro no Sindicato dos Bancários do Maranhão. Daquela vez, a baderna foi registrada em vídeo. Assista abaixo.



http://www.youtube.com/watch?v=Ofn-ZBVx0Bk&feature=player_embedded

Ao noticiar o episódio, um dos assessores de imprensa de Roseana Sarney publicou o seguinte deboche:

“Não dá para saber ao certo quem tem razão na história. No entanto, não deixa de ser uma provocação o lançamento do livro em São Luís.”

( Link: http://colunas.imirante.com/decio/2009/11/04/confusao-em-lancamento-de-livro-contra-sarney )

Agora, a confusão da sarneyzada quase resultou em tragedia, mas o mesmo assessor não economizou óleo de peroba para escrever:

“O evento faz parte de uma campanha nacional do PSDB contra o presidente do Senado. O objetivo é atingir a candidatura da petista Dilma Roussef.”

(Link: http://www.blogdodecio.com.br/2010/08/12/palmerio-doria-e-recebido-com-torta-e-ovos-em-itz )

Manoel da Conceição, vítima de Sarney, mais uma vez

Roseana Sarney (PMDB) e seus asseclas estão desesperados com a queda nas pesquisas e a cada vez mais provável derrota nas eleições. A se confirmar, será a segunda consecutiva. Em 2006, Roseana perdeu no segundo turno, mas foi colocada no Palácio dos Leões graças a uma providencial colaboração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que cassou o governador eleito pelo povo Jackson Lago (PDT), mas nunca julgou o processo contra a própria Roseana, também por abuso de poder econômico e trazendo provas muito mais contudentes do que as que levaram à cassação do pedetista.

José Sarney, que já atacou o presidente venezuelano Hugo Chavez por considerá-lo inimigo da liberdade de imprensa e da democracia, é o maior responsável pelo segundo ato de barbaridade, em menos de um ano, contra aquilo que tanto afirma defender.

O que a oligarquia vai ganhar com isso? Mais rejeição ainda (atualmente, as pesquisas locais indicam rejeição de 40% a Roseana) e manchetes na mídia nacional.

A famiglia Sarney parece estar se esforçando muito para tornar a eleição do Maranhão uma disputa nacional. Não vai democrar a conseguir.

PS: Imperatriz, cidade-entroncamento da região tocantina, é historicamente conhecida pela violência do crime organizado, com forte atuação de quadrilhas de roubo de carga, grupos de extermínio e outros tipos de violência, inclusive contra movimentos sociais. Foi nessa região onde foi assassinado o Padre Josimo, por conta de seu protagonismo na denúncia da violência e da injustiça social no campo.

Extraído do Maria Frô - Blog da Conceição Ó (13 de agosto de 2010)