segunda-feira, 2 de agosto de 2010

As gaivotas assassinas

O blog amigo Kafe Kultura publica a noticia dum fato curioso. Curioso e preocupante.


Um super-petroleiro japonês foi atacado no Estreito de Ormuz no dia 28 de Julho, numa das zonas mais sensíveis da atualidade.


Eis a notícia de Kafe Kultura:


Um superpetroleiro japonês da companhia Mitsui foi no passado dia 28 de Julho de 2010 atingido por uma onda gigante ao atravessar o Estreito de Ormuz (próximo do Irã), provocando vários danos e ferimentos em alguns tripulantes.


Os primeiros relatos davam conta de uma possível explosão a bordo, tendo chegado a ser aventada a possibilidade de um ataque terrorista.

Mais uma vez, uma notícia deste quilate foi remetida para as páginas interiores dos jornais, sendo dada como notícia de rodapé, nos jornais da noite.


Afinal foi uma onda anômala? Uma notícia justamente ignorada pelos órgãos de informação?

Não é assim simples.


O Estreito de Ormuz tem uma elevada importância estratégica: neste pedaço de mar, 30 quilômetros de largura e 60 de comprimento, transita um quinto de todo o petróleo do mundo.


Não só: os Países que encontramos à volta do Estreito são o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.


O Estreito permite o acesso ao Golfo Pérsico, mar partilhado também pelo Iraque, o Qatar, o Kuwait e o Bahrain.


Além disso, é provável que nesta época o Estreito (e também o Golfo) seja uma zona super-trafegada: além dos petroleiros é certa a presença de navios de guerra, não só do Irã.


Por isso, o fato dum super-petroleiro ter sido vítima dum ataque não é de todo uma notícia secundária.


O navio atingido

Mas quais as explicações? Aqui começa a parte mais "divertida".


Os primeiros relatos falavam de um ataque "externo". O Ministério dos Transportes japonês:


Um tripulante viu uma luz no horizonte um pouco antes da explosão, por isso (o dono do navio Mitsui OSK) pensa que pode ter sido causado por um ataque externo.


O Irã? Al-Qaeda? Nada disso, afirma a Guarda Costeira, foi um terremoto:


O navio foi atingido por um terremoto [...] não temos nenhuma informação de ataques.

Um terremoto que atinge um navio?


Hipótese esquisita, talvez fosse melhor falar em onda anômala, consequência dum tremor de terra.


Há, todavia um problema: o último terremoto antes do acidente aconteceu no dia 24 de Julho, 4 dias antes do navio japonês ser atacado.


A onda anômala demorou 4 dias para atingir o navio? De fato o navio não estava parado e isso pode ter dificultado o trabalho da onda...mesmo assim parece uma hipótese um pouco fraca.



Interior do navio: sushi por todos os lados

Assim, nada de terroristas, nada de onda anômala: que tal uma mina? Ao longo da guerra Iraque-Irã foram milhares as minas largadas na zona.


Richard Skinner, o diretor executivo da Orchid Marítime, uma empresa de segurança privada especializada em segurança marítima, diz que não foi uma mina e nem um míssil e afirma:


Se fosse uma mina ou algo na água, os restos não são realmente consistentes com uma explosão de um dispositivo como esse.


Skinner aponta uma colisão como única hipótese que faça sentido.


Colisão? Nem pensar.


Ravi Gupta, um especialista em reparação de navios da Clarkson Technical Services, é peremptório:


Este definitivamente não foi um choque, pois não há marcas de raspagem. Mas o que é certo é que isso foi causado por uma força externa


Resumindo: não foi uma explosão interna, não foi uma onda anômala, não foi uma mina, não foi um míssil, não foi uma colisão.

As gaivotas não brincam

O que foi? Gaivotas.


Um bando de gaivotas (numerosas, cerca de 6 ou 7 milhões segundo os nosso cálculos) esvoaçava calmamente no Estreito de Ormuz quando, ao ouvir uma conversa entre os marinheiros dos navios, ficou assustado (o idioma japonês assusta as gaivotas) e mudou repentinamente de direção.


O bater das asas provocou uma onda anômala de ar que atingiu o navio.


Tão simples como isso.


Nota: bom, na verdade havia também outra possível explicação (gás intestinal libertado por 4 milhões de orcas), mas sendo muito menos elegante preferimos a primeira versão.


Ipse dixit.


Fonte: Kafe Kultura, Reuters, The National, Iris

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