terça-feira, 22 de junho de 2010

"Affair" Dunga x Globo

segunda-feira, 21 de junho de 2010 | 17:13

Vejam Dunga dando uma de João Saldanha em cima da TV Globo

Circula na internet o seguinte texto de Jim Ignácio Muller, que nos foi enviado por Delmiro Gouveia:

O Jornal O Globo em sua primeira página da edição de hoje, quarta-feira 16 de junho de 2010, desce a lenha na seleção e principalmente no seu treinador.

Qual a razão dessa súbita mudança de comportamento ? Vamos aos fatos :

Segunda-feira, véspera do jogo de estréia da seleção brasileira contra a Coréia do Norte, por volta de 11 horas da manhã, hora local na África do Sul.

Eis que de repente, aportam na entrada da concentração do Brasil, dona Fátima Bernardes, toda-poderosa Primeira Dama do jornalismo televisivo, acompanhada do repórter Tino Marcos e mais uma equipe completa de filmagem, iluminação etc.

Indagada pelo chefe de segurança do que se tratava, a dominadora esposa do chefão William Bonner sentenciou :

“ Estamos aqui para fazer uma REPORTAGEM EXCLUSIVA para a TV Globo, com o treinador e alguns jogadores…”

Comunicado do fato, o técnico Dunga, PESSOALMENTE dirigiu-se ao portão e após ouvir da sra. Fátima o mesmo blá-blá-blá, foi incisivo, curto e grosso, como convém a uma pessoa da sua formação.

“ Me desculpe, minha senhora, mas aqui não tem essa de “REPORTAGEM EXCLUSIVA” para a rede Globo. Ou a gente fala pra todas as emissoras de TV ou não fala pra nenhuma…”

Brilhante !!! Pela vez primeira em mais de 40 anos, um brasileiro peitava publicamente a Vênus Platinada !!!

“ Mas… prosseguiu dona Fátima – esse acordo foi feito ontem entre o Renato ( Maurício Prado, chefe de redação de Esportes de O Globo ) e o Presidente Ricardo Teixeira. Tenho autorização para realizar a matéria”.

“ Não tem autorização nem meia autorização, aqui nesse espaço eu é que resolvo o que é melhor para a minha equipe. E com licença que eu tenho mais o que fazer. E pode mandar dizer pro Ricardo ( Teixeira ) que se ele quer insistir com isso, eu entrego o cargo agora mesmo!”

O treinador então virou as costas para a supra sumo do pedantismo e saiu sem ao menos se despedir.

Dunga pode até perder a Copa , seu time pode até tomar uma goleada, mas sua atitude passa à história como um exemplo de coragem e independência.

Dunga, simplesmente, mijou na Vênus Platinada ! Uma estátua para ele !

Helio Fernandes

Texto da Tribuna da Imprensa

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segunda-feira, 21 de junho de 2010 | 17:00

Dunga II - O tsunami na Rede Globo

Circula na internet o seguinte texto de Jim Ignácio Muller, que nos foi enviado por Delmiro Gouveia:

Quem presenciou na noite de domingo o editorial do programa “Fantástico” da rede Globo, lido pelo repórter Tadeu Schmidt, há de ter compreendido todo o desespero que se apossou da “Vênus Platinada”, em relação ao técnico da seleção brasileira.

Chamando-o de “grosseiro, mal educado “ e outros mimos a mais, a poderosa estação do Jardim Botânico viu pela primeira vez em mais de 40 anos, um brasileiro desafiar seu domínio, e literalmente mijar na sua cabeça.

Recordando os fatos mais recentes, inconformado com a proibição das tais “entrevistas exclusivas” que só seriam concedidas à Globo, na sexta feira o Assessor de Imprensa da CBF levou ao técnico Dunga outro memorandum, dessa vez do próprio Presidente Ricardo Teixeira, solicitando que se ordenasse a abertura para que as tais “exclusivas” fossem concedidas.

Dunga então rasgou o memorandum na frente do Assessor de Imprensa e como a reclamação vinha diretamente por ordem da Todo-Poderosa sra. Fátima Bernardes, Prima Dona do jornalismo televisivo, Dunga foi mais uma vez taxativo :

- Diz pro Ricardo que se é o que ele deseja, que coloque essa senhora como treinadora da seleção, eu entrego meu cargo” !!!!

Lógico que o técnico permaneceu. Dona Fátima então, sentindo-se “desprestigiada”, alegou um problema de “cordas vocais” e teria tomado o primeiro avião retornando ao Brasil.

Na entrevista coletiva, após o jogo contra a Costa do Marfim, Dunga então resolveu “premiar “ os repórteres da rede Globo que lá se encontravam. Pela leitura labial ficou fácil identificar que ele chamou Marcos Uchoa de “chato” e Alex Escobar de “babaca” e “cagão”

E disse tudo. O sr. Marcos Uchoa com aquela cara de diarréia reprimida é realmente um chato de galochas, e o sr. Alex Escobar, metido a engraçadinho e a bobo da corte, é a própria imagem do babaca cagão.

Em razão disso tudo que foi descrito, o sr. William Bonner, absolutamente descontrolado, escreveu do próprio punho o editorial ridículo que foi lido no Fantástico.

Agora à tarde chega a notícia publicada no Portal do Lancenet que a FIFA punirá Dunga pelos fatos ocorridos. A rede Globo certamente está por detrás dessa punição covarde e canalha.

Dunga merece uma estátua em praça pública.

É o primeiro brasileiro vivo a desafiar publicamente a força e o poderio da rede Globo, numa competição de cunho internacional. Leonel Brizola já o fizera antes, mas em assuntos de política interna.

A seleção brasileira de 2010, muito mais que uma seleção, passa a ser o retrato fiel de seu treinador . Que o seu sucesso seja um insulto à podridão que reina nas hostes da emissora do Jardim Botânico.

Dunga mijou na rede Globo por todos nós.

Texto da Tribuna da Imprensa

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Dunga divide e racha com a Globo, que reage
21 de junho de 2010 15h41 atualizado às 16h11

Bob Fernandes
Direto de Johannesburgo

Soccer City, caminho entre o estádio e as tendas da FIFA que abrigam o Centro de Mídia. Galvão Bueno, Arnaldo Cezar Coelho e o diretor da Central Globo de Esportes, Luiz Fernando Lima conversam, não escondem a irritação e nem se preocupam com quem passa ao lado e ouve. O alvo é o técnico da seleção brasileira, Dunga. Minutos antes, na coletiva pós Brasil x Costa do Marfim o técnico, numa dividida bem a seu estilo, deu na canela do comentarista Alex Escobar, da Globo.

Luiz Fernando Lima lembra as conversas recentes da emissora com Dunga, já na África do Sul:
- Falamos com ele duas vezes e ele não consegue entender que não é "a Globo", ele está falando para todo o país...

Seguem as observações do grupo, sempre ferinas. Um deles chega a dizer: - ...e a única coisa que eu acho que ele aprendeu em quatro anos foi falar 'conosco' e não mais 'com nós' como sempre fez...

A cena do entrevero de Dunga para com Escobar pode ser vista aqui, no YouTube.

Poucas horas depois, no que pode ser o início de uma escalada, um dos apresentadores do programa, Tadeu Schmidt, da África para o "Fantástico" mandou uma reportagem sobre a rusga. Soou mais a um editorial da emissora.

Essa é, sem dúvida alguma, uma crise a rondar a seleção brasileira. Mas uma crise em tudo diferente das que envolvem a França e a Inglaterra, seleções que vivem crises internas, para dentro do elenco.

Anelka x o técnico Domenech, o capitão Evra contra o preparador físico, Zidane nos bastidores, sacodem a França. Até o presidente Sarkozy já palpitou. (De Carla Bruni ainda não ouvimos nada).

Na Inglaterra, o trivial básico: o ex-capitão Terry, que já derrubou Mourinho e Felipão no Chelsea, agora pôs a boca no trombone, e na mídia, contra o técnico italiano da seleção, Fabio Capello.

A crise que ronda o Brasil é uma crise para fora, que não envolve os jogadores. É uma crise de poder.

De um lado o poderoso sistema Globo, que carregou 300 profissionais para a África do Sul e quer um retorno para tanto. Em outras palavras, deseja o que querem os quase mil profissionais do Brasil que aqui estão: acesso. E quanto mais privilegiado, melhor.

Assim foi, assim é da índole e história da Globo, de emissora que no Brasil tenha a dimensão que ela tem.

O problema é que, na outra ponta, está Dunga, o Schwarzenegger. E como sabemos desde quando ele era o pitbull da seleção amarela, quando divide, o Dunga racha.

Está claro, cada dia mais claro, que secundado por quem ele confia e a quem tem como leais, casos de Jorginho e Taffarel, o técnico Dunga fechou um pacto com seus jogadores. De um lado ele, eles, do outro, o resto. Em especial a mídia e quem mais, dentro ou fora da seleção, não reze integralmente pela mesma cartilha.

Se há fissuras no chamado "grupo" não se sabe; não se sabe mesmo, não existem informações concretas que levem a dizer isso. Estas coisas, que sempre existem em agrupamentos humanos, costumam aparecer, vide França e Inglaterra, quando pintam os fracassos.

No Tempo Dunga na seleção não há fracassos; salvo na Olimpíada da China, quando máquinas se moveram para derrubá-lo. Como não há fracassos, parece evidente que Dunga escolheu um caminho: vencer ou vencer.

Por mais que pareça rudimentar a lógica "ou está comigo ou contra mim", o técnico da seleção já viveu e apanhou o suficiente para saber o que significa a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.

Dunga, que apanhou injustamente entre as Copas de 90 e 94, cuja família teve que suportar o marido, o pai, o filho a carregar por 4 anos a negativa marca da "Era Dunga", certamente sabe o que alimenta contra si de rancor, de ressentimento, a cada bordoada que distribui.

Ele, que já me admitiu em 2007 não terem cicatrizado ainda as feridas da "Era Dunga", obviamente sabe que está jogando a cartada mais arriscada de sua vida profissional. A de construir para si mesmo a alternativa "vencer ou vencer".

Quando se decide por enfrentar a Globo, Dunga sabe que está encurtando seu caminho à frente da seleção brasileira, perca ou ganhe. Dunga sabe quais são e como se movem os interesses para a Copa 2014, e sabe quem maneja boa parte dos cordéis.

Nos idos da Copa América e Olimpíada, eventos que acompanhei, Dunga distribuiu fartamente bordoadas contra o sistema Globo. Durante e depois. Basta consultar os noticiários, capturar o que disse aqui e ali o técnico. São fatos.

Fato é, também, que depois disso tudo um acordo foi costurado. Com a participação do diretor de Comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, encontraram-se o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e um dos Marinho da Globo.

Selou-se, então, um acordo de paz, de convivência por conta dos mútuos interesses. Não por acaso duas entrevistas exclusivas ao Jornal Nacional na Copa das Confederações, não por acaso Dunga na bancada do Jornal Nacional depois da convocação para a Copa de agora.

Isso é inegável. São os fatos. Não há como negá-los.

Mas, havia, há um Dunga no meio do caminho. Com a mesma determinação que jogou em 94, que então protegeu Romário de si mesmo e do assédio da mídia, Dunga agora se fecha com seu grupo.

A propósito, Romário, que não é bobo, sentiu o cheiro da crise e nesta terça-feira postou em seu twitter, @Romário11, as seguintes mensagens de apoio ao capitão do Tetra:
- Infelizmente sobrou pro Escobar (ele é gente boa e americano). Mas geral só gosta de bater, então apanhar um pouco faz bem!
- Parceiro "Dunga", não perca o foco, vamos em frente e faltam 5 jogos!

Ao se fechar tanto, Dunga comete erros. Erros como o de enxergar e tratar a todos, sem distinção, como se fossem adversários, inimigos mesmo, e isso não é uma verdade.

Em algum momento Dunga perceberá, ou algum amigo lhe dirá, que não seria preciso tanto e contra todos. Nesta terça-feira, com a experiência de quem já viveu e enfrentou essa tsunami, Felipão Scolari aconselhou. A todos:
- Pelo bem da Seleção não adianta um dar um soco e o outro revidar, depois um dar um chute e o outro dar um chute também, porque, se não, nunca vão se entender...

Dunga, o Schwarzenegger, decidiu-se por pagar o preço, por queimar as caravelas. A ele e seu grupo só uma coisa importa. Vencer. Ganhar a Copa do Mundo. Custe o que custar.

O velho parceiro Romário, herói do Tetra a quem Dunga tanto deve e vice-versa, também nesta tarde postou em seu twitter:
- A gente já sabe o que vai acontecer. Se o Brasil ganhar é obrigação, se perder não vou querer estar na pele do Dunga...

texto do Bob Fernandes



Publicada em:21/06/2010

A GLOBO É VINGATIVA

Ninguém morre de amores pelo Dunga. Folgado, provocador, birrento e geralmente mal educado, embora não se possa negar sua dedicação ao ofício de treinador da seleção nacional. Dunga está na berlinda nesta segunda-feira depois de sua explosão de maus modos com um repórter da Globo que falava ao telefone enquanto ele respondia perguntas de outros repórteres na coletiva de imprensa após o jogo com a Costa do Marfim.


Se Dunga é esse poço de grosseria, por outro lado é uma verdade indiscutível que boa parte dos jornalistas brasileiros se acham (é plural mesmo) acima do bem e do mal, se julgam superiores ao comum e mortal ser humano, sobretudo a garotada mais nova. Se acham donos da verdade, os sabichões. Falam o que querem de pessoas ou instituições que não dispõem de um espaço na mídia para se defender.


Esse breve perfil do jornalista brasileiro ganha novos contornos quando falamos daqueles que trabalham na Globo. Esses chegaram ao Olimpo e o crachá que usam muitas vezes abre portas proibidas aos jornalistas de outras emissoras. É comum que tenham prioridade em entrevistas e eventos. Os demais ou são preteridos ou têm que esperar até que o bambambã global termine seu trabalho.


Não só a Globo, como as demais emissoras fazem vista grossa quando seus profissionais conseguem superar a concorrência mesmo que façam uso de expedientes aéticos.


Todo mundo se lembra do que a Globo fez com Leonel Brizola. Durante seu primeiro mandato no Estado do Rio de Janeiro, de 1982 a 1986, não havia um só dia em que o velho Cid Moreira, com sua grave e empostada voz, não abrisse o noticiário da cidade com a célebre frase: "A violência no Rio". E aí vinham as estatisticas das ocorrências policiais da cidade naquele dia.


Isso era feito diariamente, um verdadeiro massacre, que resultou na derrota de Brizola na eleição presidencial de 89, por um lado. Por outro, no esvaziamento econômico do Rio com a fuga de empresas para São Paulo. A campanha do JN foi tão perfeita que até hoje muita gente desinformada de SP, ou até mesmo do Rio, prefere simplicar: "ah, quem acabou com o Rio foi o Brizola".


Não sabemos exatamente o que aconteceu entre Dunga e o repórter da Globo, é preciso investigar se já havia alguma animosidade entre os dois em razão de incidente anterior, é regra do bom jornalismo ouvir as duas partes. De qualquer maneira, Dunga se meteu numa encrenca daquelas. E a Globo é implacável com seus adversários.


Desde já o emprego dele está ameaçado. Se o Brasil ganhar a Copa, ele talvez se salve pelo gongo. Se perder, tá ferrado. Vai ter que procurar emprego. Mas em qualquer hipótese, será dificil sua permanência no cargo. A turma da CBF não tem peito para enfrentar o poderio econômico e político dos irmãos Marinho.



texto do Direto da Redação