domingo, 30 de maio de 2010

[Vila Vudu] "D. Eliane não sacô o novo mundo" (Campanha: Use os jornalões. Não deixe eles usarem você)

De: Vila Vudu

[Campanha: Use os jornais. Não deixe eles usarem você]

Assunto: "D. Eliane não sacô o novo mundo"

Data: 30/05/2010 08:44

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Inspirado em “Political Israel does not understand the new world”, Haaretz, Telavive, Yitzhak Laor, 30/5/2010, em:

Em pouco tempo, os colunistas dos jornalões brasileiros, udenistas golpistas, viciados em servidão-sabujismo, já estão afundados em triste recaída-no-vício. O que mais se ouve, no colunismo do jornalismo brasileiro, hoje, é que o Brasil ‘deveria’ sossegar o facho. Que o Brasil “deveria ser” potência, no máximo regional, subserviente e humilde, sob o comando de algum ‘gigante do norte’, por hilário que seja hoje o tal “gigante”.

Desde o final dos anos 1960s, a aliança (golberista) entre o Brasil e os EUA é tão desejada pelos colunistas dos jornalões brasileiros, quanto faltante. Com o governo subalterno dos tucanos uspeanos (e dos “Chicago Boys”, tesconjuro!), os colunistas do infeliz “jornalismo” brasileiro só aprenderam a rejeitar qualquer solução que visasse à autonomia política, econômica ou social do Brasil. Para isso, sempre contaram com o demônio “comunista”, por aqui dito “estatizante”, que usaram como estaca de prata de matar vampiro. E desmontaram, e destruíram, e fizeram em cacos e privatizaram e “globalizaram” o quanto puderam, sem jamais cuidar de mundializar, para começar, as próprias cabeças autistas e respectivas ‘sociologias’ uspeanas udenistas velhas.

Naquele momento casaram-se, por aqui, também, um tipo de “colunismo” no qual se aliam, anacrônica e antijornalisticamente, interesses de empresas de “marketing político” – essa aberração da publicidade, inventada nos EUA e trazida para o Brasil pelo governo do ex-FHC e atual nada, e aqui prosperou feito erva daninha de despolitização e desdemocratização em solo turbinado por “sociologias” uspeano-tucano-udenistas), de associações de empresários e bancos, de empresas de “pesquisas” e, até, interesses da Opus Dei! Assim, no Brasil, os colunistas de jornalão converteram-se, eles mesmos, em porrete antidemocrático e golpista, a cantar, dia e noite, no lombo dos eleitores brasileiros.

A cenoura correspondente a esse porrete autoritário e fascistizante seria alguma espécie de “democracia”, algumas vezes dita uma “ética” moralista tosca, de Senhoras-de-Santana, que os colunistas do “jornalismo” brasileiros ostentam como seus direitos naturais. “Ética” e “democracia” referidas como se fossem espécie de dom divino, só acessível aos próprios “colunista” e “jornalistas” de jornalão brasileiro.

Deu até que mais ou menos certo, para os jornalões, jornalistas e jornalismos que há décadas desgraçam a democracia brasileira, enquanto houve no mundo uma tal URSS, que encarnaria “o contrário” dos EUA. Havendo URSS no mundo, as donas elianescantanhedes, danuzas, doraskramers, e os sêos jabores, alexandresgarcias, williams waacks et allii tinham inimigo inventado, mas visível.

A televisão e os jornais cada dia com menos texto e mais carregados de fotos dramáticas operam essa falcatrua: dão cara ao que não existe. Os “aprendizes universitários do Dória” acreditam e repetem.

Nesse quadro, os colunistas de jornalão brasileiro sabiam o que dizer e escrever, sem perder totalmente o rumo e o prumo. Afinal, se a URSS era inimiga dos EUA... Seria também inimiga do Estadão, da Opus Dei, da UDN-USP e coisa e tal (“e também da Daslu!”). Consequentemente, o Brasil tinha rumo prescrito nas estrelas: era seguir Tio Sam, sem dar palpites que pudessem atrapalhar o que o patrão resolvesse. Seguir Tio Sam, e sem abrir o bico. Valeu pra tudo, da plantação de cana à física quântica, passando pela sociologia, cumunicações & marketing, jornalismo, tudo!

O problema é que, hoje, aquele mundo sumiu.

No Brasil, um presidente democraticamente eleito só conseguiu alcançar 80% de aprovação para seu (excelente) governo, quando a ampla maioria dos eleitores brasileiros percebeu que podia belamente saber o que pensar sobre o mundo – e pensar e fazer –, sem dar bola alguma aos jornalões, aos jornalismos e às opiniões dos colunistas-jornalistas que sempre ajudaram a desgraçar a democracia brasileira.

De pouco adiantou, contudo, no que tenha a ver com democratizar a cabeça dos jornalistas, jornalões e jornalismos brasileiros, que os eleitores, afinal, tenham-se livrado dos jornalões, jornalismos e jornalistas que sempre os encaminharam no rumo do não pensar, não desejar, sobretudo jamais votar pela própria cabeça.

Apesar de já não existir nem EUA-como-os-conhecemos-nos-anos-50, nem URSS e apesar das vendas despencantes em todos os jornalões brasileiros e do fracasso retumbante do último novelão “das oito”... os colunistas dos jornalões brasileiros rapidamente voltaram ao jornalismo e ao colunismo, pasmem, do auge da Guerra Fria!

O Brasil, no máximo, prescrevem os colunistas brasileiros, em pleno século 21, poder-se-ia manter “ancorado aos países desenvolvidos” – como o general Golbery escreveu em 1952! Sem levantar a cabeça, um tiquinho que fosse! Mudo e quedo.

Hoje, D. Eliane Cantanhêde escreve, na Folha de S.Paulo (tesconjuro!) que “Após classificar a ação diplomática brasileira no Irã de "ingênua", Hillary Clinton subiu o tom. Agora diz que o acordo nuclear só deu mais tempo aos iranianos, "torna o mundo mais perigoso" e transforma as divergências do Brasil com os EUA em "muito sérias"” (FSP, 30/5/2010, p. 2, em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz3005201003.htm).

Cá na Vila Vudu, a primeira reação, depois de lermos a coluna de D. Eliane Cantanhêde (e não a líamos há muitos meses!) foi: “Sim, mas... e daí? E eu com isso?! A Hilária que suba o que ela quiser. Qual é, diabos, a da Dona Eliane?! É preu ficar com medo da Hilária? Acoooooooorda, D. Eliane!”

A explicação veio logo, na nossa roda de conversa: D. Eliane não sabe que aquele mundo em que nada emergia e nada evanescia, acabou. Pior! Pra manter vivo aquele mundo que D. Eliane entendia, ela hoje cuida só de tentar afundar o que já emergiu, para ver se ela consegue só manter à tona, a golpes de frases-de-campanha-eleitoral-marketada, o velho mundo morto.

Hoje há emergências e há evanescências: os BRICs estão emergindo e os EUA estão evanescendo. O mundo vira Brasil e o Brasil vira mundo. Não há mais URSS à moda antiga (há Medvedev, mais esperto, atento e bem-informado que qualquer ex-FHC!). Já não há o “inimigo comunista”. E pur si muove, como diria Galileu! E os BRICs avançam nessa onda bem-vinda de democratização, carregados por tsunamis de votos democráticos.

Obama é menos do que o mundo desejou que fosse, mas é muito mais do que as d. elianes suspeitam que seja possível acontecer no mundo: Obama é diferente. Isso, as d. elianes não sabem ver. As d. elianes jamais esperaram que aparecessem, no mundo, coisas como Obama e Lula, por exemplo (e sem equipará-los: Lula é muito melhor que Obama. É político mais completo, mais amadurecido e manifesta energias sociais que Obama nem sonha que existam e estejam já plenamente manifestas, no mundo).

Tampouco, é claro, as d. elianes jamais esperaram que aparecessem no mundo os Medvedev e a China.

Obama só foi eleito depois que a falência dos EUA como superpotência tornou-se evidente para todos (menos para os jornalões brasileiros!). Sem entender (nem!) isso, D. Eliane (a original) escreve hoje como se o mundo tivesse ainda parado, bestificado, ante a Cortina de Ferro, a Muralha da China, o “Candelabro Italiano” (o filme!) e o jornalismo udenista dos anos 50 (e do golpe! E da ditadura!); e como se o mundo tivesse parado, bestificado, ante, também, da mãe-de-todas-as-tolices-“jornalísticas”, hectares delas, que o jornalismo universal produziu: a Guerra Fria.

A reação, hoje, de D. Eliane Cantanhêde ao acordo Irã-Turquia-Brasil reflete essa incapacidade de ver o mundo-que-há, tanto quanto reflete uma velha nostalgia udenista daqueles tempos marketados, fáceis e errados, da Guerra Fria. (Comentário da roda, na Vila Vudu: “É meio coisa de dondoca dasluzete “cansada”, essa nostalgia udenista, no colunismo de jornal, no Brasil-2010, né-não?” Pimba!)

É verdade que não há PIB, no mundo, maior que o dos EUA. Tampouco há país mais paranoicamente armado, além de assustado e acossado, empurrado para o corner político-econômico-social, e sendo destroçado, lá, internamente, pela briga Hilária-Obama, ambos de olho nas próximas eleições presidenciais.

O mundo dito “livre”, nos jornalões e nas colunas do “jornalismo” brasileiro, hoje, é mundo que sendo destruído por duas guerras que não pode vencer, armado até os dentes, pra ver se derrota, por exemplo, uma multidão de famintos em Gaza.

Famintos e pobres, sim. Mas resistentes. Como o Brasil de Lula, a Turquia de Erdogan, o Irã de Ahmadinejad, a Bolívia de Evo, a Venezuela de Chávez, e Cuba, grande Cuba!: somos os vitoriosos da Guerra Fria. Somos os muitos (e Lula, Erdogan, Ahmadinejad, Obama, Evo, Chávez, Castro, a Hilária, são, de fato, a parte menos importante dessa luta). Importantes, nessa luta somos os muitos, os que votam e se manifestam nas ruas, os resistentes sobreviventes daquele mundo bipolar fracassado. Infelizmente, somos também os, ainda, sem colunistas e sem jornalões e sem Rede Globo e sem voz democratizada e pública. (“Mas chegaremos lá! A luta continua! A Internet é nossa!” Grande Vila Vudu, sô!).

Verdade, mesmo, é que os EUA já são, também, a maior dívida interna do mundo. A crise econômica de 2008, só não acabou com aqueles hilários, por causa da China (“Também a China, à sua moda, super sobrevivente da Guerra Fria, né-não?!”).

Com a vantagem, pró-China, de que a China não “substituiu” a URSS e, assim, já não será possível reconstruir o mundo bipolar de antes, tão simples, tão arrumadinho, tão perfeitamente adequado para as subanálises dos mervaispereiras, dos williamswaacks, das d. elianes e d. danuzas e jôsoares e fernandoshenriques e miriansleitões e coisa-e-tal.

D. Eliane (a original) terá de estudar muito, antes de meter-se a dar pitacos na política externa do governo Lula, como se pitacos de marketagem udenista desejante equivalessem a análises interessantes de um mundo que D. Eliane é incapaz de ver e não sabe interpretar.

Por exemplo: o presidente Dmitry Medvedev já se reuniu com o Hamás – que é partido político palestino e que foi eleito, em eleições legítimas (“As mais limpas do mundo”, conforme diagnóstico de comissão internacional independente que acompanhou aquelas eleições, o que a blogosfera sabe, mas D. Eliane não sabe!).

Num dia, o presidente russo conversou com Shimon Peres, de Israel; dia seguinte estava em Damasco, reunido com Khaled Meshall, do Hamás.

Evidentemente, e ignorante, por sorte deles, dos pitacos de D. Eliane e Clóvis Rossi, a Rússia não aceitará sossegadamente quaisquer (cada dia mais impossíveis!) “sanções” (hilárias) contra o Irã.

D. Eliane não sabe ver nada disso. Então... ela “recomenda” ao mundo que o mundo não seja o que já é... tentando fazer caber, o novo mundo, no jornalismo velho e cansado da Folha de S.Paulo.

Em mundo assim complexo e em transformação, o colunismo da Folha de S.Paulo é feio e triste como um daqueles retratos de general de óculos escuros, golpista e canalha, pendurado à parede de alguma repartição.

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